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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Luiza Trajano confirma Vargas: burguesia brasileira é burra

Empresária Luiza Trajano (Foto: World Economic Forum/Jakob Polacsek | Reuters | Fotos Públicas)
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Por César Fonseca 

Como se explica o apoio de 47% da burguesia nacional, segundo o Datafolha, ao bolsonarismo que destruiu o poder de compra dos salários e coloca a própria burguesia em bancarrota por falta de consumidores para os seus produtos, levando a economia ao desemprego em massa, à concentração da renda, à desigualdade social, à fuga de capital e à estaginflação? 

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O desabafo da empresária Luíza Trajano, cotada para ser vice na chapa de Lula, de que a fome e o desemprego inviabilizam desenvolvimento, sinaliza crítica ao próprio empresariado que trabalha contra seus próprios interesses ao apoiar reformas neoliberais que inviabilizam fortalecimento do mercado interno, marca registrada das eras Vargas e Lula, graças à melhor distribuição da renda nacional; essencialmente, Trajano coloca na ordem do dia a crítica de Getúlio à burguesia contra o nacionalismo como fator essencial à construção da soberania nacional.

Getúlio Vargas, em Minha Alegria de Viver, do jornalista Samuel Wainer, chama a burguesia brasileira de burra por não perceber, segundo ele, que estava criando as condições para ela investir e expandir seus negócios com a criação de mercado consumidor, no Brasil, graças às legislações trabalhistas; era, na verdade, o que estava acontecendo nos países europeus e nos Estados Unidos, no pós guerra, como algo necessário à recuperação econômica global, bem como à estabilidade política, de modo a evitar o avanço do comunismo soviético, fantasma contra a propriedade privada capitalista.

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SOCIAL EMBALA O ECONÔMICO

As legislações sociais se transformaram em fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável do mercado interno; criação do salário mínimo,  sua valorização para melhor distribuir a renda, ao lado das empresas estatais como agentes desenvolvimentistas – caso da Petrobrás, Eletrobrás, indústrias metalúrgicas para transformação do minério de ferro – capaz de agregar valor ao produto industrial brasileiro – representavam exigências do desenvolvimento nacionalista impulsionado na Era Vargas, cujas consequências foram fortalecimento da própria burguesia.

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Apesar disso, os burgueses comerciantes e industriais brasileiros não engoliam Getúlio, caindo na conversa antinacionalista dos Estados Unidos, contrários ao desenvolvimento varguista, que produziu recuperação econômica, principalmente, depois que realizou a auditoria da dívida nacional, diminuindo, consideravelmente, o peso dos bancos ingleses que mandavam a desmandavam na economia, até final da República Velha, detonada pela Revolução de 1930. 

ETERNA OPÇÃO ERRADA

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Como se sabe o jogo equivocado da burguesia nacional antigetulista, que acabaria matando Vargas, por recusar entregar a Petrobrás, impediria, historicamente, a formação de uma direita nacionalista no Brasil, a exemplo da que se desenvolveu na Alemanha, na França, na Itália, e, principalmente, nos Estados Unidos, a partir do final do século 19; sem visão geopolítica estratégia a burguesia tupiniquim não ganharia autonomia suficiente para construir capitalismo brasileiro suficientemente forte, porque desdenhou a conquista social getulista de dar poder de compra aos trabalhadores, algo essencial ao próprio poder nacionalista burguês.

Aliada dos americanos, em sua vertente entreguista, na linha da UDN e de ideólogos como Carlos Lacerda e Eugênio Gudin, a burguesia conservadora, antinacionalista, carecia de suficiente visão histórica, sintonizada com defesa da soberania nacional, submetida ao seu eterno algoz: o pensamento imperial colonialista; deu as costas aos verdadeiros ideólogos da burguesia nacional, como Roberto Simonsen, Lodi, defensores do nacionalismo pregado por Matarazzo, que apoiava Getúlio, sem se envolver demais na política interna, dada sua condição de italiano simpático a Mussolini, a quem considerava necessário para o avanço do nacionalismo na Itália etc.

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ARREPENDIMENTO BURGUÊS

Em seu livro A Noite do Meu Bem, Rui Castro, descreve o equívoco e o arrependimento da burguesia nacional de participar da derrubada de Getúlio, substituído pelo General Dutra; eleito com apoio de Vargas, Dutra, no poder, jogou pela janela as políticas nacionalistas getulistas, levando os burgueses à crise de realização dos seus lucros; nas boates chics do Rio de Janeiro, os ricaços, descreve Castro, na história do samba-canção brasileiro, choravam, no embalo de Dolores Duran, o fato de que o general abriu as portas para importações de mercadorias que acabaram tomando mercado deles, levando-os à crise; ai que saudade de Gegê, lamentavam; foram levados de roldão à esfera econômica dos Estados Unidos, enquanto suas empresas entrariam em bancarrotas com o festival de importações que abalou a produção nacional.

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A burguesia burra não reagiu à morte de Getúlio como prenuncio da morte da própria burguesia tupiniquim, tal como acontece, hoje, com o ataque à Era Vargas pelo bolsonarismo, antecedido, nesse sentido, pela Era FHC, submetida ao Consenso de Washington, responsável pela bancarrota político-eleitoral dos tucanos.

REPETETO DA BURRICE BURGUESA 

O fenômeno do direitismo burguês burro tupiniquim se repete com Bolsonaro; em 2018, em vez de apoiar quem a promoveu, energicamente, isto é, o nacionalismo distribuidor de renda de Lula, que levou o PT a ganhar 4 eleições seguidas do PSDB, aliado do neoliberalismo de Washington, a burguesia, mal resolvida relativamente a Getúlio, cairia no conto neoliberal pela segunda vez; ajudou a dar o golpe de 2016 em Dilma e se aliou a Bolsonaro, da extrema direita, contra aquele – PT/Lula/Dilma – que favorecera seus interesses no período 2003-2016 – Era PT.

Como Getúlio, Lula valorizou salário mínimo, para assegurar mercado consumidor aos empresários, mas estes, mais uma vez, caíram na conversa imperialista de Washington de que o capitalismo brasileiro padece não de insuficiência de consumo, como diz Marx, para explicar as crises capitalistas, mas de produção de bens duráveis de luxo; o que se vê, agora, é justamente o que Marx determina: o bolsonarismo aprofundou, na pandemia, a crise de insuficiência de demanda global, que produz concentração de renda, instabilidade cambial, fuga de capital, inflação e desindustrialização, sob domínio da financeirização.

FOGO NO PRÓPRIO PATRIMÔNIO

A burguesia nacionalista, fortalecida nos tempos da ditadura militar por Delfim Netto, acabaria tocando fogo nas próprias vestes; destruiu seu próprio patrimônio, as conquistas de Getúlio que a promovia, a saber, valorização do poder de compra dos trabalhadores, igualmente, garantida por Lula, e as estatais, ponto de apoio fundamental para dinamizar indústrias do setor privado, como as empreiteiras, destruídas pela Operação Lavajato, articulada desde Washington; nesse sentido, Getúlio tem ou não razão quando disse a Samuel Wainer, que a burguesia brasileira era(é) burra, ao apoiar Bolsonaro, que a destrói?

Luíza confirma o veredito de Getúlio e defende o mesmo que Gegê e Lula: maior poder de compra dos salários para a economia voltar a crescer, ou melhor, para que as empresas, como as de Trajano, não entrem em bancarrota.

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