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Pepe Escobar

Pepe Escobar é jornalista e correspondente de várias publicações internacionais

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Imagens de um sonho ucraniano

O que realmente aconteceu durante a visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos Tony Blinken à Ucrânia?

Andrei Martyanov e Tony Blinken (Foto: Reuters)
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Por Pepe Escobar, no Thesaker

Tradução de Patricia Zimbres, para o 247

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Imagine-se prestes a encontrar uma garota de olhos de caleidoscópio... Não. Desculpe. Na verdade, imagine alegres linhas de código na linguagem de programação R - nadando em um vale feliz de modelos de teoria dos jogos que não excluem o Goth nem as Novas Valquírias Românticas dançando ao som da versão compacto de 12 polegadas do Bela Lugosi is Dead, do Bauhaus.

Imagine esse devaneio acontecendo por causa de um "plim!" em sua caixa de entrada. Afinal, você acaba de receber uma informação espantosa. Você se arrasta até a saída, que na verdade é a entrada do Teatro Mágico, onde você se pergunta, à la Keats: Foi tudo um sonho? Estou acordado ou dormindo?

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Do que tratava esse sonho? Ah, algo tão prosaico, tão direto ao ponto geopolítico: o que realmente aconteceu durante a visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos Tony Blinken à Ucrânia?

O grande Andrei Martyanov observou que Blinken "nos bastidores, disse a Kiev para 'baixar o volume', em meio a lugares-comuns fofinhos sobre a preocupação dos Estados Unidos com a 'soberania' e a 'segurança' da Ucrânia". 

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Bem, parece que houve muito mais que lugares-comuns fofinhos.

Informações vazadas sobre a reunião a portas fechadas entre Blinken e o Comediante-em-Chefe Zelensky são simplesmente incandescentes. Blinken parece ter passado um violentíssimo sermão no ucraniano.

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Aqui vão as linhas gerais. Todas as empresas estatais ucranianas têm que estar sob o controle dos proverbiais "interesses estrangeiros". A maioria dos membros dos conselhos, portanto, deve ser formada ou por estrangeiros ou por quinta-colunistas. Todo o esforço vertical de combate à corrupção deve ser controlado por estrangeiros. O mesmo valendo para o sistema judiciário.

Andryi Kobolyev - um agente dos Estados Unidos - tem que ser reconduzido à chefia da Naftogaz. Zelensky moveu montanhas para se livrar de Kobolyev.

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Blinken exigiu uma forte ofensiva contra os oligarcas ucranianos, de modo a que imensas fatias da economia do país sejam transferidos para - quem mais seria - estrangeiros. O mesmo valendo para a privatização de terras.

De modo bastante hilariante, Blinken avisou que tropas russas talvez invadissem a Ucrânia. Nesse caso, Zelensky poderá contar com uma firme ajuda política, mas não militar. Zelensky, portanto, recebeu ordens de parar de pedir para ser aceito como membro da OTAN e de parar de provocar a Rússia, uma vez que o Presidente Putin, que já demarcou as linhas vermelhas, poderia tomar uma "decisão drástica". 

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Blinken exigiu que as propriedades norte-americanas fossem intocáveis perante as leis ucranianas, citando nominalmente figuras respeitáveis da sociedade civil. A distribuidora de biscoitos em Maidan, Victoria "F**da-se a União Europeia" Nuland, também presente na ocasião, elaborou uma lista de Intocáveis, e Blinken se encontrou com eles separadamente. 

Por fim, o gigantesco fantasma que pairou por sobre a viagem a Kiev teve que acabar dando as caras. Na prática, Zelensky foi convidado a delatar todos os ucranianos que ajudaram a entregar à mídia informações sobre Hunter Biden via Rudolph Giuliani.

Segundo a fonte que teve acesso ao vazamento, Zelensky ficou para lá de sem fala. Não era exatamente isso que ele estava esperando. Principalmente no que se referia a transferir valiosos ativos controlados pelos oligarcas ucranianos aos "interesses estrangeiros". É inevitável que as consequências atingirão o próprio Zelensky.

Ninguém diz uma palavra sobre esse vazamento - é como se tratasse de veneno radioativo. Ninguém se dispõe a confirmá-lo. Sua plausibilidade, entretanto, não pode ser questionada.

Contradizer esses poderosos e anônimos "interesses estrangeiros" é simplesmente fora de questão. Eles agora parecem ser guiados por uma lógica "agarra o dinheiro e foge", ou seja, de sangrar a Ucrânia até a última gota antes que o país inteiro - na verdade, um estado falido - exploda e vá pelos ares.

Tenham piedade desses oligarcas que pensaram que iriam saquear a Ucrânia com privatizações. O que vai acontecer, ao contrário, é que o dinheiro vai voar para o exterior. Sigam o dinheiro. Sigam o sonho.

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