CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
José Guimarães avatar

José Guimarães

Advogado, deputado federal e Líder do Governo na Câmara dos Deputados

119 artigos

blog

“Justiça de Curitiba” leva a democracia à beira do abismo

Com essa manobra completamente ilegal, Sérgio Moro escancarou de vez o partidarismo e parcialidade com que age sempre que se trata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

“Justiça de Curitiba” leva a democracia à beira do abismo (Foto: Pedro de Oliveira/ ALEP)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Neste domingo (8), o Brasil assistiu perplexo a mais um espetáculo de afronta aos pilares da Justiça, que representam, por sua vez, a base do Estado Democrático Direito. Um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, decidiu desacatar a decisão de um superior hierárquico – o desembargador Rogerio Favreto – para libertar o ex-presidente Lula, preso político há três meses em Curitiba. E pior, Moro agiu sem ter nenhuma jurisdição sobre o caso, que já se encontra há muito na segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, onde atua Favreto.

Com essa manobra completamente ilegal, Sérgio Moro escancarou de vez o partidarismo e parcialidade com que age sempre que se trata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se ainda havia alguma dúvida quanto isso, agora ficou tudo muito patente. Mesmo de férias e sem ter mais competência sobre o processo, o juiz de Curitiba utilizou um recurso processual que não existe, a consulta, para contrariar a ordem de um desembargador e ainda pedir que outro juiz do mesmo tribunal, João Paulo Gerbran Neto, interferisse na decisão.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Moro argumenta que Favreto não teria competência para decidir sobre o caso. A decisão, segundo sua interpretação enviesada, caberia somente ao desembargador Gerbran Neto, juiz titular do caso. Acontece que, nos tribunais brasileiros, o juiz de plantão, que no caso desse domingo era Rogerio Favreto, tem total competência e jurisdição para julgar os processos que recebe. No caso, foi o habeas corpus apresentado pelos deputados federais do PT Wadih Damous (RJ), Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP). Não restam dúvidas, portanto, de que a decisão de Favreto é legal e válida, e deveria ter sido imediatamente executada.

Mesmo a alegação do presidente do TRF-4, Thompson Flores, de manter a prisão do ex-presidente Lula, carece de legitimidade, conforme argumenta o professor de Direito Constitucional, Luiz Moreira Gomes Júnior. Segundo afirma o professor, ao contrário do que argumentou Thompson Flores, não ocorreu, no caso do habeas corpus, “conflito objetivo de competência”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Luiz Moreira Gomes esclarece que esse conflito existiria se dois juízes de mesmo nível hierárquico de plantão, portanto ambos com jurisdição sobre o caso, tomassem decisões contrárias entre si. Somente nessa circunstância caberia ao presidente do tribunal atuar como árbitro das decisões conflitantes. Não foi o caso, uma vez que Gebran Neto não se encontrava em exercício no Tribunal e não competiria a ele interferir.

Todos os juristas consultados são unânimes em dizer que o juiz Moro errou. Nada mais caberia após a concessão do habeas corpus que conceder a liberdade ao ex-presidente Lula. Se quisesse recorrer da decisão, que utilizasse os meios jurídicos legítimos – recorrer às instâncias superiores, no caso Tribunal Superior de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Tudo que não poderia ocorrer foi exatamente o que aconteceu – manter o ex-presidente em uma prisão a cada dia mais ilegal e de viés totalmente político, como fica cada vez mais transparente. Ao agir desta maneira a “república de Curitiba” fere não apenas os direitos do ex-presidente Lula. Engana-se quem acredita nessa falácia. Essa “justiça” de exceção coloca em cheque a credibilidade de todo o sistema jurisdicional e deixa a democracia brasileira à beira do abismo.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO