Inventário da crise

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I.
No dia seguinte à morte de Jô Soares, diante da profusão de posts nas mídias sociais em sua homenagem, fiz o meu (à maneira do Gordo): “nem Jó aguenta mais tanto post do Jô”. No ato, já vieram os donos do José Eugênio. Compungidos, mas de pedras nas mãos, exigindo respeito. É curioso ver tanta gente pedindo circunspecção em relação ao cara que queria a seguinte plaquinha, no velório, ao lado do seu caixão: "por favor, dê mais uma sacudidinha". Valei-me, São Duíche, protetor dos obesos, contra os fiscais de tudo!
II.
Tempos atrás visitei a cidade de Maceió. Era uma pequena capital à beira de um mar esmeralda, preenchido por sargaços. Voltei décadas depois e encontrei o mesmo oceano, mas rodeado por shoppings, condomínios de apartamentos e cidadãos munidos de celular. Caminhando pela orla maceioense, me veio o pensamento. O shopping center, o condomínio e o celular são a tríade desse pseudodesenvolvimento urbano nacional. Sem eles, não há a sensação de que somos parelhos ao Primeiro Mundo. No entanto, também são eles que nos fazem consumir o que não necessitamos, viver como pombos, e perder tempo teclando sobre assuntos desprezíveis. Se isso for civilização, eu quero é rosetar.
III.
As pessoas ficam chocadas com o ignorantismo que astravanca a nação pindorâmica. Porém, não é de hoje que se chama a atenção para a pandemia de burrice que vem assolando o país. A começar do Sérgio Porto que a batizou de Febeapá - nos anos 1960. Muitos berraram, milhares ainda urram. Mas, por acaso, investiram em Educação? Não. Na real, é a Educação que investe no bolso dos políticos. Financia suas candidaturas, os empreendimentos familiares, e otras cositas más. Por acaso, o dinheiro dos munícipios vai para onde deve ir? Não. Vai até para a baixa da égua e não entra no caixa das escolas, hospitais, creches e outros serviços sociais. Uma hora chega a conta. Por mais que se empurre cocô para debaixo da alcatifa, em determinado momento sobe o futum. É o que temos para o momento. Parabéns aos subdesenvolvidos.
IV.
Os técnicos brasileiros de futebol estão mais por baixo do que lingerie de freira. Os portugueses invadiram o mercado dos grandes clubes. São ótimos analistas, falam muito bem. Felizmente, não com aquela falabilidade do Tite para explicar o falível da sua Seleção. Aí deu nisso. Os times que eles dirigem vão subindo na tabela, os técnicos nacionais vão descendo a ladeira. Eu, todavia, ainda acredito na criatividade local. Não duvido que algum cartola esperto contrate um professor lá dos cafundós de Caixa-Pregos, ensine o decente a falar com sotaque lisboeta, e bote para dirigir algum elenco da Série A. Se der certo, maravilhas. Se der errado, ajuda a terminar mais cedo essa mania por técnicos alfacinhas.
V.
Só há uma razão para o general Paulo Sérgio Nogueira demorar dez meses para perceber que já haviam lhe enviado o código-fonte das urnas eletrônicas: o TSE errou o código de endereçamento postal do Ministério da Defesa.
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