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Paulo Sérgio Pinheiro

Professor aposentado de ciência política na USP e ex-ministro dos Direitos Humanos. Autor, entre outros livros, de Estratégias da ilusão: a revolução mundial e o Brasil, 1922-1935 (Companhia das Letras)

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Israel e o genocídio dos palestinos em Gaza

Como o Brasil, entre vários outros governos, qualificou a situação dos palestinos em Gaza de genocídio, é de se esperar que apoiemos a gestão da África do Sul

Soldados israelenses seguram bandeira israelense em um tanque perto da fronteira de Israel com a Faixa de Gaza (Foto: REUTERS/Ronen Zvulun)
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Republicado do A Terra É Redonda

O governo da África do Sul apresentou, em 29 de dezembro passado, uma petição à Corte Internacional de Justiça da ONU, em Haia, órgão com 15 juízes que julgam disputas entre Estados. A petição acusa o Estado de Israel de descumprir a convenção de prevenção e proteção do genocídio de 1951. Essa petição conta até agora com o apoio da Malásia, Turquia, Jordânia e dos 57 países da Organização de Cooperação Islâmica.

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Como o Brasil, entre vários outros governos, qualificou a situação dos palestinos em Gaza de genocídio, é de se esperar que apoiemos a gestão da África do Sul. As primeiras audiências acontecerão na corte nas manhãs de 11 e 12 de janeiro.

A petição, com 80 páginas, é uma descrição rigorosa e detalhada do genocídio em Gaza. Os fatos invocados pela África do Sul situam-se num contexto de apartheid, expulsão, limpeza étnica, anexação, ocupação, discriminação e negação contínua do direito do povo palestino à autodeterminação.

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Em particular depois de 7 de outubro, Israel não conseguiu prevenir o genocídio e falhou em impedir o incitamento direto e público ao genocídio por parte de representantes de Israel ao mais alto nível político.

Mais grave ainda, Israel arrisca-se a se envolver ainda mais em atos genocidas contra o povo palestino em Gaza. Esses atos incluem matá-los, causar graves danos mentais e corporais e infligir-lhes deliberadamente condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física como grupo nacional e étnico.

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Essa intenção deve ser prejudicada pela natureza e condução da operação militar de Israel em Gaza, considerando-se a falha no fornecimento ou garantia de alimentos essenciais, água, remédios, combustível, abrigo e outros serviços humanitários de assistência ao povo palestino sitiado e bloqueado, à beira da fome.

Fica também claro esse propósito pela natureza, âmbito e extensão dos ataques militares de Israel a Gaza, com um bombardeio contínuo durante mais de 11 semanas em uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, forçando a evacuação de 1,9 milhão de pessoas (85 % da população de Gaza) de suas casas. São deslocadas para áreas cada vez mais exíguas, sem abrigo adequado, onde continuam a ser bombardeadas, mortas e feridas. Israel já matou mais de 21.110 palestinos, incluindo mais de 7.729 crianças.

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Israel devastou vastas áreas de Gaza, incluindo bairros inteiros, danificados ou destruídos mais de 355 mil casas palestinas, terras agrícolas, padarias, escolas, universidades, empresas, locais de culto, cemitérios, sítios culturais e devastados, serviços municipais e instalações de água e saneamento e redes de eletricidade. E prossegue um ataque implacável ao sistema médico e de saúde palestino. Israel impediu e continua a reduzir Gaza a escombros, matando, ferindo e destruindo sua população e criando condições de vida calculadas para sua destruição física como grupo nacional.

A África do Sul, em consequência desses fatos, pede que isso corte que indique medidas provisórias para “proteger contra danos adicionais, graves e irreparáveis os direitos do povo palestino sob a Convenção do Genocídio”. Como a petição não pede uma decisão definitiva sobre o mérito das acusações a Israel, se levarmos em conta julgamentos recentes na corte, medidas provisórias de proteção dos palestinos em Gaza poderão ser emitidas em semanas.

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Caso essas medidas provisórias determinem o cessar-fogo das operações militares e Israel não as cumpra, os danos à concessão internacional do país serão irreparáveis. Talvez por isso mesmo Israel, ao contrário do desprezo e do desrespeito sistemático às decisões de organismos internacionais e da ONU, decidiu comparecer a Haia para se defender.

No Brasil

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É lamentável e patético que o sistema judicial paulista e a Polícia Federal aceitem ser instrumentalizados para calar o jornalista Breno Altman. As entidades por trás dessa sonoridade querem enfiar a goela no meio da democracia brasileira ou o embuste de que criticar o Estado de Israel é antissemitismo. Total solidariedade a Breno Altman.

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