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Rafael Dantas

Professor, graduado em Geografia pela UNESP, Mestre em Geografia pela UEL. Editor e co-fundador do Ourinhos Online.

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Internacionalização do Pix – uma oportunidade para o Brasil

Ao enfrentar gigantes globais do setor financeiro, o Pix pode ser a chave para reposicionar o Brasil no tabuleiro geopolítico mundial

Pix (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

O tarifaço de Trump abriu uma oportunidade de ouro para o Brasil. A citação do Pix como uma pedra no sapato das empresas de pagamento e das bandeiras de cartão de crédito estadunidenses, que há décadas dominam as transações bancárias globais, lançou no ar uma possibilidade que até então permanecia adormecida no campo abstrato das ideias.

O questionamento do Tio Sam é justo: o Pix, desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, é um sucesso de aplicabilidade e caiu no gosto popular. Rápido, seguro, legal, regulado, ele permite agilidade aos negócios e potencializa a atividade econômica. Trata-se de um rival de peso dos cartões de crédito, com suas taxas que corroem a margem de lucro das empresas — principalmente das pequenas.

Trump levantou a bola; cabe ao Brasil os próximos passos - O dólar é — ou foi — um dos pilares da hegemonia estadunidense no mundo, que se encontra em franca decadência. Essa moeda proporcionou grandes vantagens estratégicas, econômicas e políticas aos Estados Unidos. No entanto, diversos países têm buscado alternativas viáveis ao padrão-dólar como moeda principal do comércio internacional, seja pelos desmandos recorrentes da política externa da Casa Branca, seja pelo desejo de criar mecanismos que não possam ser usados contra si próprios — especialmente no caso de sanções.

É nesse contexto que se abre a oportunidade. As promessas das criptomoedas — em especial o Bitcoin — ainda não se mostraram substitutas à altura das moedas fiduciárias nacionais. A tecnologia do Pix está madura, testada e aprovada, podendo ser acoplada às demais economias nacionais sem prejuízo para os Estados. Cabe ao Brasil demonstrar disposição, compartilhar a tecnologia e guiar os interessados no processo de implementação.

O Pix como soft power brazuca - Vale lembrar que o Pix foi desenvolvido sob os auspícios de uma instituição pública: o Banco Central do Brasil, que merece reconhecimento e mérito. Assim, essa tecnologia nacional e revolucionária é candidata a ocupar um lugar de destaque no plano global, com potencial para fortalecer o posicionamento geopolítico do Brasil no cenário internacional.

O plano - A internacionalização do Pix já conta com um contexto favorável, mas depende da vontade política e da execução de um plano de implementação por parte do governo brasileiro. Esse plano precisa ser meticuloso e discreto, de modo a evitar ou minimizar movimentos contrários.

Em princípio, o Banco Central e o Itamaraty seriam os atores centrais a se mobilizarem — o primeiro no campo do conhecimento técnico e do compartilhamento tecnológico; o segundo na articulação com os parceiros. Esses parceiros poderiam ser escolhidos conforme a proximidade e a oportunidade. Nesse aspecto, o corpo diplomático brasileiro tem todos os atributos necessários para definir a melhor estratégia, seja iniciando pelo Mercosul, BRICS, Sul Global, parceiros europeus, entre outros.

Bônus - As instituições bancárias de capital nacional, bem como as chamadas fintechs, poderiam ser parceiras nessa estratégia de expansão.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.