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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Impeachment, já!

"O que está faltando para Bolsonaro ser defenestrado do Planalto? Que ele tenha êxito em seu projeto genocida com o fim do isolamento social? Que os corpos se espalhem pelas ruas em todo o país? Que ele deflagre o mecanismo de intervenção militar? Ou falta mesmo coragem?", questiona o jornalista Ribamar Fonseca ao defender o impedimento de Jair Bolsonaro

(Foto: Reprodução | Mídia Ninja)
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O que está faltando para Bolsonaro ser defenestrado do Planalto? Que ele tenha êxito em seu projeto genocida com o fim do isolamento social? Que os corpos se espalhem pelas ruas em  todo o país? Que ele deflagre o mecanismo de intervenção militar? Ou falta mesmo coragem? Sim, porque, afinal, todos concordam que já sobram motivos para o impeachment. E já existem nada menos que 16  pedidos engavetados na Câmara dos Deputados. Não é por outra razão que ele estimula  as manifestações pelo fechamento do Congresso Nacional, ao mesmo tempo em que suas milícias virtuais atacam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com a intenção de intimidá-lo para não abrir o processo legislativo destinado ao seu afastamento. Consciente dessa possibilidade, a cada dia mais forte, o capitão também ataca por outro flanco, oferecendo cargos aos partidos do chamado “Centrão” para rachar o bloco e impedir a aprovação do impeachment. Então, o que estão esperando?  Estão dando tempo para que ele consiga, com a caneta das nomeações e a chave do cofre, frustrar qualquer tentativa de afastá-lo  do cargo?

A fábrica de fakenews, que semeia o ódio e influencia os fracos de juízo, está trabalhando a todo vapor para impedir que a desaprovação de Bolsonaro atinja índices muito elevados, chancelando o seu afastamento da Presidência da República. As postagens agredindo o Congresso, o STF e os governadores, apontados pelos bolsominions como responsáveis por tudo o que não presta no país, congestionam as redes sociais, chegando aos mais distantes rincões do país. Os robôs milionários, pagos não se sabe por quem, não tiveram mais descanso, espalhando as mentiras, algumas recheadas com a bandeira brasileira e tendo como música de fundo o Hino Nacional, para quase todos os celulares, encontrando guarida em muitas cabeças ocas. Os agressores, covardões que se escondem no anonimato para destilar seu veneno, acreditam que não serão descobertos. O mais grave, porém,  é que muitos dos responsáveis por essas fakenews, que estão criando um clima de guerra no Brasil,  já são conhecidos, mas não se sabe de  nenhuma providência das autoridades para puni-los, talvez porque  sua ação seja do interesse do governo. E a situação do país se agrava todos os dias porque as instituições parecem engessadas.

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem compete deflagrar o processo de impeachment, de acordo com a Constituição, parece amedrontado diante dos ataques da milícia virtual e do próprio presidente. Limita-se a declarações cautelosas, mesmo detendo o poder para mudar o jogo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não é muito diferente, assim como o presidente do Supremo, Dias Toffoli, os quais  se mostram cautelosos diante das ameaças do capitão à democracia.  A julgar pelo comportamento acovardado deles, nenhuma providência  concreta será tomada para afastar o capitão, que continuará fazendo ameaças e colocando a vida do povo em perigo até o final do seu mandato. E o Brasil chegará em 2022 em frangalhos, sem empregos, sem reservas e sem vergonha. Difícil acreditar, no entanto, que as Forças Armadas, que aparentemente seriam fiadoras do governo Bolsonaro,   endossariam semelhante situação. Na verdade, a presença de militares de alta patente em cargos do governo não significa que  as Forças Armadas estão chancelando as loucuras do capitão, até porque isso  seria  prejudicial à imagem delas, a instituição de melhor avaliação do país. Afinal, como dizem os próprios generais, “as Forças Armadas servem ao Estado, não ao governo”.

O fato é que alguém precisa por um freio nas maluquices do homem que até agora não assumiu o seu papel como Presidente da República, deslumbrado com o poder e os aplausos de meia dúzia de seguidores. No último domingo ele participou de um ato em frente do QG do Exército, em Brasília, onde os manifestantes pediam o fechamento do Congresso e do STF e a volta do AI-5. As reações, ao contrário do esperado, foram muito tímidas, limitando-se a palavras, sem nenhuma providência concreta destinada a afastá-lo. Já há uma ação no Supremo, ingressada por dois advogados, para obrigar Rodrigo Maia a abrir o processo de impeachment. Paralelamente,  os governadores também deveriam  pressionar suas bancadas no Congresso para, seguindo o Regimento Interno, obrigar Maia a cumprir o seu dever. Essa desculpa de que o momento é impróprio, por causa da crise do coronavírus,  não procede, pois se o próprio Bolsonaro não  se importou em mudar o Ministro da Saúde em plena pandemia por que não substituí-lo também.  O que pode ficar pior do que está? A tendência é piorar com a manutenção do capitão no comando do país, já que ele acha que pode tudo e não se deterá diante nem da possibilidade de infectar-se e ficar de cama, depois de contaminar os psicopatas que todo dia se concentram na porta do Alvorada para e endeusá-lo.   

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Eduardo Cunha só precisou ter seus interesses contrariados para deflagrar o processo de impeachment de Dilma, com a ajuda de Sérgio Moro, que divulgou o conteúdo de um grampo ilegal no telefone da Presidenta, e de Gilmar Mendes, que impediu Lula de assumir a Casa Civil. Eles pavimentaram a estrada que levou Bolsonaro ao Palácio do Planalto, favorecido pelo terreno adubado pela grande mídia, que criminalizou a classe política, em especial a esquerda e o PT, promovendo uma verdadeira lavagem cerebral em parte da população, que sufragou o nome do capitão como se ele representasse o novo, embora morando na Câmara há 28 anos como deputado federal. E com ele arrastou nomes desconhecidos para os governos estaduais, como Witzel no Rio de Janeiro e Zema em Minas Gerais, além de militares de todas as patentes para o Congresso Nacional. Imbecilizada pela grande imprensa e pelo massacre de fakenews, parte do povo achou que estava mudando o Brasil, elegendo Bolsonaro para a Presidência da República. Hoje a maioria já se arrependeu, inclusive aliados de primeira hora, porque agora sabe quem é o capitão. Mas o mal já foi feito.  É hora, no entanto, de repará-lo. Impeachment, já!

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