Liberdade de expressão e o apocalipse
O governo estadunidense quer controlar a narrativa sobre a ameaça de um conflito nuclear
Publicado no Substack do autor em 11 de abril de 2025
Se dependesse do governo dos EUA, meu livro mais recente, Highway to Hell: The Armageddon Chronicles, 2015-2024 [A Estrada para o Inferno: As Crônicas do Apocalipse, 2015-2924], nunca teria sido escrito, muito menos publicado. O governo estadunidense quer controlar a narrativa sobre a ameaça de um conflito nuclear. Highway to Hell destrói essa narrativa oficial, expondo a realidade dos perigos de uma guerra nuclear e como o governo dos EUA está tornando esse conflito não apenas uma possibilidade, mas uma probabilidade distinta para o povo estadunidense e o resto do mundo.

Quando Highway to Hell foi concebido, eu estava no meio de uma campanha — Operação DAWN [Amanhecer] — projetada para tornar a prevenção da guerra nuclear e a promoção do controle de armas um tema central nas eleições presidenciais de 2024. O livro seria um guia para educar os estadunidenses sobre o perigo iminente de uma guerra nuclear e a absoluta necessidade do desarmamento e do controle de armas como mecanismos ideais para manter o "gênio nuclear" na garrafa.
No entanto, o Departamento de Justiça dos EUA e o FBI do governo Biden se ofenderam com essa campanha e, como parte de um esforço maior para combater a chamada "interferência russa" no processo eleitoral americano, agiram.
Em 7 de agosto de 2024, o FBI invadiu a minha casa. Eles confiscaram os meus dispositivos eletrônicos pessoais, incluindo meu laptop principal, onde eu guardava os meus arquivos e rascunhos de trabalhos em andamento. Naquele laptop, havia vários artigos extensos e dois livros em fase de elaboração. O FBI também apreendeu o material de arquivo que estava sendo usado tanto nos artigos quanto nos rascunhos dos livros.
Link para um trecho do livro: https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_webp,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F2a002529-1442-4ec6-87a0-ba9ecbf60dc4_825x276.pngTexto no trecho: HIGHWAY TO HELL / The Armageddon Chronicles 2015-2024 / Scott Ritter / “A humanidade não está mais protegida da guerra nuclear pelos tratados de controle de armas entre os EUA e a Rússia. Este livro alerta o leitor para o perigo existencial que as armas nucleares representam hoje e busca motivá-lo a agir. Ele reúne algumas das melhores análises de Scott Ritter sobre o perigo das armas nucleares e a necessidade de controle, extraídas de dezenas de artigos que ele escreveu sobre a corrida armamentista, o fim do controle de armas, o papel nuclear da China, Irã, Coreia do Norte e Israel, e a mudança na postura nuclear dos EUA — da dissuasão para o seu emprego.”
Mas o FBI fez mais: ao realizar uma invasão tão espetacular, destacaram as suas alegações de que eu era um agente da Federação Russa. Eles questionaram a minha credibilidade como jornalista e analista e, ao vincular as suas acusações ao meu status de colaborador da RT e da Sputnik, tentaram me pintar como um propagandista russo — e, por extensão, o meu trabalho como propaganda russa.
Em resumo, a invasão do FBI foi um ato teatral elaborado para destruir uma voz crítica no exato momento em que essa voz mais precisava ser ouvida: na véspera de uma eleição nacional em que a questão da guerra nuclear e do controle de armas era uma das mais importantes para o povo estadunidense.
Embora eu estivesse — e ainda esteja — impossibilitado de acessar os rascunhos dos artigos e livros, além dos documentos de pesquisa arquivados, eu não permitiria que o FBI e, por extensão, o governo dos EUA, me silenciassem.
Quando o trabalho que o governo rotulou como "propaganda" (ou seja, meus artigos publicados na RT e na Sputnik) é combinado com o trabalho que fiz ao longo da última década, os esforços do governo falham miseravelmente.
Isso é especialmente verdadeiro ao abordar a ameaça representada pelas armas nucleares e a importância crítica do controle de armas para conter e eliminar esse perigo.
O governo federal dos EUA alega que, nos artigos que publiquei na RT e na Sputnik, eu apenas repetia os pontos de discussão russos.
Nada poderia estar mais longe da verdade: quando esses artigos são lidos lado a lado com dezenas de outros que escrevi ao longo dos anos para veículos como The Huffington Post, TruthDig, The American Conservative, The Washington Spectator, Consortium News e Energy Intelligence, a consistência dos argumentos e a forte dependência de análises baseadas em fatos destacam a realidade de que o meu trabalho é exclusivamente meu, sem influência de terceiros, incluindo o governo russo.
=Link para a citação de Dennis Fritz: https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_webp,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F99bc035f-1aac-4105-abf3-f02107c0d445_485x485.pngTexto dentro da citação: “Qualquer pessoa que se preocupe com a sobrevivência do nosso planeta deve ler esta crônica notável.” / DENNIS FRITZ, Diretor da Eisenhower Media Network e ex-Comandante-Chefe do Comando Espacial”
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No entanto, os artigos tinham a intenção de influenciar o público-alvo: o povo estadunidense.
E era exatamente isso que o FBI e o governo Biden estavam tentando impedir ao invadirem minha casa.
