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Virgilio Almansur

Médico psiquiatra e psicanalista, músico e bacharel em direito, se dedica ao jornalismo e à ciência política

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Lula foi além

Lula conseguiu ser sofisticado e com os pés no chão! E mais: apontou chagas e identificou diagnósticos. Levou-os ao mundo!!

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Brendan McDermid/Reuters)
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Tecicamente irrepreensível, seu ghost-writer, nós o sabemos, presenteou-nos com pílulas paragrafais enxutas, orações autoexplicativas deixando para Lula o epíteto consolidado de estadista.

O presidente houve por bem abordar questões espinhosas: comunicação, fazendo contraponto ao Assange, no que ressaltou a informação; Conselho de Segurança ampliado e com mais votos; cobrança aos paises ricos para se voltarem ao bloco sul e colaborar com o ambiente, numa cobrança ecológica firme.

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Penso que é hora de eliminarmos comparações com outros governos, onde o constrangimento imperou pelo vazio de propósitos e a constante mimetização a outro aventureiro de realities…

Lula tem sob seu entorno gente competente e jamais se acanhará nos desafios internos e externos. Havia sofisticação no sofisticado teleprompter…

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Lula grangeou simpatias mundiais desde 2003/10 numa ascensão vertiginosa e que repercutiu ao final dos 8 anos tendo correspondido ao que prometia — e naquilo que nos era mais caro: diminuir a fome e a pobreza. Saiu com quase 88% de aprovação! Hoje mais ainda quer redução delas globalmente!

O discurso de Lula se organizou em eixos técnicos. O primeiro, e mais importante, foi um diagnóstico dos problemas do mundo a partir da dimensão da desigualdade.

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Com isso Lula avançou para um tópico importantíssimo: denunciar as tragédias decorrentes da constante dissociação entre capital concentrado e as oportunidades.

Complementou-o afinal, tecnicamente, com nosso objetivo sendo voltado ao mundo, numa política externa ímpar, concisa e tendo seu conselheiro de sempre na retaguarda e com dedos na lavra: Celso Amorim. Não esteve sozinho!

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A questão das desigualdades e uma cobrança enfática aos paises membros ressalta nossa soberania e inscreve Lula no panteão desse estadismo perdido na traição, num congresso pequeno, um balcão de negócios e no desastre militar capenga que elevou um condenado em suas hostes obrigado a dar baixa e ser, como prêmio perverso, re-formado.

Tema sensível e até espinhoso teve relevância discursiva com uma agenda prospectiva para 2030 concertando nações num convite antigo: eliminar fome e pobreza no mundo além dos apelos internos.

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Lula vai galgando seu espaço e pretende dar continuidade numa agenda prospectiva, colocando-se num patamar de referências, sendo a maior, a do brasileiro que foi “O” cara que era buscado por chefes de Estado para ter suas imagens colada e servir de trampolim às aspirações de outrem nos mais diversos interesses.

Reduzir desigualdades é imperioso. Impor agenda ambiental tem tudo a ver quando já assistimos desastres os mais diversos, em especial com o aumento da temperatura global e a urgência que suscitam as devastações de matas em nosso bioma amazônico, sob ameaça constante e impregnado desde suas entrâncias aqui, em escala considerável e nas divisas, um dos problemas maiores ainda…

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Quando Lula aponta o quesito da desigualdade, o gancho seguinte requer um sensível questionamento amarrado ardilosamente, que é sua solução. O quê fazer? Por onde passa uma primeira visão de estratégias? Claro! Lula consegue neste lance ousado apontar o desenvolvimento e, para isso, os salários foram apontados, naquilo que se exige igualdade entre os sexos e a indicação precípua, sob aplausos, a taxação dos (verdadeiramente) ricos.

Claro que haverá ressonância às lides comerciais internacionais e os direitos humanos aparecerão nos meandros desses apontamentos. Tudo amarrado e quase mastigado àqueles que se mostrarem sensíveis nos quatro cantos mundiais.

O sistema multilateral foi requerido. Lula cobrou maior apreço às resoluções de conflito, externou sua preocupação e carregou na quase oferta (tivemos Celso Amorim em encontro com Putin e neste instante Lula se aproxima do ator ZéLenski, que teve participação pífia no púlpito da ONU e vem se degradando entre possíveis ogivas) de mediação prospectiva.

Não por acaso, ao propugnar regras mais coerentes e justas para o comércio internacional, deixa-se antever mais e mais o propósito de se acentuar cobrança permanente na origem do concerto de 1948 e na criação da ONU: DIREITOS HUMANOS!

Finanças globais caminham paripasso às expectativas entrelaçadas num discurso adrede preparado e que incomoda e incomodará quem submeter-se à falácia ultraneoliberal e seguir golpeando a incipiente democracia que busca contornos claros e tenta ser mais pujante e de alta intensidade. Fica subentendido que “a democracia ultraliberalizante” sob capa neoliberal, sempre trará atrasos inconsequentes à democracia pensada à maioria: governo do povo, pelo povo e para o povo. Fictas, engolimos essas pseudo eleições que nos enganam no mérito, no conteúdo e, Lula pôs o mundo a pensar…

Não acaba aqui com a crise das democracias que eu diria da democracia a ser exigida na sua plenitude. Lula, um estadista, voltado às percepções num trajeto ímpar, dá conteúdo às demandas contra o absolutismo, impõe algo apreciável às barreiras comerciais de feitio autoritário que a terra de tio Sam impõe há sessenta anos sobre Cuba (direitos humanos!), bem como articula e desarticula impressões variadas na conjunção desigualdade e desenvolvimento aqui e, principalmente global.

Lula conseguiu ser sofisticado e com os pés no chão! E mais: apontou chagas e identificou diagnósticos. Levou-os ao mundo!!! Num deles está seu mais elogiado discurso: a crise mesma da democracia (ou democracias, uma vez que tecnicamente se permitem variáveis, mas o diagnóstico, intercambiando-o até associá-lo ao capitalismo improdutivo, impõe ao mundo uma débâcle irreversível: a acentuação das desigualdades.

Quando nos permitimos à corruptela “democracias”, já não estamos numa democracia. Aquela, pluralizada, desidrata o que se espera DA DEMOCRACIA. Democracias imprimem adjetivações no lugar substantivo que exige a singulariidade democracia, muito mais substantiva.

Lula fez leitura significante e deu uma banana aos significantes vazios. Construiu pontes manifestas e outras ficam latentes até a nova abertura daqui um ano. Lula foi corajoso! Talvez não tenha existido nos últimos anos discurso tão competente e sobre bases elegantes porém factíveis.

A amarração tem viés técnico insofismável e tem a aura da consequência de alguém que ocupa lugar de fala e fala, fala e fala porque tem o que falar.

Bem vindo, Lula!!!

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