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Gustavo Castañon

Gustavo Castañon é professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora

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Hora de baixar a bola

"Em vez de buscar inviabilizar até mesmo uma eventual aliança no segundo turno, acredito estar na hora de aplacar a ira dos despolitizados e, respeitando os desdobramentos da candidatura de Lula, de cuidar de construir o máximo de unidade em palanques regionais que permitam inclusive ao PT romper o isolamento em que se encontra hoje", avalia o professor Gustavo Castañon

Pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, discursa em evento com sindicalistas em São Paulo 27/04/2018 REUTERS/Nacho Doce (Foto: Gustavo Castañon)
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É totalmente natural o debate de ideias e discordância de rumos dentro da esquerda. É mais do que legítima a determinação de parte do PT de seguir com Lula candidato até onde a justiça eleitoral permitir.

Isso não impede que haja um diálogo republicano e fraterno em busca do máximo de unidade do campo popular nos palanques estaduais que permitam que cheguemos tão fortes quanto possível no primeiro turno. Esse diálogo é fundamental em tempos de golpe de estado e democracia golpeada com a prisão do presidente Lula e derrubada ilegítima da presidente Dilma.

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Entretanto, a ansiedade de setores do PT com a falta de perspectiva legal da candidatura de Lula precipitou uma série de movimentos de governadores e figuras de proa do partido em defesa de uma aliança, natural há trinta anos, com o PDT de Ciro Gomes.

Isso gerou uma reação de parte da direção do PT e de sua blogosfera que legitimamente querem seguir com a candidatura de Lula.

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Mas essa reação deu a senha para uma outra reação, brutal e venal, de militantes do partido que vivem das sobras no submundo da política, nulidades polêmicas e de reputação duvidosa capazes de emprestar sua voz para trazer a calúnia como arma política contra aliados de anos. É uma gente capaz de usar contra companheiros mais do que desrespeito, mas mentiras, e às vezes até mais do que mentiras, mas condutas criminosas.

Um exemplo recente foi a circulação de posts de um empresário de Bauru, conhecido como Carlos D'Incao. Se apresentando como filiado ao PT, esse cidadão lançou três ataques contra Ciro Gomes que, apesar de pueris e mal escritos, objetivamente lotados de mentiras, foram replicados por alguns blogs petistas.

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Mais do que ataques absurdos e mentirosos (chegou a cunhar o ridículo termo "ultra neoliberal" para se referir a Ciro), um desses artigos é, objetivamente, ele próprio um crime – crime de calúnia – ,pois imputa a Ciro Gomes dois crimes: o de formação de quadrilha e de receber doações ilegais de campanha, ilações totalmente apartadas de qualquer evidência, nem mesmo uma notinha da Veja.

O surpreendente não é que uma pessoa desqualificada se preste escrever boçalidades e a emitir esse comportamento criminoso, mas que blogs petistas reproduzam esses crimes e que a direção do PT não se manifeste sobre a conduta criminosa de um filiado. Parece que atravessamos uma linha aqui que não pode nos levar a nenhum lugar decente.

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A prova disso é o investimento da mídia corporativa nessa desunião do campo progressista, sempre ávida a alimentar intrigas e declarações sobre polêmicas. O que é pior, no entanto, é a quantidade de compartilhamentos dessas peças de discórdia por perfis suspeitos, que repetem palavras de ordem monocórdicas, não dialogam e mais parecem bots ou perfis fakes da direita promovendo nossa fragmentação.

Acho que chegou a hora de baixarmos essa bola. O PDT tem se revelado disposto a seguir a orientação de Ciro e dar ao PT seu tempo, espaço para decidir suas ações da melhor forma para Lula e para o partido.

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Esperamos que a direção do PT assuma seu papel e coloque água nessa fervura. O PT tem uma longa lista de pontes dinamitadas e cadáveres deixados pelo caminho de sua história. Independentemente do julgamento distinto que se possa fazer de cada uma dessas figuras políticas, ex-aliados como Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Luiza Erundina, Anthony Garotinho, Heloísa Helena, Fernando Gabeira, Eduardo Campos e Marina Silva entre muitos outros já sentiram na pele a violência da máquina de assassinato de reputações petista.

Em grande medida, o isolamento político que o partido experimenta hoje é fruto dessa atitude violenta e brutal com aliados.

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No momento que o partido passa agora, com suas principais lideranças respondendo processos complexos e graves, não parece sensato nem seguro implodir seu arco tradicional de alianças com outra campanha de assassinato de reputação.

Em vez de buscar inviabilizar até mesmo uma eventual aliança no segundo turno, acredito estar na hora de aplacar a ira dos despolitizados e, respeitando os desdobramentos da candidatura de Lula, de cuidar de construir o máximo de unidade em palanques regionais que permitam inclusive ao PT romper o isolamento em que se encontra hoje.

Bravatas radicais são somente a expressão do ressentimento impotente de quem não tem mais futuro.

E nossos filhos, precisam ter um futuro.

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