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Pedro Augusto Pinho

Avô, administrador aposentado

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Interesses de classe distorcem a história

A defesa do parlamentarismo é feita por parte da elite que dirige o Brasil desde sua “independência”. A chegada das eleições, a perspectiva de ter, mais uma vez o Poder Executivo ocupado por pessoa não vinculada a esta elite, faz ressurgir um parlamentarismo, diversas vezes repudiado pela maioria dos brasileiros

Abertura da caravana Lula por Minas Gerais, em Ipatinga. Em defesa da Soberania Nacional. #LulaPeloBrasil #LulaPorMinasGerais Foto Ricardo Stuckert (Foto: Pedro Augusto Pinho)
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Como no jogo dos erros, coloco o texto: “O Brasil, que viveu 42 anos no sistema parlamentar monárquico, desde 1889 jamais teve um período tão longo de estabilidade.  De 1889 a 1930, foram 41 anos interrompidos pela ditadura Vargas (de 1930 a 1945)”, para análise dos argutos leitores. Onde se encontra a inverdade?

O período transcrito está na defesa do parlamentarismo, feita por um membro da elite que dirige o Brasil desde sua “independência”. A proximidade das eleições de 2018, a perspectiva de ter, mais uma vez o Poder Executivo ocupado por pessoa não vinculada a esta elite política, faz ressurgir um parlamentarismo, diversas vezes repudiado por indiscutível maioria dos eleitores brasileiros.

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Vamos entender este comportamento em elites que se mantém ou se mantiveram por séculos no poder em seus países, dominando expressões do Poder.

Primeiro um caso de menor sucesso. A Casa de Hohenzollern optou pelo poder militar para seu empoderamento no Império Prussiano. Com um exército eficaz, bem organizado e conduzido, dominou, em diferentes formatos e ocupações territoriais, por mais de três séculos, a Prússia. Só a I Grande Guerra, a qual seguiu a Revolução Alemã (1918-1919), pôs fim a este Poder de expressão militar.

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Bem diferente ocorreu com o Império Britânico, que comemora, no século XXI, mais de cinco séculos de domínio do Poder Econômico, melhor e mais corretamente diria Poder Financeiro.

Este começa com o empoderamento dos barões, ainda com João Sem Terra, e se firma com o mercantilismo e a criação do Banco da Inglaterra. Sua cruel capacidade de se apropriar de todo ganho e total desprezo pelas condições de vida do povo, lhe possibilitaram vencer as mais importantes revoluções do mundo ocidental: Industrial, Americana e Francesa; transformadoras das condições de produção, e dos princípios que passariam a reger a liberdade civil e política.

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A elite financista inglesa é das principais, senão a mais importante gestora do sistema financeiro internacional, que denomino “banca”. Ela impede qualquer mudança que ponha em risco seu empoderamento e tem o objetivo de dominar o mundo, “o Império onde o Sol nunca se punha”. Também ignora a veracidade e falseia as mais mesquinhas realidades, como denominar batata inglesa o tubérculo nativo da América. A elite britânica engana seu próprio povo e todos os demais: eliminou etnias, usou a escravidão quando lhe conveio e se lhe opôs quando precisou criar consumidores, o caso Mossadegh é exemplar quando se trata de criar uma ficção para ter a força que não dispunha agindo em seu proveito.

A elite brasileira usa a expressão política para sua dominação; de nossa Terra e de nossa gente. E age em proveito próprio e dos capitais estrangeiros que lhe dão guarida. Não há patriotismo, nem nacionalismo, apenas sua manutenção no poder lhe importa.

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Há um dado curioso nesta elite que a mais recente historiografia vem revelando. Tomo para exemplo o trabalho de dois brilhantes historiadores: João Fragoso e Sheila de Castro Faria. Desta última retiro do importantíssimo “Mulheres Forras – Riqueza e Estigma Social” (Tempo, nº 9, RJ): “em função de estigmas que pesavam sobre as atividades mercantis, este enriquecimento, entretanto, não foi acompanhado de prestígio social”.

A elite brasileira preferiu manter um concentrado poder social e político a deixar que o poder econômico tivesse ali guarida. A escravidão permitiu consolidar esta estrutura, durante o período do Império, o que, apenas num exemplo, os Estados Unidos da América (EUA) não conseguiram.

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Em João Fragoso (com Manolo Florentino, “O Arcaísmo como Projeto”, Diadorim, RJ, 1993) aprendemos que, na estrutura produtiva montada para transferir excedentes para o exterior, o rentismo, a propriedade fundiária e, sobretudo, a exclusão social passavam a ser atributos formadores da elite nem sempre enriquecida.

Assim, o bacharel, mais do que o médico e os profissionais da engenharia, seria o símbolo do Poder Nacional. E hoje vemos aonde levou este empoderamento, em especial do Poder sem voto – o Judiciário, decisor de última instância de qualquer questão brasileira.

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Colocando o Poder Político onde se pode formar mais facilmente a maioria, livre da eventual ocupação por uma liderança, civil ou militar, que não siga estritamente o modelo dos dois últimos séculos, o parlamentarismo, na curta perspectiva desta elite, aparece como a solução.

Tendo medo de que o Presidente Lula volte a ocupar a Presidência da República, desencadeiam um manietado presidencialismo com um parlamentarismo de improviso.

O texto que apresento para contagem de erros é apenas mais um exemplo de como a fraude acompanha o discurso da elite brasileira. Vejamos então.

Surge logo a Guerra do Paraguai, como crasso erro. Mas não para aí a quantidade de revoltas que o Brasil conheceu desde 1822 até 1889. Sem pretender a exaustão, menciono: a prolongada Balaiada, no Maranhão; os Malês, na Bahia;  a Revolta dos Marimbondos, em Pernambuco; a Confederação do Equador; as lutas abolicionistas, cujo exemplo mais marcante ocorre no Ceará, com Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, com a histórica frase: "no porto do Ceará não se desembarcam mais escravos"; e uma das maiores tragédias de nossa história - a Cabanagem, entre 1835 e 1840 - quando o Império, com ajuda da Inglaterra, provocou o extermínio de populações nacionais na região amazônica; para não mencionar a permanente extinção de índios e a perseguição aos escravos, envolvendo o Exército Imperial.

Também recai sobre o Império o opróbrio da escravidão racial.

Considerar este período imperial e da Primeira República estáveis só pode ser mais um escárnio dos que nos brinda permanentemente a elite e os golpistas de 2016.

Podemos, assim, ver pelos documentos históricos que toda elite usa a mentira, escamotear a verdade para se impor, seja ocupando o Poder pela expressão militar, como exemplifiquei na Prússia, seja pela expressão econômico-financeira, seja pela expressão política e social, como ocorre em nossa Pátria.

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