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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Lula em conversas políticas pela pandemia

"Olhando pelo retrovisor, não conseguimos enxergar em nenhum momento da história do país um ano em que os trabalhadores deixaram de organizar um ato pelo seu dia. Não houve, por parte da esquerda, nenhuma sinalização externa de que há uma organização em curso, pela reconquista dos direitos perdidos, de combate ao antipetismo ou mesmo de que há uma candidatura sendo posta", analisa Denise Assis

Ex-presidente Lula se dirige aos trabalhadores neste 1º de Maio (Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Olhando pelo retrovisor, mesmo apertando os olhos, não conseguimos enxergar em nenhum momento da história do país um ano em que os trabalhadores deixaram de organizar um ato pelo seu dia. Não conseguimos nos lembrar de uma dessas datas em que o presidente da República não se dirigisse à classe trabalhadora, para enviar-lhe uma mensagem de otimismo e boas novas sobre o salário-mínimo. E, principalmente, nunca vimos as ruas receberem radicais de ultradireita nessa data. A presença de bolsonaristas nas ruas, ontem (01/05) foi inusitada e incômoda.

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Não importa se foi meia dúzia de gatos pingados, cinco mil ou uma multidão. O que conta é o simbolismo, a audácia de tomar as ruas desertas de progressistas, no dia dos trabalhadores, guardados com Deus, em casa, temendo a pandemia. A exceção ficou por conta do ato promovido pelo PCO, na Praça da Sé, que não teve a repercussão esperada. Não se trata aqui de avaliar se foi uma decisão acertada ou não, visto que o número de 400 mil mortes – em grande parte desnecessária e fruto do negacionismo do governo -, mas, sim, do efeito desta ausência do ponto de vista político para a militância.

Mensagens enviadas por nomes de peso, tais como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram exibidas na TV e, no caso dos dois primeiros, quebrando um jejum de cinco anos. Mas que ninguém se iluda. Eles só estavam ali, porque toleraram a companhia de FHC. Do contrário, não teriam sido veiculados. O encontro virtual pode ter inspirado colunas de maior tolerância para com Lula, ou acendido a chama da esperança, mencionada pelo ex-presidente, em sua fala. Talvez haja quem tenha visto nesse encontro virtual, a chance  de diálogo possível entre os diferentes, para fazer frente à massa uniforme e verde-e-amarela de Bolsonaro, hoje, ainda em torno dos 30%.

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Não houve, por parte da esquerda, nenhuma sinalização externa, para os militantes, ou para a sociedade em geral, de que há uma organização em curso, pela reconquista dos direitos perdidos, de combate ao antipetismo ou mesmo de que há uma candidatura sendo posta, ainda que Lula descarte, no momento, essa pauta. Para ele o momento é de luta pela vacina, de apoio ao retorno de R$ 600,00 pagos aos que perderam renda na pandemia, e seus reflexos econômicos. Para isto, inicia hoje, em Brasília, rodadas de conversa com algumas lideranças políticas e embaixadores de países tais como Alemanha, Rússia e China, países que antes do drama da pandemia já o haviam convidado a visitá-los.

Carreatas poderiam ter sido organizadas para saudar a data. Elas não impactam em contaminação. Fazem barulho, marcam presença, chamam a atenção da sociedade. Trabalhadores não têm carro? Não. Não têm. Mas as centrais têm. E, por eles, valia o barulho. O que de modo algum inviabilizaria a live com a significativa fala de Lula. Pelo contrário, poderia ser um chamamento.

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O que a ala progressista necessita urgente é achar um atalho para se manifestar, para reencontrar a periferia, para organizar reuniões com lideranças nas comunidades e para relembrar que houve um tempo em que um país alegre e saudável, ocupou a sexta colocação entre as maiores economias do mundo, caindo para o atual 12º lugar. Nesta época havia praticamente pleno emprego – taxa de 4,3% de desemprego, apenas – no final do primeiro governo Dilma. Hoje, estamos batendo na casa de 20 milhões de desempregados e desalentados (os que já nem procuram colocação) e, graças à sanha anticorrupção da Lava-Jato, o país perdeu 4,4% de postos de trabalho e R$ 172 bilhões em investimentos. E no que depender do atual ministro da Economia, Paulo Guedes, esse túnel não tem fim. Luz, nem pensar.

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