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Juan Manuel Dominguez

Juan Manuel Dominguez é jornalista

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Julian Assange: A liberdade liberal é uma farsa

(Foto: Reuters)
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O Caso do programador e jornalista australiano, Julian Assange, mostra às claras que o caráter “democrático” e liberal do sistema político dos Estados Unidos não passa de uma grande farsa. Julian Assange, fundador do WikiLeaks, é perseguido pelos Estados Unidos por ter recebido e difundido informações relacionadas a crimes de lesa humanidade perpetuados neste país nas guerras do Iraque e Afeganistão, também os vejámenes aos que eram alguns presos na base naval da Bahia de Guantánamo.

Após a revelação da informação, os Estados Unidos iniciaram uma perseguição contra Assange, Wikileaks e seus cercanos, inclusive solicitaram ao Reino Unido a extradição para que fossem julgados neste país. este juicio poderia levá-lo a cumprir uma condenação de até 175 anos de prisão.

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Assange recebeu o Prêmio de Nova Mídia da Anistia Internacional do Reino Unido em 2009 por expor execuções extrajudiciais no Quênia ao distribuir e publicar a investigação da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia (KNCHR) Kenya: The Cry of Blood – Extra Judicial Killings and Disappearances.

Ao receber o prêmio, ele disse: "O fato de esta injustiça estar documentada é um reflexo da coragem e força da sociedade civil queniana."

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Em 2010, ele recebeu o Prêmio Sam Adams e foi o vencedor da Escolha dos Leitores da revista TIME para Pessoa do Ano de 2010.

Em abril de 2011, ele foi nomeado para a lista das 100 pessoas mais influentes da Time. Uma pesquisa informal com editores da Postmedia Network considerou-o o mais relevante do ano, depois que seis em cada dez entrevistados sentiram que Assange "afetou profundamente a maneira como as informações são vistas e entregues".

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O Le Monde, uma das cinco publicações que cooperaram com o WikiLeaks para publicar os vazamentos de informações, nomeou-o Personalidade do Ano, com 56% dos votos em sua pesquisa online.

Em fevereiro de 2011, foi anunciado que Assange havia recebido o Prêmio da Paz de Sydney pela Sydney Peace Foundation da Universidade de Sydney por sua "coragem e iniciativa excepcionais na busca do

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A notícia chocou por sua injustiça e por desrespeitar os padrões mínimos de direitos humanos e o direito universal à comunicação.

Desde a publicação dos diários do Iraque e Afeganistão e dos arquivos da Baía de Guantánamo, Assange pagou com anos de sua vida por essas publicações e passou mais de 12 anos em confinamento, o que sem dúvida prejudicou sua saúde física e mental, por isso, em 4 de janeiro de 2022, um juiz britânico rejeitou o pedido de extradição dos EUA e decidiu que tal medida seria "opressiva" devido à deterioração de sua saúde mental. Infelizmente, esta decisão não foi considerada pelo tribunal superior.

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Vale lembrar que Assange teve que buscar asilo em 2012 na Embaixada do Equador em Londres para evitar ser preso. Lá permaneceu até 2019, quando o Governo do Equador deixou de manter seu status de asilado e, por isso, foi despejado da Embaixada, e a partir de então foi detido em uma prisão de segurança máxima em Londres.

A prisão e extradição de Assange nada mais faz do que mostrar a impunidade do poder político-econômico-midiático em sua grosseira mordaça diante da publicação de informações de indubitável interesse público.

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Passado 17 de junho, a Ministra do Interior britânica, Priti Patel, firmou o expediente que permite a extradição de Julian Assange, fundador do Wikileaks, para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar uma condenação de até 175 anos de cárcere. O perigo que levou Assange a esta situação é muito longo, e assinado pelas sucessivas mudanças de orientação no poder de diferentes Estados. Tras refugiar-se na embaixada do Equador em Londres e receber asilo político por decisão do então presidente Rafael Correa em 2012, Assange foi detido em abril de 2019 após a anulação de seu status de asilado definido pelo presidente Lenin Moreno. Desde então, Assange espera a decisão definitiva da justiça britânica no cárcere de segurança máxima de Belmarsh, no sul de Londres. Através do Wikileaks, o comunicador australiano revelou, entre 2010 e 2011, cabos e documentos da inteligência norte-americana que revelaram crimes cometidos pelo exército dos EEUU em diferentes partes do mundo. Como o vídeo que retrata um grupo de soldados americanos que disparam desde um helicóptero contra civis iranianos desarmados, matando a marmelos, entre elas um fotógrafo da agência Reuters; ou os documentos que proíbem o uso sistemático da tortura durante a ocupação norte-americana no Afeganistão e no cárcel iraquiano de Abu Ghraib; ou os registros da detenção de 150 civis inocentes no cárcere de alta segurança de Guantánamo, de qual Wikileaks também filtraram o escalofriante manual de interrogatório.

A perseguição contra Assange foi escrita em vários capítulos que incluíram desde acusações de abuso sexual na Suécia até um procedimento sob a Lei de Espionagem nos EUA. Ao longo desses 12 anos, o jornalista enfrentou um longo e complexo processo judicial que o levou a se refugiar por sete anos na embaixada do Equador em Londres.

Hoje Assange é um símbolo da liberdade de imprensa e, como tal, é defendido por personalidades de todo o mundo. Os últimos sinais de apoio vieram dos palácios presidenciais da América Latina: os governos de Gustavo Petro na Colômbia, Andrés Manuel López Obrador no México e Lula da Silva no Brasil levantaram suas vozes contra essa injustiça e imploraram o fim do assédio.

O presidente do Brasil, Lula da Silva, juntou-se às mensagens de apoio à liberdade de Julian Assange e pediu à imprensa uma "campanha global" para denunciar a situação do jornalista australiano. O dirigente junta-se assim às fileiras de altos representantes, como Gustavo Petro, que têm pedido o apoio do jornalista a bem da liberdade de expressão.

Lula se pronunciou a favor de Assange em coletiva de imprensa que concedeu de Londres, onde assistia à coroação do rei Carlos III. Cidade onde o fundador do WikiLeaks aguarda em uma prisão de segurança máxima e a resolução do seu processo de extradição para os Estados Unidos. Aliás, esta sexta-feira, o próprio Assange enviou uma carta aberta ao monarca inglês, onde o convida a visitá-lo na prisão e verificar as suas péssimas condições.

Há mais de uma década que o caso de Julian Assange, Wikileaks desvenda a farsa da liberdade liberal propugnada pelos Estados Unidos, e mostra às claras o abuso de poder da potência imperial exercido sobre o resto do mundo. O terrível precedente que deixaria essa história caso Assange seja efetivamente extraditado é a mensagem de que ninguém pode questionar o poder e a brutalidade norte-americana. Ninguém conseguiu parar a guerra e os massacres cometidos pelos Estados Unidos e aliados no Afeganistão, Iraque e incluso na Síria. Ninguém pode tornar visíveis os crimes de guerra de um dos estados mais assassinos da história através do trabalho jornalístico. O medo e o silêncio da imprensa corporativa mundial é a melhor evidência de que a tal liberdade de expressão está viciada por uma realidade ideologizada e submetida ao império do poder.  

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