Michel Zaidan avatar

Michel Zaidan

393 artigos

HOME > blog

Jurgen Habermas e a volta da comunidade

Habermas fala de uma sociedade civil mundial, animada pela solidariedade de ongs, sem fronteiras nacionais

Jurgen Habermas e a volta da comunidade (Foto: AMANDA PEROBELLI)

A visão do filósofo Jurgen Habermas sobre  as virtualidades solidárias da "comunidade" se insere na sua veemente crítica ao socialismo real e ao Estado de Bem-Estar europeu (o Estado providência). Isso levou seus críticos a o julgarem próximo ao neoliberalismo.  Mas a crítica do filósofo parte de outros pressupostos distintos. 

Ele constata que a interferência do Estado na vida social nunca é  neutra, em razão do tipo de racionalidade (instrumental) que caracteriza o Estado moderno e o mercado. E propõe um outro tipo de política baseada na solidariedade, no mundo da vida ( como uma estrutura  articulada pelos atos de fala locucionários) e um novo tipo de racionalidade (comunicativo). 

Na verdade, pode-se dizer que é  o protagonismo da chamada sociedade civil, a ação  civil pública, não estatal, moldada pela iniciativa autônoma das comunidades  na busca de arranjos e soluções para seus problemas. Iniciativas minadas pela interferência do Estado. 

Em outros textos, Habermas fala de uma sociedade civil mundial, animada pela solidariedade de ongs, sem fronteiras  nacionais. O que permitiria  pensar em comunidades virtuais,  através das redes, com agendas humanitárias e universais.

 Essa ação pública civil voluntária ocorre  por ocasião de grandes catástrofes, guerras, perseguições políticas, étnicas e religiosas. Tudo isso levaria  a uma nova cidadania em rede e a um mundo sem fronteiras. Um novo conceito de sociedade  civil,  animada pela racionalidade comunicativa.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.