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Luiz Fernando Padulla

Professor, biólogo, doutor em Etologia, mestre em Ciências, autor do blog 'Biólogo Socialista'

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Lula não é comunista, nem socialista

Assim sendo, um possível retorno de Lula à presidência, será uma nova oportunidade para estabilizar o país. Mas essa estabilização não pode cometer os mesmos erros que foram cometidos. É preciso fazer mais

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um ato pela democracia (Foto: Ricardo Stuckert)
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Uma pergunta recorrente nas análises de conjuntura política é essa: quem teme Lula? As constantes pesquisas, indicando uma possível vitória eleitoral do petista, tem despertado a raiva e o temor na elite. O grande capital teme Lula não porque ele seja uma versão brasileira de Mao, Lênin, Ho Chi Minh ou Fidel, que promoverá a estatização total dos bens de produção. Temem porque com Lula, seus lucros serão menores. Menores. Mas não deixarão de lucrar. E a ânsia pelo dinheiro é o que lhes interessa. Hoje com Bolsonaro, em plena pandemia, milionários tornaram-se bilionários...pouco importando como a grande maioria dos brasileiros e brasileiras têm (sobre)vivido em meio ao caos financeiro, sanitário, político, ambiental. As cifras, para essa corja, devem ser cada vez maiores em seus bolsos.

Não à toa, empresas ligadas ao MBC (Movimento Brasil Competitivo) ditam as regras junto ao Ministério da Economia e forçam medidas anti ambientais, solicitando ao Ministério do Meio Ambiente o fim, por exemplo, dos licenciamentos ambientais para reutilização de rejeito e estéril de mineração – não nos esqueçamos dos crimes de Mariana e Brumadinho, ocorridos mesmo com a vigência desses licenciamentos! O capital também solicitou a extinção do Conselho do Meio Ambiente, inviabilizando estudos prévios de impacto ambiental e até mesmo a redução das exigências para a fabricação de (mais) agrotóxicos, entre outras tantas barbaridades.

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Uma dessas empresas é a Gerdau, cujos lucros apenas no primeiro trimestre de 2021, aumentou nada menos que 1.016%, atingindo as cifras de R$2,4 bilhões. Enquanto isso, o povo sofre com a fome, o desemprego, a inflação e o caos.

Mas e os pequenos burgueses? Dizem temer, seguindo a fala da verdadeira burguesia. No entanto, se fossem conscientes, deveriam apoiar Lula. Essa casta, tal como a classe média que ascendeu nos governos petistas via consumismo após as políticas adotadas, tiveram grandes conquistas por parte do capital. Mas a culpa não é apenas deles. A falta da educação de base que deveria ter sido feita pelo PT durante seus governos, resultou nessa permissividade da falta de informação que instalou o ódio propagado pela elite brasileira, iludindo os “falsos burgueses”. E com isso, os que eram oprimidos, tornaram-se defensores da opressão.

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A própria parte da direita, defensora ardilosa do bolsonarismo, com exceção do grande capital, passa a sofrer com as políticas econômicas instaladas por Paulo Guedes e seus “Chicago boys”. Não entrarei no mérito “pobre de direita”, pois todos são livres para defender o que bem entendem – ou não entendem – mas o fato é que muitos desses estão ficando atônitos em defender aquilo que os prejudica. O capitalismo explora a própria fome das pessoas. Em que regime, os ossos que antes eram descartados, passam a ser vendidos para sanar a necessidade básica e fundamental que é o direito à alimentação? É a mercantilização da miséria!

Poderíamos também dizer sobre a inflação descontrolada que igualmente afeta os mais pobres financeiramente, refletindo no preço do aluguel e dos bens de consumo. O próprio “bico” da uberização que passou a ser uma salvação para desempregados – enganados com a ideia de microempreendedores – agora também sofre com a “demissão” de mais de 15 mil motoristas desses aplicativos, uma vez que o preço dos combustíveis segue descontrolado pela dolarização de uma política irracional e desumana.

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A crise hídrica, de responsabilidade direta do (des)governo, igualmente reflete na conta de energia, tornando nossa “bandeira vermelha” – para desespero de todos, e principalmente daqueles que gritavam bravatas de que ‘nossa bandeira jamais será vermelha!’. Afinal, os desmatamentos e incêndios criminosos promovidos pelo agronegócio, sob a tutela da bancada ruralista e apoio incondicional de Bolsonaro e seus ministérios que trabalham para o aparelhamento dos órgãos de fiscalização, fragilizando a prevenção e punições, são responsáveis direto pela redução dos chamados “rios voadores” que apenas a floresta em pé é capaz de promover para que as chuvas que abasteceriam as hidrelétricas ocorram. Além desse ecocídio, obriga a ligação das termelétricas, cuja energia, além de mais cara para o consumidor, é ainda mais poluidora do ambiente e potencializa ainda mais a emissão de gases do efeito estufa.

Assim sendo, é inevitável ver que o anacronismo é real. Mais do que atuarmos com a teoria de Marx, Lênin e Paulo Freire, é preciso colocá-la em prática.

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Enquanto esquerdista utópico e esperançoso – do verbo freiriano esperançar – é óbvio que desejo ver uma revolução desde as bases; uma revolução legitimamente socialista, seguindo os princípios marxista-leninistas. Ao mesmo tempo, sei que a fome, o desemprego e todas as mazelas plantadas pelas ações neoliberais e suas crises precarizam não apenas a vida, mas inviabilizam um processo de transformação. No entanto, o acesso aos bens deve estar vinculado à educação libertadora e emancipadora.

Tal como seu primeiro governo, se tudo o que está sendo aventado se concretizar, Lula pegará novamente uma terra arrasada.

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Gerar emprego, distribuir renda, promover a inserção social serão fundamentais. E a partir disso, promover alterações mais radicais para o início do processo de ruptura com o capital. E quando digo isso, não me refiro a uma revolução “comunista” como os fascistas insistem em tagarelar. A revolução seria o fortalecimento da sociedade como um todo, mas que não pode mais se basear apenas no consumismo. É preciso reduzir as lacunas, mas sem que se esqueça de promover  a libertação das amarras do capitalismo selvagem. Como sempre nos alerta Pepe Mujica, devemos transformar a sociedade com verdadeiros cidadãos e cidadãs, e não meros consumidores.

Assim sendo, um possível retorno de Lula à presidência, será uma nova oportunidade para estabilizar o país. Mas essa estabilização não pode cometer os mesmos erros que foram cometidos. É preciso fazer mais. E isso passa pelo fortalecimento das bases. É urgente que falemos diretamente com as massas; falemos a linguagem do povo. A esquerda precisa retornar aos seus princípios, deixando o academicismo de lado. E, lembrando novamente Paulo Freire, tornar nossa teoria em prática, caso contrário, tudo que estudamos e falamos não passará de verbalismo – assim como a prática sem teoria, passa a ser apenas ativismo. Que a práxis se faça presente para modificar a realidade!

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