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Cristina Roberto

Cozinheira, empreendedora, ativista cultural e defensora de alimentos seguros e saudáveis

2 artigos

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Livrai-nos dos venenos

Os trabalhadores rurais estão sofrendo de uma epidemia por intoxicação e nada está sendo feito. Dos lavradores, os impostos são rigorosamente cobrados, mas quando a doença aparece, a maioria é deixada à própria sorte. A farra dos agrotóxicos também é um ataque ao meio ambiente

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Nas mãos de um governo ilegítimo e de um Congresso Nacional sem escrúpulos, o Brasil está sendo desconstruído numa escalada de retrocessos, de subtração de direitos e da soberania.

Precisamos, com urgência, retomar o processo democrático e impedir a destruição das conquistas sociais, econômicas, culturais, ambientais e humanas que alcançamos com os governos populares. Precisamos avançar e não retroceder.

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Como mulher, mãe, cozinheira profissional e militante da cultura, estou cada vez mais preocupada com o quadro de descontrole que se alastrou para todos os setores da vida nacional.

No caso da segurança alimentar estamos vivendo uma situação alarmante. Nossa comida vem sendo sistematicamente envenenada pelo uso indiscriminado de agrotóxicos. Em vez de dar um basta neste problema, o Congresso Nacional pode autorizar o uso de mais pesticidas nas lavouras por meio do Projeto de Lei 6299/02.

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Uma decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, concedeu na última sexta-feira, 3, tutela antecipada para que seja suspensa em 30 dias o registro de todos os agrotóxicos à base do agrotóxico mais utilizado na agricultura brasileira, especialmente nas lavouras de soja, o glicosato, provável cancerígeno. Além do Tiram, já proibido nos EUA, que é mutagênico e desregulador endócrino, e da Abamectina, altamente tóxica no contato direto, além de ser suspeita de toxicidade reprodutiva. Esses são os fatores que impedem o registro destes venenos pelas leis atuais.

Esta decisão vale até que a Anvisa finalize as reavaliações destas substâncias, que se arrastam desde 2008. Em seu parecer a juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura afirma que "a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem conhecimento sobre a potencialidade da lesão ao ambiente dos ingredientes ativos".

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Esta foi uma vitória conquistada devido às grandes mobilizações que estão sendo feitas para sensibilizar à sociedade da importância da união dos homens da cidade e do campo no combate as tentativas de colocarem mais veneno em nossa alimentação.

O Brasil já é o maior consumidor de agrotóxicos, muitos deles banidos da Europa e Estados Unidos por serem mortais, alguns são usados em doses até seis vezes acima do indicativo pelos próprios fabricantes. Estamos sendo envenenados e ainda pagamos por isso. Você sabia que os fabricantes de agrotóxicos recebem incentivo do governo? Eles têm isenção de PIS/CONFINS e de IPI, além de desconto de até 60% no ICMS. É isso mesmo. Envenenam a nossa comida e, como prêmio, ficam livres dos impostos.

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Um relatório da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) mostra que pelo menos 70% dos alimentos in natura consumidos no país são contaminados por agrotóxicos. Entre eles, 28% apresentaram venenos não autorizados. Já a Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência (SBPC) alerta que entre 2000 e 2012, houve um aumento de 288% no uso de pesticidas no Brasil.

Outro dado escandaloso: segundo o Ministério da Saúde entre 2007/2015, houve 84.206 notificações de intoxicação por agrotóxico.

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Os trabalhadores rurais estão sofrendo de uma epidemia por intoxicação e nada está sendo feito. Eles são vítimas de câncer, de diversas doenças degenerativas, de suicídio, e seus filhos estão nascendo com má-formação fetal. Dos lavradores, os impostos são rigorosamente cobrados, mas quando a doença aparece, a maioria é deixada à própria sorte.

A farra dos agrotóxicos também é um ataque ao meio ambiente. A contaminação da água, por exemplo, vai às raias do absurdo. A legislação brasileira estabelece um limite de 5.000 vezes superior ao máximo aceitável na água potável da Europa. Vejam como as multinacionais e nossos próprios governantes nos tratam como cidadãos de segunda classe.

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Em minha jornada como empreendedora da área de alimentação há mais de 40 anos, nunca vi uma situação tão preocupante. A segurança alimentar das nossas famílias está seriamente prejudicada. A saúde dos trabalhadores do campo está sob ataque permanente e o equilíbrio ambiental vem sendo brutalmente negligenciado.

Em todo o mundo, cientistas, ambientalistas e políticos comprometidos com o bem comum reconhecem que é preciso deter o avanço dos agrotóxicos e investir na agroecologia, na produção de alimentos orgânicos e em processos agrícolas ambientalmente equilibrados.

O Brasil detém vastas extensões de terras agricultáveis, clima favorável e grande oferta de mão de obra. Somos o país ideal para realizar a verdadeira revolução agrícola do século 21. Podemos ser um exemplo para o mundo produzindo grandes quantidades de alimentos saudáveis, preservando o meio ambiente e, ainda, oferecendo qualidade de vida para os trabalhadores do campo e das cidades. Podemos ser uma potência mundial em agricultura orgânica e sustentável. É questão de escolha. Precisamos decidir sobre a transição agroecológica que precisamos implementar já.

Temas como esse, que afetam diretamente a vida de todos os brasileiros e brasileiras, precisam ser debatidos com muita atenção daqui até as eleições de outubro. Essa é a grande oportunidade que temos de eleger pessoas realmente comprometidas com a vida, com o bem-estar da população e como o futuro de nosso país.

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