Lancellotti, eles sabem o que fazem!
Exigimos o padre Júlio à frente da sua paróquia, distribuindo café da manhã e fazendo o que sempre faz em prol do mais necessitado
Tão hedionda é a posição do ódio diante de Deus que diz-se que um homem que odeia está andando na escuridão, ao contrário da luz (1 João 2:9, 11). A disparada da extrema direita na América do Sul e Europa acentuam as brigas dos dois polos. Inacreditavelmente atingiram as decisões clericais, quando silenciam o Padre Júlio Lancellotti que acolhe, alimenta e defende os mais vulneráveis. O padre teve que anunciar o fim das transmissões das missas e foi impedido de usar as redes. Foram 40 anos na paróquia, mas vai ser transferido depois de virar alvo de ataques de parlamentares da direita. Afinal, qual o nosso papel diante dos mais necessitados? Não devemos dar as mãos aqueles que não têm nada? Afinal, Provérbios 19:17: "Quem se compadece do pobre empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício".
As pessoas devem lembrar que a instituição igreja apoiou a ditadura militar e foi a responsável pela Inquisição medieval. Foucault dizia que temos dois tipos de relações religiosas. A religião Natural, que seria a relação direta entre a pessoa e a divindade. A religião positiva seria o conjunto de Leis, dogmas, ritos que são regras propostas pelos seres humanos e suas sombras. Então, em muitos casos dentro do tradicionalismo e conservadorismo gostam de usar o autoritarismo e a comunhão com o poder. A censura do cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, mostra um pouco dessa face. Mesmo sendo um conhecido combativo contra o fascismo, não resiste aos ataques da extrema direita que vão desde acusação de usar roupas vermelhas, até o apoio ao padre Lancellotti.
A Teologia da Libertação foi o ápice do entendimento do irmão necessitado em um país conservador. Um país de maioria católica, com aumento das religiões pentecostais e carinho com as religiões afro-brasileiras, prefere acreditar em um Jesus de metralhadora ao Jesus do povo. Imagina pregar uma fé cristã na transformação social, com a libertação dos oprimidos, através do conhecimento libertador da exploração e opressão, lutando por uma sociedade mais justa e inspirada no Evangelho é um perigo para aqueles que querem dominar uma população como o “Coronel e seus escravos”. Uma relação que necessita que a população não possa pensar ou debater.
A popularidade do padre Júlio causa preocupação, inveja, a ponto de o arcebispo determinar o fim do seu trabalho diário? Será que especuladores imobiliários de direita pressionaram para que ele desocupe a área? Sabemos que a mudança de estratégia das igrejas neopentecostais que apostavam na Teologia da prosperidade para agora teologia do domínio. Essas igrejas, que são expandidas na sociedade e nos níveis do poder, não são mais sobre Cristo e sim Davi, senhor do império. A teologia do domínio trabalha com a imposição ao outro através da fé sobre todos aqueles que pensam diferente. O Novo Testamento está sendo deixado de lado para focar no Velho Testamento, onde surge o ideal de Davi, senhor de um império que cobiça e assassina. Aquele que comete adultério com Bate-Seba, esposa de Urias e assassinato de Urias para encobrir o ato, porém respeitado pelo seu reino. A comparação é feita para retirar a ideia de mito e perfeito, mas um líder imperfeito e assim como Deus usou um líder imperfeito e pecador como Davi para seus propósitos, Trump, Netanyahu e Milei são colocados como exemplos por apoiadores e críticos.
Mas como vemos as contradições acontecendo no campo da extrema direita, com o famoso “eu posso, você não pode”, “dois pesos, duas medidas”, vemos que a igreja Católica que afasta a fala do Padre Lancelotti deixa que o Frei Gilson faça as suas "lives" contra o Comunismo.
Exigimos o padre Júlio à frente da sua paróquia, distribuindo café da manhã e fazendo o que sempre faz em prol do mais necessitado, lutando contra as injustiças dos homens aos seus irmãos. "Aquele que trata bem os pobres empresta ao Senhor, e Ele o recompensará" (Provérbios 19:17).
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

