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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

629 artigos

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Juro zero implode teto de gasto

(Foto: Ueslei Marcelino - Reuters)
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Contradição capitalista tupinquim

O ex-presidente do BC, Ilan Goldfan, no Valor, hoje, diz que o juro baixo, caminhando para zero, no mundo inteiro, veio para ficar, impondo realidade de fora para dentro, demonstrando que o capitalismo nacional não caminha com as próprias pernas.

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A grande contradição capitalista brasileira do momento é que os empresários estão com medo de continuar jogando suas economias na especulação sobre a dívida pública, desviando-as da produção, devido ao subconsumismo decorrente da desigualdade social em marcha.

A lição presente do capitalismo mundial é a de que os governos, superendividados, decidiram se salvar de previsíveis incêndios hiperinflacionários, jogando o juro para zero ou negativo, depois do crash de 2008.

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Os endividamentos governamentais não suportam mais juros positivos.

Os bancos centrais americano, europeu, japonês, chinês, russo, indiano, coreano etc atuam no mesmo sentido: congelam o custo da dívida, para continuarem se endividando, mas não mais pagando juro para girá-la.

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A norma, agora, é o aplicador jogar 100 reais no dia primeiro de janeiro nos bancos e recolher 70 reais em 31 de dezembro.

A desvalorização imposta pelo juro zero ou negativo preserva a dívida, instrumento essencial do capitalismo, para puxar a demanda global, mas congela-a, por tempo indeterminado, para evitar implosão hiperinflacionária do sistema.

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Preserva-se a galinha dos ovos de ouro, em vez de matá-la com juros positivos.

Até agora, diante do juro negativo europeu, americano, japonês, chinês etc, os aplicadores internacionais corriam ao Brasil, paraíso fiscal, para continuarem se reproduzindo na especulação financeira tupiniquim.

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Mas, como estão vendo que, nos seus próprios países, essa alternativa bichou, por que insistirem nela em terra brazilis, se suas poupanças passam a correr perigo de evaporarem?

Ganharam muito até agora, mas a mamata, de usufruírem juros fixados acima do crescimento do PIB, como ocorre desde o Plano Real, acabou.

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Virou risco total continuar a jogatina, potencializando agiotagem que o Estado nacional não consegue mais bancar, enquanto desindustrializa-se o país, via sobrevalorização cambial.

Assim, os empresários brasileiros, que, até agora, faziam esse jogo, colocando suas reservas na especulação, para garantir taxa de lucro elevada, impossível de ser realizada na produção e no consumo, afetados pela austeridade fiscal neoliberal, põem, também, suas barbas de molho.

Entram em pânico, diante do perigo de implosão da dívida pública brasileira, que já se aproxima dos 100% do PIB, girando no curtíssimo prazo, a juros capitalizados, juros sobre juros, anatocismo, condenado, como crime, pelo STF, conforme Súmula 121.

Xeque-mate financeiro!

Nesse cenário, que, se continuar, vai levar para o fogo da especulação, a poupança deles, ganha sem precisar trabalhar, os empresários passam a enxergar o óbvio: somente, sobreviverão, se o governo gastar para puxar demanda global, já que o setor privado, sozinho, não consegue se salvar do afogamento, puxando os próprios cabelos.

A partir dessa lógica, o jogo vira.

O negócio passa a ser romper o teto de gasto, imposto para vigorar por 20 anos, pelos golpistas neoliberais de 2016, pois, se mantido, ao lado de juro positivo, coloca em risco o que os empresários tupiniquins colocaram para render, especulativamente, na dívida pública.

Vai ficando claro que o juro positivo sobre a dívida vira empecilho ao crescimento, por ser causa central do déficit público e da inflação.

Juro zero ou negativo joga o custo da dívida para baixo, ou seja, combate-se, eficazmente, o déficit, enquanto a saída passa ser aumento dos gastos não financeiros, como alternativa para garantir remuneração dos capitalistas, que deixa de se realizar diante de juro zero ou negativo.

Romper o congelamento neoliberal, para que o governo possa aumentar seus gastos, torna-se imperativo categórico kantiano.

Afinal, a única variável econômica, realmente, independente sob capitalismo, é a quantidade de oferta monetária que o governo joga na circulação, como diz Keynes.

Quando ele faz isso, 1 – aumenta preços, 2 – reduz salários, 3 – diminui juros e 4 – perdoa dívida contraída à prazo, pelo governo, famílias e empresas.

Assim, diz o autor de “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, aumenta a Eficiência Marginal do Capital(lucro), e desperta-se o espírito animal dos empresários.

Só juro baixo não dá.

O capitalismo, depois do crash 1929, ainda não descobriu outra saída sustentável que não a keynesiana.

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