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      Carlos Henrique Abrão

      Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo

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      Legado de Vargas Llosa

      "Ao longo de décadas, provocou reflexões e, acima de tudo, lutou por um mundo no qual a sociedade pudesse ser mais justa e participativa"

      Mario Vargas Llosa em Madri - 1/3/2016 (Foto: REUTERS/Andrea Comas)

      Mente brilhante e escritor talentoso, faleceu aos 89 anos de idade o literato peruano Vargas Llosa, com um enorme legado deixado nas obras e principalmente no questionamento sobre o que deu errado na América Latina. Democrata e liberal, nunca opinou em prol da radicalização, mas sempre buscou se inspirar nos valores de uma sociedade livre e conforme as esperanças de crescimento e do próprio desenvolvimento. Entretanto, ao longo dos séculos, a América Latina persistiu nos seus erros, com violência, injustiças sociais, desmandos, explorações e graves assimetrias, as quais participavam de uma preocupação direta do escritor nos seus trabalhos, o último e talvez inacabado a respeito do professor Jean-Paul Sartre.

      De toda forma e de qualquer sorte, o Nobel peruano teve significante importância no acalentar esperanças e mudar o retrato de uma civilização em desenvolvimento, trazendo nos seus livros uma resenha completa da imaginação e do longo alcance dos sonhos que tinha quando projetava a integração e mudança nos costumes dos povos. Desenvolveu trabalhos e palestrou mundo afora com riqueza e inovação, não apenas como um literato ganhador do Prêmio Nobel, mas como uma pessoa do seu tempo zeitgeist, enormemente voltada para as características geográficas e territoriais de todo o continente, alastrando seu pensamento e sua vocação ao ideal democrático.

      Deixa, com tudo isso, uma passagem forrada na revolução dos costumes e das crenças das pessoas, um achado inigualável comparável ao insuperável Gabriel García Márquez, nos Cem Anos de Solidão, trabalhos que permanecem na memória do povo e nas academias de letras, coroando os autores com prêmios de requintado galardão.

      Foi colaborador de muitos periódicos, inclusive do Estadão, tendo escrito: Conversa na Catedral, A Guerra do Fim do Mundo, A Cidade e os Cachorros, A Festa do Bode. Imaginando a realidade atual, temos guerras sem fim, a exemplo do Oriente e Leste Europeu; a partir da pandemia, alastrou-se o número de cães mundo afora, e isso se tornou um permanente olhar do cultivo da proximidade, distante ao longo da Covid-19. Fica a lembrança de um escritor que, ao longo de décadas, provocou reflexões e, acima de tudo, lutou por um mundo no qual a sociedade pudesse ser mais justa e participativa.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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