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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Lula lança no dia 7, em São Paulo, o Movimento Vamos Juntos pelo Brasil

'A partir de então, ele ganhará as ruas do país com esse movimento tecido em torno do seu nome. Uma construção política ampla e sólida', escreve Denise Assis

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

No próximo dia 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará o “Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil”, em São Paulo, no espaço Expocenter Norte. Um coroamento de todo o seu trabalho na primeira etapa da campanha, com vistas a firmar alianças. A partir de então, segundo considera, ele caminhará não com o partido tal ou qual. O que ganhará as ruas do país será esse movimento laboriosamente tecido em torno do seu nome. Uma construção política ampla e sólida, que resultou na adesão de sete partidos e um quadro consolidado com números expressivos nas pesquisas. O movimento é a materialização das suas andanças e o diálogo estabelecido com lideranças importantes do meio político. O resultado, foi a visibilização dessa grande aliança.

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Será um ato enxuto, longe das “superproduções”, com previsão de falas apenas de Lula e Alckmin e a exibição de vídeos que vão relembrar momentos marcantes da atuação do ex-presidente. Um ato clean, se cabe definição, só para convidados e a imprensa. A fala de Lula será, na verdade, um pronunciamento escrito, onde estarão contidas severas críticas sobre o momento econômico e perspectivas das ações pretendidas.

De acordo com a sua estratégia, a partir de agora ele cumprirá o que está classificando de “uma nova etapa”, a fim de ampliar o que foi costurado até aqui durante esses meses e, na medida do possível, dentro das normas estabelecidas pelo TSE, divulgá-lo. Importante destacar que Lula chega a esta segunda etapa num patamar entre 40 e 50% - para mais ou para menos – nas pesquisas de votos válidos. São 20% de Bolsonaro e o restante dos demais concorrentes.

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Para os que têm olhado para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com desdém – os da oposição –, ou com preocupação – os adeptos, muita calma nesta hora. Está tudo dentro do planejado. Após cerca de quatro meses de viagens, jantares, almoços e muita conversa, Lula olha agora para a etapa cumprida com uma ponta de orgulho. Considera que o que construiu nesse período, não foi pouco. O seu trabalho está refletido num estudo do presidente do Instituto Vox Populi, especializado em pesquisas de opinião pública, o sociólogo Marcos Coimbra. Tal como havia feito em fevereiro, Coimbra voltou a reunir em um só documento a média de todas as pesquisas presenciais realizadas pelos diversos institutos, de 2021 até agora.

grafico

O que salta do gráfico mês a mês é a foto do que Lula vem obtendo: entre 42 e 44% da preferência dos eleitores, enquanto Bolsonaro oscila dos 25 a 30%. Ou seja, Lula segue firme nesta posição favorável – quase uma linha reta -, o que leva os dirigentes do Partido dos Trabalhadores a duas conclusões: a primeira, a de que os investimentos foram positivos e renderam apoios fundamentais. A segunda, a certeza de muito trabalho pela frente na campanha que ainda não começou, mas promete fortes embates até o segundo turno.

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Ao conglomerado de partidos reunidos no que Lula está considerando como a primeira etapa da construção política e social da aliança, o ex-presidente deu o nome de: “Vamos Juntos, Brasil”. Um dos avanços apontado pela direção do PT, é ter conseguido reaglutinar o campo da esquerda e da centro-esquerda. Um feito que não se consegue há muitos anos. Foi mantida a parceria histórica com o PC do B, recuperada a aliança de longos anos com o PSB - de onde saiu o vice, Geraldo Alckmin -, e conquistada a adesão de partidos criados para rivalizar com o PT, como o Psol e a Rede. 

Ficou de fora o PDT, que em outras circunstâncias estaria na campanha por Lula, mas no momento segue o voluntarismo de Ciro Gomes e seus anseios ainda um tanto confusos, até mesmo para o eleitorado do seu próprio partido. Há tempos o campo progressista não está tão aglutinado como desta vez, o que tem deixado o ex-presidente bastante satisfeito, embora lamente a situação com o PDT.

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Sobre essa questão, Lula considera que o próprio curso das águas vão levar o partido a se reposicionar. Se não o seu candidato, (sabidamente turrão), mas o eleitorado, que mirando o cenário catastrófico (o risco da continuidade de Bolsonaro), poderá descarregar os seus votos no PT.  

Além da união com os campos das esquerdas e centro-esquerda, o partido trouxe o Solidariedade de Paulinho da Força, mesmo com as “oscilações” pelas vaias no encontro da chapa Lula/Alckmin, com os sindicalistas. Assunto absolutamente superado, visando um futuro de reconstrução para o país. E um grande feito. CUT – central ligada ao PT – e a Força, de Paulinho, assim que saíram do “ovo” se olharam e se estranharam sempre. A rixa vinha desde o nascimento de ambas. Há no partido, portanto, grande satisfação por isto. “É uma disputa de mais de 30 anos”, comemorou alguém ligado ao partido. O resultado é todo o sindicalismo reunido em apoio a Lula. “Esta é a primeira vez que todas as centrais estão com Lula dede o primeiro turno de uma eleição”. 

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Com exceção da Central dos Sindicatos Brasileiros – CSB – do PDT, que segue Ciro, sabe-se lá para onde.

Mesmo a aliança com o PSB, lembrou esse interlocutor, se amplia com a chapa, porque Alckmin entrou para o PSB, mas ainda não encarna o PSB. Ele traz consigo um campo de centro-esquerda e um naco da centro-direita (PSDB), que de 1994 até agora estava em campo adversário, disputando ferrenhamente as eleições com o PT. Um alargamento expressivo do campo político. O interlocutor pontua também o retorno de expoentes históricos do MDB – antigo PMDB -, que haviam se afastado desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, como Renan Calheiros, por exemplo. “São lideranças políticas de peso. Não é dirigente partidário. São lideranças regionais importantes que trazem votos”, ressaltou. E ainda alguns nomes do PSD, que declararam espontaneamente apoio. 

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Esta etapa da construção política faz com que Lula tenha segurança no seu caminhar para a campanha. Uma engenhosa costura, com a delicada carpintaria de Gleisi Hoffman, que se mostrou uma verdadeira artesã na arte de tecer adesões. Sem dúvida, porém, toda esta confluência de apoios se dão em torno da figura do Lula e das ameaças ao futuro do país.

Outra aproximação significativa foi com os movimentos sociais. Lula esteve com o MST, em Curitiba; no condomínio construído pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST - em Santo André; com os indígenas, em Brasília (várias nações reunidas), o que o faz dialogar com a causa de setores diversos da sociedade. Soma-se a isto encontros com as mulheres de comunidades carentes e com a juventude, em Higienópolis (SP). Sem contar os encontros na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), no início de abril e com estudantes. Enfim, uma agenda ampla, com os mais diferentes segmentos dos setores sociais.

Para os que o criticam de estar “pregando para convertidos”, Lula reage dizendo que é natural começar uma campanha falando primeiro com a sua “turma”. Usando uma imagem futebolística, primeiro se organiza e treina o time, para depois entrar em campo. É chamar para perto de si os adeptos, que o defenderão pelas ruas do país quando o clima esquentar.

Por todo esse trabalho, Lula está dando por concluída uma etapa: a da construção de diálogos e adesões das centrais sindicais, movimentos e partidos. Agora é buscar a reconquista dos que se ressentiram e se deixaram levar pela campanha disseminada contra o partido ao longo da Lava-Jato, mas que aos poucos vai sendo deixada para trás, na esteira das conclusões do STF e da ONU, que já proclamaram a sua inocência.

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