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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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La vie en rose

"A Nuvem Rosa" é um belo exemplar de filme de gênero que foi capaz de antecipar nossas angústias atuais

(Foto: Reprodução)
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Antes de mais nada, um letreiro: "Este filme foi escrito em 2017 e filmado em 2019. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência". Depois de passar por Sundance e outros festivais internacionais, A Nuvem Rosa chega ao público brasileiro com o epíteto de "o filme que previu o isolamento social". Quando uma onda de misteriosas nuvens rosa invade o mundo de repente, todos precisam permanecer trancados onde estavam para não ter morte instantânea no espaço externo. 

Giovana (Renata de Lélis) estava em casa com Yago (Eduardo Mendonça), que acabara de conhecer numa festa. A impossibilidade de sair à rua vai determinar uma insólita união. Com a passagem do tempo, o casal se forma e passa a viver as circunstâncias de uma vida entre quatro paredes. Compras recebidas por um tubo, contatos e até sexo e parto virtuais sugerem uma versão radicalizada do que vivemos hoje com a pandemia. Com a agravante de uma necessária adaptação ao tal novo normal. 

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Caso fosse estritamente um filme de ficção científica, A Nuvem Rosa teria maior campo a explorar numa situação tão extrema. A mitificação da nuvem pela geração nascida no isolamento, por exemplo, é um dos caminhos potenciais que ficam apenas tangenciados. Outro é o vício em realidade virtual adquirido por Giovana. Mas o filme se ocupa, principalmente, em examinar como seria uma vida em família nessas contingências. Até que ponto os simulacros e fantasias atenderiam às exigências de uma convivência forçada? Como administrar conflitos quando o distanciamento está fora de cogitação?

A família desponta aí, talvez, como uma imposição da natureza humana. E ao mesmo tempo um desafio para ser mantida em situações-limite. 

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A diretora gaúcha Iuli Gerbase – filha do cineasta Carlos Gerbase e da produtora Luciana Tomasi – demonstra uma notável segurança nesse primeiro longa depois de seis curtas e dois episódios da série A Bênção. Afora um certo vácuo na indicação de passagem do tempo na parte inicial, o roteiro avança com coerência e cria boas expectativas quanto ao cotidiano da família e ao contexto atmosférico. 

A coloração da nuvem parece introjetar-se nos interiores e em detalhes da cenografia, gerando uma leve sugestão de pesadelo, que no entanto não descamba para o fantástico. A fotografia de Bruno Polidoro, a montagem de Vicente Moreno e a música de Caio Amon convergem para a criação de um clima ao mesmo tempo suave e inquietante. Um belo exemplar de filme de gênero que foi capaz de antecipar nossas angústias atuais.  

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>> A Nuvem Rosa está na plataforma Telecine Play.

Assistam ao trailer:

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