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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Lula lidera. Na política.

Entre fatos e narrativas, uma pergunta é importante ser respondida: por que o governo Lula chega forte ao próximo ciclo eleitoral?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Enquanto parte da oposição ainda debate se o país deveria existir ou não fora das redes sociais, o governo Lula segue fazendo aquilo que, em política, costuma gerar resultados concretos: governar para a maioria. As medidas anunciadas e implementadas nos últimos meses não são apenas ações de impacto imediato, mas compõem uma estratégia clara de reposicionamento do Estado ao lado da maioria da população. Colocar o pobre no orçamento foi a promessa de campanha. E é justamente essa combinação de pragmatismo, sensibilidade social e leitura do tempo político que coloca Lula em posição de peça forte no tabuleiro eleitoral.

Ao contrário do que tentam vender seus críticos - dentro de partidos ou não -, sempre buscando pintar de “eleitoralismo” onde há política pública, o que se observa é um governo que compreendeu algo básico: pessoas votam com base na vida real. Alívio no orçamento doméstico, facilitação do acesso a direitos, políticas que chegam antes do discurso. Nada muito sofisticado, é verdade. Apenas o velho e aparentemente esquecido princípio de que governar é melhorar a vida das pessoas.

A ampliação de benefícios fiscais para trabalhadores, o controle inflacionário, a simplificação de processos que oneravam sobretudo os mais pobres, os investimentos em políticas sociais e a retomada de programas com comprovada eficácia não surgem do improviso. São fruto de uma leitura precisa do Brasil de hoje: desigual, cansado de promessas vazias e pouco disposto a embarcar em aventuras retóricas travestidas de projeto nacional.

Há também um elemento que incomoda profundamente os chamados “pretensos adversários”: a normalidade. Lula governa sem a estética do conflito permanente, sem a necessidade diária de inimigos imaginários e sem transformar a Presidência da República em palco de ressentimentos pessoais. Para quem apostou no caos como método político, a previsibilidade institucional e o diálogo amplo soam quase revolucionários.

É curioso notar que os críticos mais ruidosos dessas medidas são, em geral, os mesmos que passaram anos defendendo que o mercado resolveria tudo - inclusive a fome -, desde que o Estado ficasse quieto no seu canto. Agora, diante de um governo que combina responsabilidade fiscal com políticas sociais, restou-lhes o desconforto de ver que o país não entrou em colapso. Pelo contrário: segue avançando em qualidade de vida para a sua gente.

No campo político, o efeito é evidente. Ao ocupar o centro da agenda com entregas concretas, o governo força seus adversários a reagirem, quase sempre atrasados e sem propostas alternativas minimamente críveis. Falam em “populismo”, mas não apresentam soluções. Criticam o diálogo social, mas não conseguem dialogar nem entre si. Denunciam estratégias eleitorais enquanto ainda tentam descobrir qual será o próprio discurso.

Lula, por sua vez, parece compreender que eleição não se vence apenas com slogans, mas com memória social. As pessoas lembram quem esteve presente quando mais precisaram. Lembram quem governou para muitos e quem governou para poucos. E, sobretudo, lembram quem entregou resultados.

Assim, quando o calendário eleitoral começar oficialmente, o governo já terá feito o mais difícil: transformar política pública em experiência concreta na vida da população. Os demais concorrentes, se existirem para além das notas de rodapé, terão de explicar por que passaram tanto tempo falando de fantasmas enquanto o país seguia adiante.

No fim das contas, o governo Lula não se fortalece por marketing, mas por método. E, na política brasileira, isso costuma fazer toda a diferença.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.