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Luiz Henrique Dias

Professor, gestor público e mestrando em História da UNILA

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Itaipu em 2023: soberania, desenvolvimento e compromisso social

A empresa binacional completará 50 anos. Cabe aqui refletirmos sobre uso de recursos, relações com o Paraguai e o papel de Foz do Iguaçu nessa nova Itaipu

(Foto: Caio Coronel/Itaipu)
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Por Edson Carlos Thomas, técnico administrativo na UNILA e mestre em Políticas Públicas e Desenvolvimento

Luiz Henrique Dias, professor, gestor público e mestrando de História na UNILA

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A Itaipu, empresa binacional, completará 50 anos em 2023, data absolutamente simbólica, e importante para novas definições sobre seu futuro, já que em 2023 vai chegar ao fim a dívida feita para viabilizar sua construção. Hoje o pagamento da dívida consome em torno de 75% de sua receita operacional, e, em sendo quitada essa dívida, vai gerar uma "sobra" da ordem de R$ 11 bilhões anuais, cuja destinação passará inevitavelmente por decisões políticas. Pensando nisso, cabe aqui de fazermos três reflexões sobre o tema e sobre usos para esses recursos e seus impactos para as relações com o Paraguai e sobre o papel da cidade de Foz do Iguaçu nessa nova Itaipu:

1- O Brasil precisa fazer uma discussão séria sobre o destino da parte que nos cabe desse montante, uma vez que é preciso garantir a segurança energética do país. É preciso aplicar parte substancial desse dinheiro, dessa “sobra” para investimentos em fontes de energia renováveis e limpas, ampliando a participação destas no percentual da energia ofertada no Brasil e antecipando uma necessária transição energética, sustentável e ambientalmente menos impactante no ambiente. Se, enquanto país, queremos crescer e nos desenvolver, precisamos ter em mente que crescimento econômico exige oferta de energia. O modelo atual de fornecimento de energia para as indústrias, comércio, serviços e consumo doméstico envolve o suporte das termelétricas, visto que quando os reservatórios das hidrelétricas baixam é necessário ligar os motores das termelétricas, o que encarece o preço da energia do consumo individual e da indústria, bem como os transportes, uma vez que parte considerável da população utiliza meios de mobilidade elétricos, como metrôs e trens urbanos. 

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2- Em nossas relações bilaterais com o Paraguai, há um natural e esperado tensionamento quanto à venda compulsória e ao preço para o Brasil de parte da divisão da energia que é de direito paraguaio. Essa discussão vai exigir outro acordo durante a famosa revisão do Anexo C, o que pode encarecer ou o que seria ainda pior, diminuir a oferta de energia para nosso país, o que exigiria uma resposta do Estado brasileiro quanto a ampliação de novas unidades geradoras em território nacional, bem como a possível necessidade de ampliação da malha de transmissão e distribuição. Se o governo paraguaio decidir por vender à outros a energia de Itaipu que lhe cabe, o Estado brasileiro poderá vir a ser um indutor da geração de empregos no setor de infraestrutura e fortalecer a Eletrobras. A grande questão que fica é: será que vale mesmo a pena privatizar a companhia nesse momento, como o atual Governo quer fazer? Não seria mais sensato, enquanto país, esperar o novo cenário antes de tomarmos uma decisão?

3- Ainda, Foz do Iguaçu precisa ser ouvida quanto aos destinos de Itaipu. A cidade é o solo onde se assentam as fundações da barragem e onde vive parte considerável da força de trabalho que construiu e opera a hidrelétrica. Nos últimos anos, investimentos, em especial nos setores de educacional e infraestrutura, feitos por Itaipu, mostraram o quanto a cidade tem potencial para se tornar um hub turístico-ambiental-educacional-logístico do Brasil e do Mercosul. Assim, ampliar a participação de Itaipu nesse processo no mínimo na proporção de sua nova receita líquida, pode trazer benefícios para Foz e para a fronteira. O mesmo raciocínio pode ser feito para os municípios lindeiros ao Lago de Itaipu, tanto no Brasil quanto no Paraguai. 

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Portanto, esse debate não pode ficar fechado apenas em reuniões. Precisa ganhar a mídia, as universidades, os sindicatos, as prefeituras e as casas legislativas. E precisa ser pauta nas eleições que se aproximam. Da mesma forma, Foz do Iguaçu, se quiser participar desse processo, precisa se antecipar, abrir o debate, exigir participação nas decisões e ter voz em todo o processo de revisão do tratado e de decisão quanto aos rumos de, ao menos, parte dos recursos de Itaipu. 

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