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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Impeachment de Bolsonaro representa choque de credibilidade a favor do país

“O debate sobre a saída do presidente deixou o terreno jurídico e tornou-se uma questão política”, escreve Paulo Moreira Leite

(Foto: Sul21)
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Por Paulo Moreira Leite

Ainda de modo cauteloso, o Estado de S. Paulo de 21/3/2021 lança uma questão que até uma criança de oito anos é capaz de responder: 

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-- "O que aconteceria, em um país sem vacina e com desemprego e inflação nas alturas, se o presidente fosse substituído? ", pergunta a Coluna do Estadão, espaço nobre de um jornal que é uma espécie de consciência conservadora do país desde os anos finais do Império Orleans e Bragança. 

O jornal deixa a resposta no ar mas nem é preciso refletir por muito tempo. 

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O impeachment de Bolsonaro -- caminho legal para que seja afastado do cargo -- já não é uma questão jurídica, sustentada em dezenas de pedidos bem fundamentados. É uma conversa real, ainda discreta nas rodas de conversa de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, no primeiro primeiro sinal de que, cedo ou tarde o presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lyra, será obrigado a examinar um desses pedidos com seriedade para levar o caso a voto.   

Como se aprende em todas as experiências de povos e países que afastaram um presidente antes do final de seu mandato,  a pandemia deixou de ser um debate específico -- saúde pública -- e  tornou-se uma questão  política. 

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 O enfrentamento a Covid-19 deixou de ser um problema médico sério, como ocorre no mundo inteiro, para complicar-se em função do comportamento do presidente.   

Num país onde a Constituição diz que a saúde "é um direito e de todos e dever do Estado", o debate envolve o poder de mando sobre o Estado. Temos um presidente que não cumpre seu dever como primeiro mandatário da nação. 

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A partir das entidades médicas, das pesquisas acadêmicas e mesmo da Globo News, nunca faltaram  ideias boas  e projetos coerentes para enfrentar a pandemia. 

Se todos sabemos que nenhuma reação seria capaz de impedir a chegada de um vírus desconhecido, temos certeza de que teria sido possível evitar uma catástrofe que fora detectada já em seu início.  

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Nenhuma sugestão foi aproveitada nem a título de experiência -- embora fosse visível, desde os alertas de Luiz Henrique Mandetta, o primeiro de quatro ministros da Saúde no período, que Bolsonaro empurrava o país no caminho errado.  

No passado, o país  foi destaque mundial no combate à AIDS e teve autoridade política para negociar medicamentos a um preço conveniente antes que a patente fosse quebrada. 

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Décadas mais tarde, conseguiu vacinar 80 milhões de pessoas em apenas três meses no combate a gripe H1N1. 

Fato reconhecido pela unanimidade dos estudiosos com o necessário grau de independência em relação ao Planalto, a atuação  de Jair Bolsonaro diante da pandemia  prejudica a nação inteira, explica os fracassos do passado e contamina o futuro de 210 milhões  com gravidade sempre maior. 

Incapaz de enfrentar problemas concretos, o governo reage com base no truque clássico, abrindo processo contra quem o acusa de genocídio.  

A dança de cadeiras que levou ao quatro ministro é a prova definitiva, no plano político e administrativo, de que a dificuldade não se encontra no segundo escalão da República -- mas no andar de cima, num presidente que não faz nem deixa fazer o que é certo e ainda assim usa todo poder a seu alcance para criar novos empecilhos e complicar soluções. 

No penúltimo episódio, desconvidou uma profissional indicada pelos próprios aliados do Centrão apenas para garantir a nomeação de um Pazuello de avental. Certeza de que nada vai mudar para melhor.  

Como se fosse pouco, dias depois Bolsonaro conseguiu bater seu próprio recorde. 

Partiu para cima de governadores de Estado que tentam assumir a própria responsabilidade perante as respectivas populações, enfrentando carências imensas e sabotagem permanente. 

Concentrando poderes absolutos num estado que é uma República Federativa, deixa claro quem é a autoridade responsável pela construção de um cemitério a céu aberto no país. 

A saída de Bolsonaro deixou de ser um ato de vontade de adversários de sempre e de aliados da véspera, hoje desenganados. Tornou-se uma necessidade, compreendida por uma parcela crescente de brasileiros e brasileiras. 

Sua saída dará um choque de credibilidade naqueles que ocupam o andar de cima e de esperança naqueles que se encontram embaixo. 

Alguma dúvida?

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