Leonardo Attuch avatar

Leonardo Attuch

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

522 artigos

HOME > blog

Insaciável e com sede de sangue, a imprensa golpista já quer a cabeça do novo ministro da Previdência

Insisto: o objetivo é o rompimento entre PT e PDT, para fragilizar o projeto de reeleição do presidente

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da Ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann dá posse a Wolney Queiroz Maciel como Ministro de Estado da Previdência Social. Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Ricado Stuckert / PR)

Menos de 24 horas após sua nomeação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, já passou a ser alvo de um cerco midiático previsível e coordenado. Os ataques orquestrados pelos principais veículos da mídia comercial, que integram o chamado PIG, Partido da Imprensa Golpista, não trazem qualquer novidade factual, mas cumprem um papel muito claro: pavimentar o caminho para o segundo ato de uma ofensiva política que começou com a demissão forçada de Carlos Lupi e agora visa romper o elo do PDT com o governo Lula.

As matérias publicadas neste sábado (3) tentam associar Wolney a uma suposta negligência diante de denúncias relativas a descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS, investigados pela Polícia Federal. No entanto, a única “prova” apresentada é a ata de uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, em junho de 2023, em que o então secretário-executivo apenas seguiu a pauta definida pela presidência do colegiado. Nenhuma fala de Queiroz sugere omissão, cumplicidade ou contrariedade às denúncias. Nada. Nenhuma linha que o comprometa diretamente. Ainda assim, os jornais insinuam responsabilidade, como se o novo ministro devesse responder pelos atos do ex-titular da pasta, Carlos Lupi, que, diga-se de passagem, também não é investigado.

É evidente que o Brasil está diante de mais um capítulo do manual de lawfare midiático que a imprensa corporativa aplica seletivamente contra governos populares. Não se trata de jornalismo investigativo, mas de ativismo político disfarçado de apuração. Os ataques não partem de um interesse legítimo em proteger o interesse público, mas de uma obsessão ideológica em sabotar o projeto de reeleição de Lula em 2026.

A engrenagem é conhecida. Primeiro, constrói-se a imagem de um escândalo. Em seguida, gera-se pressão pela demissão – como ocorreu com Lupi. E logo depois, passa-se à fase de desgaste precoce de qualquer substituto que possa manter a coesão da base governista. A intenção, neste momento, é clara: isolar o PDT, empurrando-o para fora da aliança lulista e reabilitando Ciro Gomes como uma candidatura “alternativa” que sirva, na prática, aos interesses das elites econômicas.

O nome de Ciro volta ao noticiário não por acaso. Após quatro derrotas presidenciais e uma notória dificuldade de se apresentar como alternativa viável ao bolsonarismo e ao petismo, Ciro hoje serve como instrumento auxiliar de uma suposta “terceira via”. Uma via que nada mais é do que um atalho para a direita neoliberal. A aposta das elites é que, mesmo sem chances reais de vitória, Ciro funcione como um vetor de divisão no campo progressista, fragmentando o eleitorado de Lula e favorecendo candidaturas como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

É justamente por isso que a substituição de Lupi, ainda que politicamente necessária naquele momento, representou uma concessão perigosa. Como bem alertou o jornalista Tiago Barbosa, ceder à mídia com o intuito de “apaziguar” detratores é uma ilusão recorrente dos governos progressistas – e sempre inútil. A história ensina que cada concessão feita à imprensa conservadora é interpretada não como sinal de responsabilidade, mas como evidência de fraqueza.

Não foi diferente nos governos anteriores de Lula e Dilma. A cada gesto de “corte na carne”, o que se colheu foi uma nova onda de estigmatização e ataque. Trata-se de uma lógica de desgaste permanente, movida não pela busca da verdade, mas por interesses políticos e  ideológicos. O objetivo não é a transparência, mas a desestabilização. Não é a justiça, mas o enfraquecimento político do campo popular.

Neste novo embate, o governo precisa demonstrar firmeza. A tentativa de transformar Wolney Queiroz em mais um bode expiatório deve ser repelida com energia. O ministro recém-empossado merece respaldo para conduzir as mudanças necessárias na Previdência. Mais do que isso: o governo Lula precisa compreender que não há conciliação possível com uma imprensa que atua como partido de oposição permanente.

A defesa da estabilidade política e da governabilidade, que são condições essenciais para o projeto de reconstrução nacional, passam, neste momento, pela blindagem dos aliados leais e pela exposição dos reais interesses por trás dos ataques. O Brasil já conhece esse roteiro. E sabe que, ao final, aqueles que hoje se apresentam como paladinos da moralidade têm objetivos bem menos nobres do que aparentam.

O País vive hoje um novo momento, mas enfrenta os mesmos inimigos. É hora de aprender com a história – e não repetir os erros que nos levaram a tragédias recentes.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

Artigos Relacionados