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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Influencer é o cacete

"Um bom influencer não deixa ensinamentos. Deixa likes e compartilhamentos"

Ilustração de Miguel Paiva (Foto: Miguel Paiva)
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Pensar que alguém que nunca vi mais magro ou gordo, que tem acesso a um celular e a uma rede social possa me influenciar em alguma coisa torna a ideia de vida uma coisa muito barata. E logo essas pessoas que prezam tanto o lado sagrado da vida. Para ser influencer e influenciar pessoas não precisa ter um talento especial, ou saber fazer coisas que pouca gente sabe, ou ter segredos prontos para serem divididos contra uma módica contribuição. Para ser influencer você tem que ter sobretudo má fé. 

Acreditar que o que você diz nas redes sociais pode mudar a cabeça de alguém é má fé. Acreditar que as pessoas estão acreditando em qualquer coisa que você disser também é má fé. Usar a realidade brasileira em que quase ninguém lê para pontificar sobre qualquer coisa também é má fé. Ou seja, é má fé.

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Hoje os influencers dominam o mercado das ideias, claro, considerando que o que eles dizem possa ser uma ideia. Existe influencer para tudo, para moda, comportamento, artes em geral, sexo e falcatruas. Tem influencer especializado em aplicar golpes. É o golpe da rifa, do sorteio, da viagem. Golpe de tudo. Basta ser influencer. Para que sua carreira de influencer tenha sucesso você precisa ter seguidores. Juntando seguidores você pode até se tornar ator da Globo. É o requisito inicial. Quantos seguidores? Depois vão querer saber se você sabe ler e dizer algumas frases franzindo o olhar para parecer que é ator ou atriz.

Triste fim está tendo a nobre carreira de ator ou atriz. 

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Mas você é capaz de influenciar e fazer amigos, ou melhor, inimigos. Para ser influencer você tem que concorrer com o influencer ao lado. Afinal é uma carreira muito concorrida. Você não precisa nem entender de política, mas é fundamental que emita opiniões, sobretudo aquelas que concordam com o que Bolsonaro pensa ou diz. Ser contra a modernidade, a ciência, a evolução, é importante, mas olhe seus seguidores para ver se a sua frase sobre o aborto ou sobre a liberação das drogas não te trouxe prejuízo. 

Uma opinião não dura mais do que o tempo de verificar se ela viralizou. Se não viralizou, mude. Afinal para que servem opiniões? Para serem mudadas de acordo com o aumento ou não de seguidores. Ser influencer é sobretudo não saber influenciar. Qualquer ideia que seja sólida ou resista a uma contestação não deve ser elemento para influenciar ninguém. Afinal você quer criar um bando de pessoas sem opinião fixa, sem raciocínio, sem conceitos.  

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Um bom influencer não deixa ensinamentos. Deixa likes e compartilhamentos. O resto é o triste e abandonado saber que se conquista lendo e estudando. Nada mais antigo. Para isso você não precisa de um influencer. Você tem que ser um. É só abrir seu celular e começar a emitir opiniões. Mas cuidado. Não tenha razão. Você pode ser cancelado.

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