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Eduardo Guimarães

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Junho de 2013 cobra reflexão da esquerda

"Junho de 2013 foi empreendido por grupos de esquerda que não tinham influência nos governos do PT que se sucediam desde 2003", diz Eduardo Guimarães

(Foto: Reuters/Luciana Whitaker)
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Os dez anos das famigeradas "jornadas de junho de 2013" se completam em um momento em que o Brasil se questiona por ter piorado tanto política e institucionalmente após aquele processo quase surreal. Afinal, se um garoto de 15 anos sai à rua quebrando pontos de ônibus e fachadas de bancos em nome de melhores serviços públicos, os adultos que o circundam deveriam ser contra, explicando que violência nunca é o caminho para nada. 

Não foi o que aconteceu em junho de 2013. Em maior ou menor grau, militantes políticos, jornalistas e até partidos políticos "passavam pano" para garotos -- muitos deles imberbes -- que usavam a famigerada "tática black bloc" para manifestarem posições políticas que exigiam táticas mais sensatas, para dizer o mínimo. 

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Essa é uma discussão que nunca terminou, se é que começou algum dia. 

Apesar do mal que aquelas manifestações causaram ao país, o fato de terem sido idealizadas e iniciadas por grupos de esquerda tão radicais quanto irrelevantes, estabeleceu uma barreira de silêncio sobre aquela ideia de jerico que -- como diz a autora de um livro e um documentário sobre junho de 2013, a socióloga Angela Alonso --  abriram espaço para a vitória de Jair Bolsonaro em 2018.

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Além de burra, a tática era antidemocrática. Os manifestantes paralisaram São Paulo -- e, em seguida, outras capitais, como o Rio de Janeiro -- até que fossem atendidos pedidos que jamais poderiam ser -- e que, na verdade, não eram a verdadeira razão dos protestos.

Prova disso é que o cancelamento do aumento das passagens de ônibus -- o motivo alegado para os protestos -- não provocou o tal recuo. Mas o que, então, queriam os manifestantes? As pautas dos protestos após o cancelamento do aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus e metrô eram difusas. 

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Pediam "melhora dos serviços públicos" para deixarem cidades paralisadas voltarem a funcionar. Vale explicar que trabalhadores humildes que se deslocavam durante horas em coletivos e que vinham das franjas da capital paulista para o centro expandido sofriam para chegar ao trabalho ou para retornar às suas casas após exaustivas jornadas de trabalho. 

O fato é que os grupos de esquerda compostos por líderes juvenis atuavam sob os olhares cúmplices até de idosos letrados e experientes que chegavam a defender depredações de patrimônio público e privado pela tática revoltante dos "blocos negros" compostos por jovens pobres e negros, sim, mas também por brancos oriundos da esquerda caviar que prometiam "mudar o Brasil" vestidos com jeans que chegavam a custar um salário mínimo ou mais.

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O movimento não foi usurpado pela direita, como dizem, porque desde a sua gênese tinha elegido Dilma Rousseff como alvo principal. Ela era acusada por fazer um governo de coalizão que Lula também tinha empreendido (duas vezes) e que, devido à sua força política e à ausência de machismo contra homens, nunca tinha lhe rendido tantos ataques. 

Em 17 de junho de 2013, em São Paulo, no Largo da Batata, uma manifestação que reuniu 65 mil pessoas teve performances de manifestantes contra Dilma e o PT protagonizadas por esquerdistas de partidos pequenos e até, em pequena monta, do próprio PT. Gritavam: 

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-- Hei, Dilma, vai !!@#*!...!!!

Era tudo que a extrema-direita -- sentindo-se insultada pela Comissão Nacional da Verdade, levada a cabo pela então presidenta da República -- queria. E, por isso, não tardou a aderir. 

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Residente na região da Avenida Paulista, cobri cada uma das  manifestações que ali começavam e depois se espalhavam pela cidade. Não à toa, gritavam o bordão "Vem Pra Rua", que deu nome a um movimento de direita que aglutinaria o fascismo em um movimento com esse mesmo nome e que, dois anos depois, derrubaria a presidenta. 

Em um documentário da produtora de extrema-direita Brasil Paralelo, Jair Bolsonaro -- que, até então, era um político inexpressivo e visto como caricato -- disse, em alto e bom som, que "nasceu" politicamente em junho de 2013. 

Muitos artigos, reportagens e trabalhos acadêmicos tentam "entender" o que dispensa maior entendimento. Os fatos falam por si. Junho de 2013 foi empreendido por grupos de esquerda que não tinham influência nos governos do PT que se sucediam desde 2003. 

Mas a burrice daquele movimento enfraqueceu Dilma, o PT e criou o antipetismo como o conhecemos hoje, afastando da esquerda grande parte daqueles que, até então, haviam apoiado o partido e seus dois presidentes da República. A extrema-direita, até então trancada no armário pela vergonha de seu regime nazista de 1964, decidiu sair do móvel e ganhar as ruas, pegando carona no "militontismo" que, então, ganhava ares de "idealismo". 

A intenção deste trabalho é propugnar que a esquerda faça, enfim, uma reflexão para que não cometa, de novo, o mesmo erro. No Brasil, esquerda e direita travam uma guerra fratricida e que transpassou o século 20 e se agravou neste século. E a esquerda só não sucumbiu completamente a ela devido a um fenômeno (efêmero) da política: Lula.

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