Ao preparar o rascunho original de Highway to Hell, eu havia revisado a totalidade dos meus escritos sobre armas nucleares e controle de armas desde 2015. Eu já havia escrito alguns capítulos antes da invasão do FBI, que foram perdidos quando o FBI confiscou o meu computador. Qualquer escritor sabe o quão difícil é se dedicar a um projeto e o quão complicado é tentar recriá-lo caso seja perdido, apagado ou — como neste caso — roubado pelo governo dos EUA.
Eu estava com dificuldade para me motivar a reescrever os capítulos em questão e, ao reler os meus artigos anteriores para me inspirar, tive um insight: por que reinventar a roda?
O livro que eu estava tentando escrever já estava, para todos os efeitos, escrito.
Além disso, ao compilar os diversos artigos que escrevi ao longo dos anos em um único volume, organizados cronologicamente por tema, eu poderia demonstrar a qualquer leitor que o que escrevi para a RT e a Sputnik era exatamente o mesmo que escrevi para meus editores nos EUA. E, finalmente, ao publicar um livro que incorporasse os artigos que escrevi para a RT e a Sputnik sobre armas nucleares e controle de armas, eu estaria enfrentando as forças que tentavam me silenciar — não apenas continuando a falar e escrever sobre temas que as incomodavam, mas também publicando o próprio material que elas tentaram apagar da vista do público.
=Link para a citação de Andrew Napolitano: https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_webp,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F99bc035f-1aac-4105-abf3-f02107c0d445_485x485.pngTexto na citação: “Não espere dormir muito depois de começar a ler este livro.” / HON. ANDREW J. NAPOLITANO, Ex-juiz da Suprema Corte de Nova Jersey e autor best-seller do The New York Times”
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Highway to Hell agora era mais do que apenas um alerta sobre os perigos das armas nucleares e a necessidade de livrar o mundo dessa ameaça — era também a manifestação física da necessidade absoluta da liberdade de expressão (minha voz) e de uma imprensa livre (a Clarity Press, que teve a coragem de publicar este livro sob pressão do governo dos EUA).
A ameaça de uma guerra nuclear hoje é tão grande quanto em qualquer outro momento da era nuclear — até maior do que durante a Crise dos Mísseis de Cuba, em outubro de 1962. Um dia, a história do que aconteceu entre setembro e dezembro de 2024, com a corrida insana do governo Biden em direção ao apocalipse nuclear, virá à tona. O que sabemos agora, porém, já é suficiente para gelar a espinha de qualquer estadunidense: o governo Biden autorizou a Ucrânia a usar mísseis ATACMS de longo alcance, fabricados pelos EUA, contra alvos dentro da Rússia — mesmo após uma avaliação do Pentágono afirmar que tais ações tinham mais de 50% de chance de desencadear uma resposta nuclear russa.
Mais de 50%.
E o governo Biden prosseguiu mesmo assim.
Alguns podem achar que o governo Biden acreditava que os russos estavam blefando.
Mas um importante membro democrata do Congresso, ao ser informado pela CIA sobre a nova doutrina nuclear russa — que o governo Biden estaria testando ao autorizar o uso de ATACMS pela Ucrânia — deixou claro que a CIA havia concluído que os russos não estavam blefando.
A parte mais assustadora do briefing, segundo esse representante, não foi a conclusão da CIA, mas o fato de que os altos funcionários do governo Biden presentes não estavam preocupados com a possibilidade de um "intercâmbio" nuclear com a Rússia.
=Link para a citação sobre Scott Ritter: https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_webp,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F273ccaff-e212-41a8-ba11-12d78f652e81_799x267.pngTexto na citação: “Scott Ritter é um ex-oficial de inteligência da Marinha dos EUA que serviu na ex-União Soviética, implementando acordos de controle de armas, e na equipe do General Norman Schwartzkopf durante a Guerra do Golfo, onde teve um papel crucial na caça aos mísseis SCUD iraquianos. De 1991 a 1998, Ritter foi Inspetor-Chefe da ONU no Iraque, liderando a busca por armas de destruição em massa proibidas. Ele foi um crítico vocal da decisão estadunidense de entrar em guerra com o Iraque. Atualmente, reside no interior do estado de Nova York, onde escreve sobre controle de armas, Oriente Médio e segurança nacional. Highway to Hell é o seu décimo segundo livro.”
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Esse fato foi reforçado por uma apresentação feita em novembro de 2024 pelo oficial do Comando Estratégico responsável pelos planos de guerra nuclear dos EUA. O Almirante Thomas Buchanan, chefe do J-5 (Planos e Políticas) do Comando Estratégico, disse a uma plateia em um painel do Center for Strategic and International Studies [Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais] que os EUA estavam preparados para lutar e vencer uma guerra nuclear. Embora ele não tenha citado a Rússia como o inimigo nesse cenário, essa conversa ocorreu exatamente no momento em que o governo Biden estava jogando roleta russa nuclear com os mísseis ATACMS.
É dever do público estadunidense se munir de conhecimento e informação sobre os perigos da guerra nuclear e a necessidade do controle de armas.
Highway to Hell é um recurso ideal para esse empoderamento.
E o fato de o governo dos EUA ter feito o possível para impedir a publicação deste livro deveria ser motivo ainda maior para que ele seja lido por todos os estadunidenses.
Porque a liberdade de expressão não é livre se o povo dos EUA for privado de informações pelo seu próprio governo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




