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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Keynes venceu Hayek; Haddad terá de vencer Tebet?

'A despeito do rótulo de liberal, Tebet tem sinalizado mais preocupação social do que aquela fixação com a austeridade fiscal' diz Paulo Henrique Arantes

Fernando Haddad e Simone Tebet (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil | Waldemir Barreto/Agência Senado)
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Por mais que o debate econômico tenha se pluralizado, sua essência ainda é a mesma que cevou a contenda intelectual entre John Maynard Keynes e Friedrich Von Hayek na primeira metade do Século XX, denominem-se os contendores como liberais e desenvolvimentistas, ortodoxos e heterodoxos ou outros rótulos. De um lado, aqueles que querem ver o Estado longe da economia; de outro, os que o desejam como indutor dela.

Hayek perdeu definitivamente a disputa em 2008, quando a aplicação de muitos dos seus princípios construiu o ambiente gerador da megacrise financeira. Laboratórios hayequianos vinham se disseminando ao longo da História recente, cujo exemplo mais próximo está no Chile de Pinochet, pelas mãos de Milton Friedman e com a louvação de Paulo Guedes. O livro “A Doutrina do Choque”, da ótima jornalista Naomi Klein, conta em detalhes as aventuras da turma neoliberal mundo afora.

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A experiência keynesiana respondeu pelo mais elevado nível de bem-estar já registrado especialmente nos Estados Unidos do Pós-Guerra, até a ascensão de Ronald Reagan, em 1981. A diminuição da desigualdade, o aumento real dos salários e coisas do tipo incomodaram. Deu-se uma espécie de “revolta” do ectoplasma alcunhado “mercado”. A prosperidade advinda da economia hayequiana na era Reagan - tendo Margaret Thatcher como símile britânica - sempre significou prosperidade exclusiva, acúmulo de dinheiro não produtivo. Nada a ver com desenvolvimento socioeconômico. Tanto que hoje está conceitualmente derrotada no mundo inteiro, salvo em cabeças atordoadas como a de um Paulo Guedes.

Ora-se para que entre os futuros ministros da Fazenda e do Planejamento não ocorra uma rodada extemporânea de conflito na linha Keynes versus Hayek, mesmo porque o primeiro voltou a reinar e o segundo encontra-se em profundo sono acadêmico. Fernando Haddad exibe percepção clara da necessidade de a economia ser conduzida antes de tudo na direção da busca da igualdade, do desenvolvimento, do incentivo à produção, do pleno emprego. De outra parte, a despeito do rótulo de liberal, Simone Tebet tem sinalizado mais preocupação social do que aquela irritante fixação com a austeridade fiscal - bons sinais. A torcida é para que a emedebista não adote postura a priori pelo “mercado”, a não ser quando o interesse desse fantasma coincidir com o do país como um todo, se é que isso é possível. 

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Economia é ciência humana. Ao quem tudo indica, Hayek continuará dormitando na Escola de Chicago, enquanto a radiografia do mundo pela ótica de Keynes permanece mais viva do que nunca, como atesta o trecho a seguir, extraído de sua obra máxima e imortal, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda: “O que desejamos apenas é lembrar que as decisões humanas que envolvem o futuro, sejam elas pessoais, políticas ou econômicas, não podem depender da estrita expectativa matemática, uma vez que as bases para realizar semelhantes cálculos não existem e que o nosso impulso inato para a atividade é que faz girar as engrenagens, sendo que a nossa inteligência faz o melhor possível para escolher o melhor que pode haver entre as diversas alternativas, calculando sempre que se pode, mas retraindo-se, muitas vezes, diante do capricho, do sentimento ou do azar”.

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