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Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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Levante contra a censura

A censura tem muitas caras e desculpas, todas insustentáveis. Alguns dizem que é para proteger a família, como se tivéssemos nos tornado incapazes dependentes da tutela do governo para definir os nossos caminhos. É o projeto do obscurantismo

(Foto: Divulgação)
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A juíza federal Laura Bastos Carvalho derrubou, no último dia 07/10, a portaria do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que cancelou um edital de produções audiovisuais para as TVs públicas, depois que o presidente Bolsonaro atacou a existência das categorias “diversidade de gênero” e “sexualidade”. A decisão é um alento em um cenário de tantos vetos e restrições a filmes, exposições, livros, apostilas escolares, pinturas, palestras, músicas e até a camisetas de times de futebol. Segundo o site Observatório da Censura à Arte, já foram mais de 15 casos apenas no segundo semestre de 2019.

O mais recente é o cancelamento do espetáculo Caranguejo Overdrive, do grupo Aquela. Como sempre, a suspensão ocorreu às vésperas da estréia, já com a pré-produção em andamento, causando prejuízo à companhia, como em uma punição extra. A ironia é que o grupo havia sido convidado pelo próprio órgão censor, o Centro Cultural Banco do Brasil, para apresentar dois espetáculos de seu repertório, o premiadíssimo Caranguejo... e Guanabara Canibal, dentro da programação do festival "CCBB - 30 anos de Companhias". Mas, em cima da hora, e sem explicações, o CCBB cancelou uma das peças, talvez por achar que pessoas adultas não estariam preparadas para ver a montagem que atravessa diversos períodos na nossa história e aborda desde as remoções urbanísticas na cidade do Rio a fatos políticos do país, como a ditadura de 1964, as milícias e os incêndios na Amazônia.  

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O nome disso é CENSURA, um dos principais instrumentos dos sistemas autoritários. A censura é como um olheiro que vigia cada pessoa todo o tempo, controlando as informações, o aprendizado e o conhecimento. Elimina o debate de ideias e a pluralidade de pensamentos, impõe a ideologia única do estado sobre o direito de cidadãos e cidadãs. Ela já está em nosso cotidiano.

A Caixa Econômica Federal, por exemplo, determinou que todos os projetos com a chancela da Caixa Cultural devem ser previamente aprovados pela superintendência da estatal e pela Secretaria de Comunicação (Secom) do governo, comandada pelo olavista Fabio Wajngarten. Os funcionários são forçados a preencher uma ficha de avaliação, que estabelece, no campo “Polêmicas”, que sejam verificados “possíveis riscos contra as regras dos espaços culturais, manifestações contra a Caixa e contra governo e quaisquer outros pontos que podem impactar”. Outros campos de análise são: “Histórico do artista nas redes sociais e na internet e participação em outros projetos” e “Histórico do produtor nas redes sociais e na internet”.

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A denúncia, gravíssima, revela que o governo Bolsonaro criou uma rede de espiões virtuais, obrigando servidores públicos a vigiar cidadãos e cidadãs! Segundo trabalhadores da Caixa, são fortes o clima de tensão e o medo de demissão.

A censura também é exercida pela via econômica e pela via da ofensa pessoal. Neste ano, em que o cinema brasileiro mostra extremo vigor, com vários prêmios internacionais e recordes de bilheteria, o governo Bolsonaro deu mais uma demonstração de sua aversão à Cultura ao cortar 43% das verbas do Fundo Nacional para o Audiovisual. 

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No campo da ofensa, nada mais emblemático do que o comportamento pernicioso do diretor de uma instituição que leva a Arte no nome, que veio a público atacar e xingar uma das maiores artistas brasileiras, a atriz Fernanda Montenegro. A resposta teve as naturais elegância e firmeza de Fernanda, durante o lançamento do seu livro 'Prólogo, ato, epílogo', em São Paulo: “Nenhum sistema vai nos calar. Este é um livro sobre uma mulher de teatro e, de repente, passou a ser um ato de resistência. Estamos unidos aqui, hoje, em torno da liberdade de expressão”, afirmou a artista, que faz 90 anos no próximo dia 16 de outubro.

A censura tem muitas caras e desculpas, todas insustentáveis. Alguns dizem que é para proteger a família, como se tivéssemos nos tornado incapazes dependentes da tutela do governo para definir os nossos caminhos. É o projeto do obscurantismo. Contra ele, nos levantamos, em solidariedade a artistas, produtores e todos os fazedores da Cultura e da Arte brasileiras, e convidamos para o ato nesta sexta-feira, 11/10, às 16 horas, em frente ao CCBB/RJ.

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Censura, nunca mais!

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