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Antonio Lassance

Antonio Lassance é doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB)

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Kátia Abreu não existe

A lógica da bombástica sentença da ministra maluquinha, se levada às últimas consequências, produz alguns resultados muito interessantes

A lógica da bombástica sentença da ministra maluquinha, se levada às últimas consequências, produz alguns resultados muito interessantes (Foto: Antonio Lassance)

Protegida por uma panela, improvisada como capacete, a ministra maluquinha da Agricultura, Kátia Abreu, soltou o grito do Ipiranga de que o Brasil está livre do latifúndio.

Fernando Henrique deve dar o ar da graça, a qualquer momento, para comentar esse novo grito de independência e reclamar: 'mais uma para dizer que a história do Brasil começou com os governos do PT'. Seu partido prepara uma nota para declarar que, se isso for realmente comprovado, depois de alguma recontagem dos latifúndios, o crédito só pode ser aos tucanos.

A lógica da bombástica sentença da ministra maluquinha, se levada às últimas consequências, produz alguns resultados muito interessantes. Por exemplo:

'Não existem mais latifúndios no Brasil'.

Kátia Abreu é latifundiária.

Logo, Kátia Abreu não existe.

Portanto, Dilma tem um problema a menos para resolver.

Outra conclusão:

'Não existem mais latifúndios no Brasil'.

Logo, os títulos de propriedades rurais que indicam uma extensão maior que a de muitos países são todos fajutos. Disso já se suspeitava faz tempo, mas só agora pudemos comprovar o fato por meio da lógica sentencial irrefutável.

Ainda puxando um pouco mais o fio da meada, se 'não existem mais latifúndios no Brasil', logo, esses mesmos títulos de propriedade, todos de araque, devem ser transferidos dos cartórios do país para o acervo de obras de ficção da Biblioteca Nacional.

Logo, a ministra maluquinha é séria candidata ao prêmio Jabuti de literatura.

Só não corre o risco de tomar o lugar de Juca Ferreira, na Cultura, porque, como já se sabe, Kátia Abreu não existe. Ainda bem.

Artigo publicado na Carta Maior

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.