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Vinícius Carvalho

Mestre em História do Tempo Presente, pela Universidade do Estado de Santa Catarina e analisa os desdobramentos do neoliberalismo e do caos político pós-crise de 2008.

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Liberdade de Expressão em tempos de hegemonia reacionária

Os guardalícias - guarda municipal que acha que é polícia - que pisotearam o tapete em homenagem a Marielle Franco em Ouro Preto, só o fizeram e alegaram que "liberdade de expressão tem limite", por razões ligadas ao bolsonarismo

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Os guardalícias - guarda municipal que acha que é polícia - que pisotearam o tapete em homenagem a Marielle Franco em Ouro Preto, só o fizeram e alegaram que "liberdade de expressão tem limite", por alguns motivos:

1 - A direita brasileira não defende a liberdade de expressão, ela apenas sequestrou esse conceito e vem tensionando seus usos, moldando-os de forma que liberdade de expressão seja apenas aquilo que eles defendam.

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2 - De forma que, se eu como professor falar sobre Paulo Freire em sala de aula - praticamente um pacifista, um dos maiores intelectuais da história da humanidade, um dos autores mais prestigiados e citados no meio acadêmico mundial e responsável por um dos maiores programas de alfabetização de adultos da história - serei taxado de doutrinador. Já se eles homenagearem torturadores será 'liberdade de expressão'.

3 - A direita compreendeu que existe espaço para a sua radicalização, e o que eles promovem no mundo é algo parecido com aquilo que foi defendido por Ayn Rand na obra "A Revolta de Atlas". Liberdade de expressão é o termo sequestrado e tensiona esse debate para que ela - a extrema-direita representada por figuras como Steve Bannon, Milo Yannopoulos, Olavo de Carvalho, e supostos humoristas como Danilo Gentili, Carioca do Pânico e etc - tenham a liberdade de rebelião. Mas uma rebelião reacionária. A rebelião de banqueiros e estados nacionais contra corpos, contra pessoas e trabalhadores em geral. Uma rebelião violenta, que mata, persegue e prende. É como se fosse uma espécie de desforra, de vingança, contra lutas dos trabalhadores e dos defensores dos direitos civis. É como se eles defendessem um retorno a uma espécie de feudalismo e condições de trabalho e de vida precárias como a da época da Revolução Industrial.

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4 - E esqueçam esse papo de que existe uma direita liberal que não defende isso. Esqueçam supostas páginas progressistas que existem por aí que estão mais preocupadas em defender a Reforma da Previdência do que com violência no campo, em desqualificar movimentos sociais tradicionais como o MST e esses novos parlamentares estrelas aí que dizem que "direita e esquerda são um risco para a democracia". Ora, colocar direita e esquerda no mesmo balaio de gatos debaixo de um governo protofascista, sendo que a direita vem praticando a violência e a esquerda vem sendo violentada, é, nada mais que corroborar com o agressor.

5 - É bem possível essa gente ache que Karl Marx tenha sido tão ruim quanto o Rei Leopoldo II da Bélgica que foi responsável pelo massacre de cerca de 10 milhões de pessoas no Congo. Aliás, eu temo que eles admirem mais o Rei da Bélgica, afinal, o Rei carregava consigo uma série de valores e simbologias da "civilização" tradicional eurocêntrica. A direita liberal está em sono profundo. Em momentos de radicalização, o liberalismo sempre vai se aliar ao fascismo contra o bem-estar social. Ela só vai combater o fascismo quando este bater nas suas portas. Como um tal de Winston Churchil..

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6 - Portanto, os guardas de Ouro Preto agiram tendo a certeza de que, como mini-tiranos, como ditadorezinhos de boteco - eles poderiam pisotear o tapete da Marielle e que ninguém ali poderia dizer nada. Se alguém tentasse alguma coisa, eles tem a liberdade amparada pelo estado de agredir, prender e espancar.

7 - O neofascismo do regime Bolsonaro não se dará com ele mandando matar alguém. Vai se dar quando alguém for morto ou brutalizado por motivos ideológicos e ele, que possui a caneta do Estado nas mãos, não fizer simplesmente nada. Deixe acontecer...

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