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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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Lula não é o populista que o mercado teme

A guinada populista a que se referiu o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, só pode ser o capitão reformado do Exército.

A guinada populista a que se referiu o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, só pode ser o capitão reformado do Exército. (Foto: Leopoldo Vieira)
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As pesquisas mostram que, até aqui, o risco vem da extrema-direita, com Jair Bolsonaro consolidado, no céu de hoje, como o segundo colocado e o melhor anti-Lula. E a última pesquisa do portal Poder 360 revelou que se o ex-presidente for interditado pela operação Lava Jato, o deputado federal ganharia líquida e certamente.

Logo, a guinada populista a que se referiu o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, só pode ser o capitão reformado do Exército.

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A mesma sondagem atestou que, com Lula cassado, haveria uma disparada de votos nulos e brancos (variando entre 38% e 36%) o que pode resultar, em outro cenário, no quadro que analistas dos EUA mais temiam nas eleições americanas, ao projetarem, num certo momento, uma disputa entre os dois extremos Donald Trump e Bernie Sanders. O eleitorado lulista tenderia a radicalizar e depositar votos em alguém que assumisse um discurso indignado contra o "estado de exceção", o "golpe". e o "fascismo".

Crescendo a 30% das intenções de voto após a condenação em primeira instância, Lula é o único e o último vínculo da sociedade com o sistema político. Como registrou Matt Peterson, editor de Signal, boletim de análises da Eurasia Group, no informe de 05 de maio de 2017:

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Se for candidato e vencer em 2018, o terceiro governo Lula coincidiria com a gradual retomada do garantismo em curso na Procuradoria-Geral da República e na suprema corte, o que tem tudo para fazer com que o Brasil reconquiste a segurança jurídica depois do surto de populismo judicial, que aplica a lei conforme as notícias do dia.

Analistas políticos sabem que Lula não é populista

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Nos seus dois mandatos (2003-2006 e 2007-2010), ao invés de haver o calote, a proporção dívida x PIB caiu para 53,7%, graças à média de 2,4% de superávit primário, e foram quitados, em 2005, os empréstimos que o Brasil havia contraído em 1999 e 2000 junto ao FMI. Com exceção de 2003, ainda sofrendo a ressaca do estouro da meta em 2001 e 2002, as metas de inflação foram cumpridas.

O rating, em crescente ao grau de investimento desde 2003, foi a BBB- (batendo, como reflexo imediato, BBB em 2011) e o Ibovespa teve ganho acumulado de 535%, alcançando os 72 mil pontosem 2010. O crescimento médio da economia foi de 4% (marcando 7,5% também em 2010). De 13a economia global, como outro reflexo imediato ascendente, alcançou a 6ª colocação em 2011.

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Nesse período, a demanda de alguns setores pela redução da Taxa SELIC era para aumentar o consumo, não por desespero em reduzir o serviço da dívida.

Ao adotar políticas econômicas para combater a fome e a pobreza, facilitando o acesso da baixa renda aos automóveis e eletrodomésticos, por meio do Bolsa-Família ou investimentos em aceleração do crescimento via infraestrutura, que geraram recorde de empregos formais com salário valorizado, o fez sem gerar crise fiscal.

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Ele não pode ser culpado pela condução econômica alheia, embora tenha responsabilidade política, já que, após sair da presidência, é notório que passou a dar palestra para agentes econômicos do porte de Itaú, Merrill Lynch, Microsoft, LG, Ambev, Nestlé, Pirelli, Terra, El Pais e outras corporações. Em diversas oportunidades, em Washington DC. Ou, no Departamento de Estado Americano, das mãos de Hillary Clinton, recebendo o World Food Prize 2011.

The betrayal of Brazil
Dias atrás, Felipe Rezende, do Levy Economics Institute, afirmou que "Não é possível controlar as despesas como o governo [Temer] acredita". Alberto Ramos, do Goldman Sachs, vaticinou não esperar superávit para o Brasil tão cedo.

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Uma agenda de reformas considerada necessária pelo mercado é diferente da real política econômica aplicada. O que o governo do presidente Michel Temer pratica é uma guinada populista em relação aos governos Lula, que, de qualquer maneira, antecedeu o seu. É o populismo parlamentar, que explode as despesas com benesses legislativas.

Benesses estas que o PSDB classificou, em seu horário de propaganda política gratuito no rádio e TV, como "presidencialismo de cooptação", que resume a governança a meros acordos políticos.

No ancien regime, o presidencialismo de coalizão, os acordos políticos, seja na Era FHC, seja na Era Lula, eram a base para a concertação de projetos. O método de governabilidade, como indicador de análise de risco de investimento, deteriorou-se.

E aquelas benesses parlamentares, sem muita transparência, imporão, cada vez mais, o "jeitinho brasileiro" ao Novo Regime Fiscal, sob pena da ingovernabilidade. Um "jeitinho" para subverter o teto de gastos baseado em submarinos expansionistas via emendas, renegociação de dívidas de entes federados e cargos públicos difíceis de serem observados de modo a se obter uma clara previsibilidade quanto a à relação despesas x receitas.

Por isso que, apesar de a revisão constante das metas, ainda que déficits primários, seja recebida pelo mercado como uma honestidade fiscal, ainda assim serão instáveis e obtusas.

Esta é a razão pela qual Henrique Meirelles, tido e havido como um Felipão da Seleção Brasileira de 2002 da economia, quando da participação exitosa nos governos de Mr. Da Silva, vem tendo o desempenho de um Felipão da Seleção de 2010.

Diferentemente disso, em 2003, Lula enfrentou a reforma da Previdência, embora nas condições possíveis do sistema que regia o Congresso Nacional brasileiro, o presidencialismo de coalizão.

No Palácio do Planalto, quando se deparou com uma das crises políticas na Venezuela, o ex-presidente articulou a criação do grupo de amigos daquele país e não o "grupo dos amigos de Chávez", como ele mesmo gosta de frisar. E foi o que propôs no lançamento do Instituto do Futuro, na última terça-feira, para o impasse atual.

Esta ratificação de seu ponto de vista contradiz a avaliação do deputado Efraim Filho (DEM-PB) pela qual, de um governo que ocupou o centro, Mr. Da Silva, por apoiar Nicolás Maduro, estaria agora na extrema-esquerda. Mas também contradiz os que apostam em garrote diplomático que só aumenta a instabilidade econômica e política da América do Sul.

Vê-se que, ao contrário de Wall Street I e II, que popularizou a dinâmica do mercado financeiro, Oliver Stone se equivocou em seu South of the Border (2009) ao retratar o Brasil como apenas mais uma peça do "bolivarianismo".

Neste sentido, não pode ser mais atual a Carta aos Brasileiros, lançada em 2002: "Não há milagres na vida de um povo e de um país. Será necessária uma lúcida e criteriosa transição entre o que temos hoje e aquilo que a sociedade reivindica. O que se desfez ou se deixou de fazer em oito anos não será compensado em oito dias [...] Será fruto de uma ampla negociação nacional, que deve conduzir a uma autêntica aliança pelo país, a um novo contrato social, capaz de assegurar o crescimento com estabilidade [...]".

Em eventos públicos, Lula tem solicitado para a equipe dele propostas econômicas exequíveis para tirar o país da crise. Foi assim que, durante sua estadia no Palácio da Alvorada, conciliou passar a credor do FMI com a eliminação do Mapa da Fome. E sem romper um só contrato firmado pelo Brasil.

Isto é digno de inspirar confiança. Com a altivez do Cristo Redentor que decolava na capa da The Economist (2009).

* Artigo originalmente publicado no Infomoney.

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