Lula, a inércia e as forças da natureza
Não estamos em uma situação de normalidade democrática, de funcionamento harmonioso das instituições e, portanto, chega a ser risível pensar que a "justiça", a "justiça", aquela que por ação e omissão participou ativamente do golpe, irá de alguma forma permitir a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva
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As últimas pesquisas de intenção de voto recentemente publicadas pela mídia, nas quais o protagonismo eleitoral de Luiz Inácio da Silva desponta quase como uma força da natureza a romper os diques solidamente construídos pela elite conservadora, produziram, como subproduto indesejável, uma onda de otimismo e, em alguns casos, de euforia, completamente equivocada e que presta um desserviço aos que se reivindicam da democracia e lutam por um pleito que restitua as condições para a reorganização e normalização da vida social e política do país.
Antes de mais nada, claro está para todos que Lula não tem competidor à altura em qualquer processo eleitoral verdadeiramente limpo e democrático nesse país. Ora, as pesquisas dizem exatamente o que todos nós sabíamos e não apresenta nenhuma grande novidade, apenas reafirmando a liderança do petista para 2018.
Então, onde podemos encontrar o elemento fundador da euforia? Vamos encontrá-lo na ideia de que a força popular e eleitoral de Lula será suficiente para levar de roldão todos os obstáculos colocados à sua frente rumo ao Palácio do Planalto em 2018. Como diriam os antigos, jocosamente: "Ledo e Ivo engano".
Inicialmente, precisamos, de uma vez por todas, entender que nos encontramos em meio ao golpe iniciado em 2016. Vivenciamos uma conjuntura de "Golpe Institucional" ou um "Golpe Longo". Não estamos em uma situação de normalidade democrática, de funcionamento harmonioso das instituições e, portanto, chega a ser risível pensar que a "justiça", a "justiça", aquela que por ação e omissão participou ativamente do golpe, irá de alguma forma permitir a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. É quase inacreditável, mas ainda existe no campo progressista a crença, metafísica decerto, na ação neutra das diversas instâncias do poder judiciário. Entendem que por meio de lacunas e chicanas a candidatura Lula acabará por se impor no cenário da vida real.
Temos aí, uma outra crença de difícil compreensão, aquela que diz respeito ao poder da inércia. Na física, aplicada uma força vetorial ao móvel e não encontrando ele qualquer força em sentido contrário, portanto uma viagem sem qualquer atrito, teremos um movimento retilíneo e uniforme que se manterá até o infinito pela força da inércia. Parece que muitos acreditam no poder inercial de Lula e imaginam que acordaremos em 2019 com a festa da posse do Presidente Operário. Nenhuma oposição, nenhuma luta, apenas a natureza em sua inércia fazendo a parte que lhe cabe para que a natureza continue sua evolução.
Toda a truculência e perfídia do golpe iniciado contra a presidenta Dilma Rousseff, toda logística fornecida pelos Estados Unidos, toda violência legislativa a retirar direitos e conquistas, a violência implícita nas palavras e ameaças do general Mourão, todo o ataque à educação e à cultura, toda cumplicidade da "justiça", toda a força da mídia hegemônica em seu mantra hipnótico repetido até a náusea, tudo isso vencido pela organicidade da natureza, pela racionalidade, enfim adquirida, pelos agentes do poder. Viva o Iluminismo!
Já disse, em artigo anterior, que sem uma grande mobilização popular, nem a candidatura Lula estará de pé em 2018.
À euforia de domingo, o choque de realidade da segunda com a notícia da desabalada carreira do TRF de Porto Alegre, queimando todos os prazos para recusar os recursos da defesa de Lula talvez já no início de março do próximo ano. É parte essencial do golpe, para que tenha todos os efeitos desejados em um tempo dilatado, que a eleição de 2018 consagre no poder um dos seus correligionários. Para isso recorrerão a quaisquer artifícios, legais e ilegais, burocráticos ou violentos, para decidir, e muito mais cedo que pensamos, contra Luiz Inácio Lula da Silva.
E após essa decisão? A quem recorrer? Às forças da natureza? À inercia?
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