Valéria Guerra Reiter avatar

Valéria Guerra Reiter

Escritora, historiadora, atriz, diretora teatral, professora e colunista

456 artigos

HOME > blog

Homens bons? Onde estão?

Das caravelas aos drones, a história mostra que o fuzilamento dos povos assume novas formas na exploração social e política

Representação de fuzilamento

O fuzilamento dos povos ocorre somente através das armas?

Inspirada em uma entrevista realizada com o presidente do PCO, na qualidade de historiadora e jornalista, busquei mais uma vez a historiografia, especialmente a advinda dos anais da História da Rússia.

Domingo Vermelho foi um episódio triste: o Domingo Sangrento foi um massacre da população russa, após ter realizado uma passeata em São Petersburgo, em janeiro de 1905.

A manifestação era pacífica e pedia melhorias para a vida dos trabalhadores e mais abertura política para o país. No entanto, a guarda do czar Nicolau II abriu fogo sobre os manifestantes.

A manifestação foi resultado de uma greve geral iniciada pela demissão de quatro trabalhadores operários.

Depois do Domingo Sangrento, o imperador passou a ser conhecido como Nicolau, o Sangrento.

A revolta causada pelo massacre motivou protestos que fizeram parte da Revolução de 1905.

No caso acima citado, houve um fuzilamento real. E seu salário de operário, de funcionário público, de professor do Estado do Rio de Janeiro, não seria uma forma de fuzilamento também?

O que fazer para combater tais injustiças sociais milenares?

A locomotiva da história, sem dúvida, são as revoluções. Sem movimentos de resistência ao establishment dominador, não poderíamos ter chegado até aqui.

Voltando à entrevista realizada pela Rádio Mais Brasil, quem assistiu (talvez) tenha percebido que foram feitas colocações um tanto quanto divergentes da realidade histórica demonstrada pelo senhor Rui Costa Pimenta. O dirigente do PCO permaneceu impávido diante da interlocução, que em alguns momentos afirmava que as revoluções são desnecessárias...

Podemos acessar também um momento relevante da nossa trajetória: a Revolução Constitucionalista de 1932. Neste contexto, uma camada da população se revoltou contra o regime instituído no Brasil, após a tomada do poder por Getúlio Vargas em 1930.

“A Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, ocorreu em um período de insatisfação com o governo provisório de Getúlio Vargas, que havia assumido o poder após a Revolução de 1930. Vargas anulou a Constituição de 1891, fechou o Congresso e nomeou interventores em diversos estados, o que gerou descontentamento, especialmente em São Paulo, que se sentia marginalizado".

Haverá mesmo um Deep State, um Estado profundo, paralelo, que atua sobre os outros polos de poder? Especialmente sobre os ombros de uma massa imensa de gente sofrida... e falida.

Estamos navegando por mares dantes navegados, mares de espoliação humana. O que mudou nesta cruzada mal-intencionada, que visa o lucro acima de tudo, são as ferramentas utilizadas. Antes, as caravelas rumo aos novos mundos funcionaram como símbolos mantenedores do status quo, da balança comercial do empreendedor e explorador europeu a partir do século XV.

Hoje, a bússola da I.A. se acopla às rotas da fortuna que os caminhos weberianos sugerem ao desbravador new age robótico, que usa drones para exterminar... em meio às guerras ditas religiosas...

“Uma pesquisa feita pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que o poder de compra da categoria caiu pela metade entre julho de 2014 e abril de 2025".

“O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu neste sábado (27) mudanças na estabilidade do funcionalismo público, argumentando que servidores que não entregarem resultados não devem manter o benefício". Será que isto irá avante, afinal advém de um partido que representa trabalhadores...

Onde estão os homens bons?

Estariam vivendo nas entrelinhas do poder?

Aparentemente, a nomenclatura se adequa bem ao perfil daqueles senhores ricos que representavam a população de forma política outrora.

Homem-bom é uma expressão que designava, a partir da Idade Média, em Portugal e no Brasil colonial, membros da comunidade das aldeias e das vilas que tinham certa relevância social, por possuírem propriedades e outros bens, escravos. Enfim, seriam homens respeitáveis que mantinham suas riquezas e exploravam os demais.

Ser um homem-bom significava participar das listas de eleitores que escolhiam os membros das câmaras municipais, podendo votar e ser votado.

Quem é o homem bom de hoje?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.