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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Lula precisa rever a isenção tributária das igrejas e destinar a arrecadação desses impostos para programas sociais

Luiz Inácio Lula da Silva com evangélicos em São Paulo (Foto: REUTERS/Carla Carniel)
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As cobranças por mais representatividade evangélica no futuro governo Lula já começaram. Dizem que, até mesmo dentro da equipe de transição, existem correntes que avaliam como necessária a aproximação da nova gestão com esse grupo religioso que, cada vez mais, vem se consolidando como o fator de desequilíbrio na balança eleitoral do país. Foi graças ao apoio dos fiéis evangélicos, e da base governista formada a partir dos votos destes, que Jair Bolsonaro se elegeu e conseguiu concluir o seu mandato, apesar do desastre apocalíptico que a sua figura representou para o Brasil nesses últimos quatro anos. Uma prova de que esse grupo, que representa o conservadorismo hipócrita de uma parte da sociedade que diz amar a Deus, mas, que está pouco se lixando para os direitos e necessidades dos outros seres humanos, precisa cada vez mais ser mantido distante da política, se quisermos evoluir social e humanamente.

O nome do pastor Paulo Marcelo Schallenberger, que atua na Assembleia de Deus, mas é pouco conhecido no cenário religioso nacional, parece já estar definido para estabelecer o tal diálogo entre o governo e as igrejas de pequeno e médio porte. O primeiro ponto que deve ser analisado, é sob quais ideologias e lideranças esse grupo sempre marchou para exercer a sua representatividade política. Entre os principais líderes evangélicos do país, estão a nata da canalhice, da picaretagem e da vagabundagem em nome de Jesus. Seres abjetos que apoiaram a um governo genocida e aporofóbico, que contribui para a morte de 700 mil pessoas durante a pandemia e “alçou” 33 milhões de brasileiros à miséria e à situação de completa fome. Pelo que eu co nheço de Jesus Cristo, nem ele estaria preocupado em agradar a essa raça de víboras. Por que Lula deveria estar? Por questões políticas? Pelo que sabemos, ele não foi eleito com a maioria de votos vinda desse grupo. Por que precisaria dele para governar? A não ser que ele queira, mais uma vez, chocar o ovo da serpente e ser picado por ela durante o seu mandato.

Muitos dirão que eu estou radicalizando e generalizando, afinal, existem evangélicos progressistas que poderiam contribuir com sua representatividade restaurando o verdadeiro evangelho de Cristo, que foi pervertido pelos cristãos bolsonaristas. Acontece, que a maioria dos evangélicos brasileiros está nas mãos dos nefastos, dos falsos profetas, o que faz com que os líderes progressistas do segmento sejam lidos por ela como “possuídos” pelo diabo, por defenderem inclusão e respeito às diferenças. Talvez, me achem ainda mais radical, quando eu me posiciono totalmente contra a presença de líderes religiosos na política. Até porque, sabemos que nem todas as religiões são respeitadas nesse ambiente. Sobretudo, as de matriz africana, que costumam ser demoniza das por políticos evangélicos em sessões nos parlamentos. Vale lembrar ainda que o Estado é laico, e tal laicidade só se configura quando não expressamos nenhum culto religioso dentro das casas legislativas. Se há preocupação em agradar evangélicos, deve haver também em dar representatividade a umbandistas, candomblecistas, espíritas, budistas, católicos, xamanistas, ateus e etc...

Não acho que Lula tenha que buscar aproximação política com os evangélicos. Entendo como sendo mais oportuna e producente, uma aproximação fiscal que possibilite maior aproximação social das minorias, principalmente, os mais vulneráveis economicamente, com uma existência mais digna.  Eu falo sobre cobrar impostos dessas empresas disfarçadas de Igrejas, e destinar a arrecadação para programas assistenciais que beneficiem os milhões de brasileiros que estão passando fome ou sofrendo com insegurança alimentar, graças à ideologia política do governo que essas “igrejas” apoiaram. Se eles convencem as suas ovelhas de que o dízimo foi instituído por Deus, e quem não o entrega no “altar do senhor” est&a acute; roubando a ele, é coerente dizer que os donos dessas igrejas estão roubando, não só ao estado, mas, também ao povo brasileiro, ao deixarem de pagar impostos e cumprirem com suas obrigações fiscais. Ou alguém acha justo que o dízimo dos fiéis, que deveria ser de uso divino (risos), seja investido em emissoras de rádio e TV, em mansões fora do país, fazendas com centenas de cabeças de gado, aviões particulares e em outras vaidades que a luxúria habitante na alma desses cães gulosos travestidos de pastores lhes permita desfrutar?

