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Song Yiran

Song Yiran é correspondente do Escritório Latino-Americano do Diário do Povo

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Levantando uma voz comum para o Sul Global

O que construímos é uma história compartilhada de um destino comum

Levantando uma voz comum para o Sul Global

Gostaria de compartilhar com vocês algumas das minhas reflexões, como jovem correspondente internacional do Diário do Povo, sobre como a cooperação midiática e o intercâmbio entre think tanks podem promover o entendimento mútuo, o diálogo político e a sinergia estratégica entre a China e a América Latina.

Vivemos em um momento de transformação acelerada e de reformulação da ordem global. Mudanças profundas no cenário do desenvolvimento global dotaram os países do Sul Global de um potencial sem precedentes de sinergia e ampliaram o espaço para o discurso internacional.

No entanto, a assimetria de informação e a falta de narrativas diversas ainda representam grandes barreiras ao entendimento mútuo entre civilizações. Nesse contexto, como romper as barreiras de comunicação existentes e construir uma nova ecologia de comunicação internacional — enraizada na verdade, que respeite a diversidade e promova o entendimento — tornou-se uma questão premente para veículos de comunicação e think tanks em todo o mundo.

A mídia capta o pulso do tempo e promove a conectividade entre pessoas; think tanks reúnem insights intelectuais e promovem o entendimento mútuo. O aprofundamento da cooperação entre a mídia e os think tanks pode ajudar a fortalecer a voz coletiva do Sul Global, amplificar a “voz do Sul” e destacar as responsabilidades compartilhadas das nações do Sul.

Como um dos veículos de comunicação tradicionais mais respeitados e influentes da China, o Diário do Povo sempre se comprometeu a promover a troca de informações e o entendimento mútuo entre a China e os países latino-americanos. Como jovem repórter radicada na América Latina, gostaria de compartilhar três histórias pessoais que refletem o calor da cooperação entre China e América Latina, a profundidade do afeto mútuo e a responsabilidade da mídia.

A primeira história começa com uma reportagem do Global Times. Em 15 de maio, o Global Times publicou uma reportagem detalhada, de página inteira, intitulada “Meio ano após a inauguração, o Porto de Chancay apresenta números impressionantes”, planejada e escrita em conjunto pelo Escritório da América Latina do Diário do Povo. Desde o lançamento do projeto, em 2021, até sua plena operação comercial hoje, visitei o Porto de Chancay cinco vezes para cobrir para o Diário do Povo e suas plataformas afiliadas.

Da primeira estaca cravada no solo à atracação do primeiro navio cargueiro, testemunhei este “novo ponto de partida da moderna Trilha Inca” transformar-se de projeto em realidade. Um agricultor peruano que cultiva mirtilos me disse, certa vez: “Antes, levava pelo menos 40 dias para enviar nossos mirtilos para a China, e o transporte de longa distância afetava seriamente sua qualidade e preço. Agora, com este novo porto, podemos ver não apenas rotas de navegação para o mundo, mas também uma vida mais brilhante.”

Na cerimônia de inauguração do porto, um jovem operário da construção civil disse, em lágrimas: “A geração do meu pai nunca saiu de Chancay. Espero que meus filhos possam ir muito mais longe.”

Para mim, projetos como o Porto de Chancay não são apenas infraestrutura — são pontes emocionais. Eles personificam a conexão entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento da América Latina, repletas de calor humano e profundidade. Registrei esses momentos com minha caneta e os senti com o coração. Contar essas histórias autênticas me orgulha do dever que exerço como jornalista chinesa.

A segunda história começa no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Todos os meus colegas em nosso escritório documentaram esta renomada universidade com suas câmeras e canetas. Também visitei este belo campus muitas vezes e guardo muitas boas lembranças.

Certa vez, entrevistei o professor Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional do Brasil e professor da universidade. Tivemos uma animada discussão sobre a cooperação entre a China e o Brasil em arqueologia, cultura e educação. Ele me disse, com entusiasmo acadêmico: “Observamos uma reverência compartilhada em civilizações antigas e vemos um futuro comum em nossos laços culturais.”

