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Julimar Roberto

Comerciário e presidente da Contracs-CUT

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Isenção do IR é justiça para quem não se cansa de carregar o Brasil nas costas

Precisamos redobrar a atenção no Senad

Jerônimo Rodrigues, Lula e Janja (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil representa muito mais do que uma mudança numérica nas tabelas da Receita Federal. Trata-se de uma correção histórica, que finalmente coloca no centro do debate aqueles que sustentam o país com seu trabalho. Por anos, o peso dos impostos recaiu de forma desproporcional sobre quem ganha menos, enquanto setores privilegiados desfrutavam de generosas isenções. Agora, estamos diante de uma oportunidade concreta de começar a virar essa página.

Ao aprovar o projeto por unanimidade, a Câmara dos Deputados deu o importante recado de que a justiça tributária não é pauta de um governo, é pauta de um país mais justo. O texto que chega ao Senado não apenas isenta quem recebe até R$ 5 mil, mas também reduz progressivamente a alíquota para quem ganha até R$ 7.350, garantindo que milhões de brasileiros e brasileiras paguem menos impostos. É dinheiro que pode voltar para a economia real, fortalecendo o consumo das famílias, aquecendo o comércio e movimentando a produção.

A estimativa de que mais de 25 milhões de pessoas serão beneficiadas mostra a dimensão social dessa medida. Ao contrário do que sempre nos fizeram acreditar, é possível equilibrar as contas públicas sem sacrificar quem está na base da pirâmide. O projeto não cria rombos nem desmonta programas sociais, apenas retira privilégios de uma minoria que - por décadas - acumulou benefícios às custas da maioria.

É justamente por isso que precisamos redobrar a atenção no Senado. Historicamente, trata-se de uma Casa mais conservadora — e esse perfil se acentuou ainda mais após as últimas eleições —, um espaço onde interesses econômicos consolidados costumam exercer forte influência. Não podemos subestimar a capacidade de setores privilegiados atuarem para travar, alterar ou desfigurar uma proposta que beneficia a classe trabalhadora. A observância crítica e organizada neste momento é fundamental para garantir que o texto aprovado mantenha seu caráter de justiça social.

Essa mudança vem num contexto de avanços importantes, como uma inflação sob controle, um desemprego em queda e um crescimento econômico consistente. Esses resultados mostram que um país pode crescer e, ao mesmo tempo, distribuir riqueza. Não há contradição entre responsabilidade fiscal e justiça social quando o povo é tido como prioritário.

Mas sabemos que nada vem fácil para a classe trabalhadora. Mesmo com a ampla aprovação na Câmara e o indicativo de tramitação célere no Senado, é nossa responsabilidade acompanhar cada passo dessa votação. Precisamos manter os olhos atentos e, se necessário, ocupar as ruas para garantir que o projeto não seja desfigurado ou adiado.

Fazer justiça tributária é reconhecer que quem ganha menos não pode continuar pagando mais. É afirmar que desenvolvimento de verdade só acontece quando a prosperidade é compartilhada. Que essa vitória seja, de fato, do povo — e que, juntos, tenhamos força para defendê-la até o fim.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.