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Lideranças evangélicas, policiais e empresariais: estratégias políticas no interior do Brasil

Devemos lembrar que estes grupos ideológicos sobreviverão a qualquer queda de Bolsonaro ou insucesso de um Mourão na presidência do país. Fazem parte de uma visão social da política que encontrarão novas lideranças, caso as atuais não sobrevivam politicamente

Lideranças evangélicas, policiais e empresariais: estratégias políticas no interior do Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Tenho procurado acompanhar as movimentações políticas dos partidos políticos de Jair Bolsonaro e de Hamilton Mourão, PSL (Partido Social Liberal) e PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), respectivamente, nas microrregiões de Minas Gerais e, creio, me parece ser uma estratégia válida para todos os estados do país.

Ambos os partidos vêm procurando alcançar postos nos primeiros escalões, sobretudo nos municípios acima de cinquenta mil eleitores, conformando as cidades polo de cada região. Normalmente estes redutos eleitorais já possuem políticos conservadores com mandatos de deputado federal e ou estadual e estão suscetíveis às articulações políticas envolvendo os interesses dos governos federal e estadual (este, aqui em Minas Gerais, gerido pelo Partido Novo).

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Três movimentações se colocam, sob o mesmo modus operandi, articuladas até certo ponto, porém seguindo caminhos próprios, onde cada força política procura alcançar mais poder de barganha e de acesso a secretarias, cargos, programas e, por consequência, a recursos públicos. Vamos a cada uma delas. Apontando antes, contudo, que na maioria absoluta desses municípios, os atuais prefeitos são filiados aos partidos tradicionais da direita, como o PSDB, PTB, PP e MDB. Mas há também cidades onde os prefeitos são filiados ao PDT, PSB, PRB, PR, Novo, PSD e PSC.

O grupo que vem se articulando de maneira mais capilarizada e articulada é aquele formado por "novas" lideranças evangélicas. Normalmente estão filiados ao PSL, PRB, PR e PSC. Desde o último mês de janeiro, uma enxurrada de secretários municipais com alguma formação técnica nas secretarias que ocupavam, ou mesmo experiência no ramo, foram e vem sendo substituídos por pastores e missionários, que normalmente ainda são debutantes em processos eleitorais ou nunca ocuparam nenhuma função pública comissionada, nem eleições. Estas "novas" lideranças são a "bola da vez". Em sua maioria pertencem às Igrejas Universal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus, do Evangelho Quadrangular, Internacional da Graça de Deus e a ministérios diferenciados da Assembléia de Deus, Batista e Metodista. Estou vendo lideranças religiosas pentecostais e neopentecostais, sem a mínima formação ou experiência em áreas públicas como Serviços Urbanos, Meio Ambiente, Assistência e Desenvolvimento Social, Saúde, Habitação, Obras Públicas, Educação, assumindo pastas com estas funções, em razão da onda evangélico-bolsonarista, ainda com bastante intensidade nas médias cidades. A pressão das lideranças políticas evangélicas tem sido muito forte sobre os prefeitos e "virou moda", viralizou!

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Um segundo grupo, o PRTB, em conluio sobretudo, aqui em Minas Gerais, com PDT, Novo, PSB e PSD, pressiona prefeitos dos partidos tradicionais da direita através do viés militar. Suas "novas" lideranças são formadas basicamente por soldados, cabos, sargentos, delegados e investigadores. Vêm ocupando postos nas administrações municipais na maioria das autarquias municipais que cuidam de serviços urbanos, trânsito e mobilidade, direitos do consumidor e assessorias de imprensa. Por vezes são também evangélicos, porém com a insígnia policial à frente quando se trata de política. Não são, efetivamente, da burocracia evangélica. Essa onda também viralizou, com o discurso da Ordem acima de tudo. Evidentemente, têm aumentado os casos de abusos de autoridade policial, da interferência no direito de ir e vir das pessoas, da imposição de horários e locais tradicionais de diversão da população, e, consequentemente um aumento da pressão política em promotores e juízes de comarcas menores no sentido de que estes corroborem com tais ações.

Podemos dizer que um terceiro grupo se capilariza, nos outros dois citados acima, podendo estar ligado ora num, ora noutro, dependendo do município: pequenos e médios empresários, emergentes nos governos democrático-populares liderado pelo PT, agora amedrontados pela crise econômica que lhe bate às portas. Este grupo entende que os outros dois, seja via Bolsonaro ou Mourão irão aprofundar os desmontes dos direitos trabalhistas, da Seguridade Social e estão revoltados por "pagarem" impostos para os pobres sobreviverem "às suas custas". Estão se apossando das associações comerciais, das câmaras de dirigentes lojistas e das indicações comissionadas nas assessorias técnicas das câmaras municipais, a fim de controlarem suas pautas. Pressionam, ademais, pela criação das Guardas Civis, nas cidades onde essas corporações inexistem. Se pudessem, a bem da verdade, criariam as "milícias municipais", para dar jeito na "bandidagem social".

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Assim, cada qual nas suas estratégias, PSL, PRTB e seus partidos, igrejas ou segmentos empresariais vêm desenvolvendo suas táticas para ocuparem cargos e postos de tomadas de decisões em importantes municípios que polarizam regiões interioranas, mas que são entes importantes não somente para a condução política do país, mas para as eleições de 2020 e de 2022. E devemos lembrar que estes grupos ideológicos sobreviverão a qualquer queda de Bolsonaro ou insucesso de um Mourão na presidência do país. Fazem parte de uma visão social da política que encontrarão novas lideranças, caso as atuais não sobrevivam politicamente. Somente poderão mudar suas ações, de forma pragmática, a partir da liberdade, liderança e ações de Lula, no momento em que o Brasil mudar seu rumo e seu prumo.

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