Em novembro passado, durante a Feira de Ensino Superior da China, realizada na universidade, um estudante brasileiro me perguntou — em um chinês um tanto hesitante: “Você acha que vou receber uma oferta da universidade chinesa dos meus sonhos?” A expectativa brilhando em seus olhos me fez perceber, profundamente, que cada artigo que escrevemos, cada foto que tiramos e cada entrevista que conduzimos ajuda a construir uma ponte em direção aos sonhos dos jovens na China e no Brasil.

Assim como nossa parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Escritório do Diário do Povo para a América Latina estabeleceu conexões regulares com as principais universidades e think tanks latino-americanos. Criamos mecanismos para um intercâmbio oportuno sobre a cooperação China–América Latina. A cada ano, entrevistamos mais de 150 pessoas de diversos setores da região e convidamos diversos especialistas, acadêmicos e embaixadores para contribuir com comentários.

A terceira história começa com uma lembrança compartilhada pelo Sr. Leonardo Attuch, editor-chefe do Brasil 247. Um pouco antes, o Sr. Attuch relembrou, com carinho, que, no outono passado, o chefe do Escritório na América Latina do Diário do Povo, em nome do jornal, convidou o Brasil 247 para participar de uma turnê de imprensa conjunta China–Brasil.

Do final de outubro ao início de novembro do ano passado, o Diário do Povo fez parceria com 15 grandes veículos de comunicação brasileiros — incluindo o Brasil 247, o Monitor Mercantil e outros — para realizar um programa de entrevistas conjunto com o tema “Construindo em Conjunto uma Comunidade China–Brasil com um Futuro Compartilhado”.

Da usina de dessalinização de água no Rio Grande do Norte à estação conversora do projeto de transmissão de energia UHV de Belo Monte, no Rio; da expansão do metrô em São Paulo à fábrica de baterias da BYD no Rio Amazonas — repórteres chineses e brasileiros viajaram por cinco estados, percorrendo mais de 10 mil quilômetros e produzindo quase 100 reportagens e trabalhos multimídia. Capturas de tela das páginas da cobertura da entrevista conjunta do Brasil 247 e do Monitor Mercantil foram publicadas no Diário do Povo, tornando-se um exemplo vívido da colaboração midiática entre os nossos dois países.

Coincidindo com a Quarta Reunião Ministerial do Fórum China–Celac, o Departamento Internacional do Diário do Povo e nosso escritório lançaram em conjunto uma série especial intitulada “China e América Latina: Parceiros Naturais”. As reportagens mostraram como a amizade continua a florescer neste continente promissor.

A série foi rapidamente republicada por dezenas de veículos de comunicação de grande porte, em 12 países, nos idiomas inglês, espanhol, português e holandês. O Brasil 247 e o Monitor Mercantil publicaram a série completa. Eu contribuí pessoalmente para uma das quatro primeiras reportagens, que apresentou a renomada atriz brasileira Lucélia Santos e seus laços com a China. Por meio de sua história, exploramos como os intercâmbios culturais estão aproximando nossos povos.

Hoje, nos reunimos para explorar o futuro da cooperação na mídia e dos intercâmbios entre think tanks. Ações falam mais alto que palavras. Na minha opinião, o melhor compromisso é caminhar juntos por campos e fábricas, portos e campi — para medir a profundidade da cooperação com nossos próprios passos. O melhor tipo de intercâmbio é registrar, de mãos dadas, as próximas histórias autênticas e poderosas — como a esperança nos olhos de um trabalhador portuário, a saudade na voz de um estudante ou o riso de repórteres caminhando lado a lado.

Quando profissionais de mídia e acadêmicos de think tanks do Sul Global trabalham em uníssono, o que transmitimos não é apenas informação — é o poder do empoderamento mútuo. O que construímos não são apenas narrativas — é uma história compartilhada de um destino comum.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.