É hora de enquadrar essas sanguessugas do nome de Jesus, que se utilizam da política para expandir o seu poder religioso, social e econômico. Existem uma multidão de pessoas passando fome, sede, vivendo ao relento de qualquer mínimo de dignidade. É inadmissível que ainda continuemos a alimentar essa quadrilha religiosa, oferecendo a ela representatividade política. Isso não vos angustia? Não lhes causa repulsa andar pelas ruas e ver centenas de famílias amontoadas pelas calçadas, enquanto uma minoria ardil e perniciosa se deleita com um banquete oferecido pelo desespero de milhões que depositam a sua fé num evangelho adulterado e no poder de um Deus criado para satisfazer a ganância de homens sem escrúpulos e sem nenhum contato real com a divindade superior? Lula estaria f azendo a vontade de Deus, do verdadeiro, se instituísse esse imposto às igrejas e, a partir dele, promovesse obras sociais e investisse em educação libertadora e de qualidade. Algo que esses líderes evangélicos, por motivos óbvios, não querem que suas ovelhas adquiram.

Caso tal imposto fosse instituído, eles dirão que começou a perseguição aos cristãos, que o governo do anticristo já está agindo para destruir as igrejas e que Lula é um enviado de satanás para acabar com o cristianismo no país. Evidentemente, as ovelhas alienadas e desprovidas de raciocínio acreditariam em tais narrativas. Seja por ignorância ou por desatenção em não perceber que o dízimo é um imposto que lhes é cobrado para que elas tenham uma salvação religiosa. Quando a salvação da alma, segundo a Bíblia diz para aqueles que creem, Jesus já lhes teria oferecido ao morrer na cruz por seus pecados. A questão é que esse imenso rebanho de ovelhas, em sua grande maioria, composto por pessoas pobre s e vulneráveis socialmente, só não deve estar ciente de que a bancada evangélica, formada por homens e mulheres “escolhidos” por Deus para salvar a nação, votou contra a liberação de recursos para o Bolsa Família e outros programas sociais de assistência aos mais pobres. Muito provavelmente, a muitos de seus irmãos evangélicos também. E assim, eles transformam o evangelho de Jesus, um homem que sempre esteve ao lado dos pobres e marginalizados, em uma nova política que agora quer mata-los de fome e manda-los para o inferno do esquecimento.

Vale lembrar que uma das justificativas utilizadas para que as igrejas e seus bens estejam imunes à tributação de impostos como IPTU, IR, Cofins e IPVA, é a proteção a liberdade religiosa, o que, em tese, se aplicaria a todas as religiões, oomo prevê a Constituição de 1988, no artigo 150, inciso VI. Acontece, que as igrejas não estão totalmente isentas de tributos e não andam cumprindo o “Dai à César o que é de César e à Deus o que é de Deus” que Jesus nos ensinou. As entidades são obrigadas a recolher a contribuição previdenciária de seus funcionários, o que, segundo dados levantados pelo Estadão/Broadcast, em pesquisa feita em 2020, não vem acontecendo como manda a lei. Tal pesquisa apurou que as igrejas devem aos cofres públicos mais de 1 bilhão de reais em dívidas previdenciárias e tributárias. Algo que foi resolvido pelo Congresso com a aprovação de uma emenda criada pelo deputado federal e pastor David Soares, filho de R.R.Soares, dono da Igreja da Graça, que determinou o perdão de tais dívidas a partir do projeto de lei 1581/2020, que discutia sobre a lei de renegociações de precatórios. Segundo o Ministério da Economia do então governo Bolsonaro, a estimativa é de que o perdão represente uma renúncia fiscal de R$ 1,4 bilhão entre 2021 e 2024. Imaginem esse montante sendo investido em políticas públicas.

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