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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Lula testa diplomacia multipolar contra a unipolar no Conselho de Segurança da ONU

Caso a resolução de Lula ganhe a parada, estarão sendo renovadas as forças da ONU

Lula testa diplomacia multipolar contra a unipolar no Conselho de Segurança da ONU (Foto: REUTERS/Carlo Allegri)

A diplomacia lulista do Itamaraty está a um passo de se consagrar mundialmente se for acatada sua proposta de paz já para suspender o conflito que produz aflição intensa em toda a humanidade nesse momento. A desproporção de forças entre Israel e o Hamas levanta consciência universal para a necessidade de moderação. Está em jogo a máxima diplomática do direito da força no lugar da força do direito, da vigência da lei de Talião, olho por olho, dente por dente, colocada em cena por Israel, abalado pelo terror do Hamas, que jogou no chão a valentia judia. Combater o terror com o terror seria a solução? Eis a questão.

O Hamas tem como triunfo, nesse momento, centenas de reféns israelenses. Estes, certamente, seriam sacrificados, caso os soldados de Israel entrem com tudo em Gaza, ladeados por tanques, mísseis e bombas, em verdadeiro arrasa-quarteirão. É impossível separar joio do trigo, civis desarmados em meio aos guerrilheiros do Hamas super-armados. Como coadjuvantes que ganham expressão irresistível avançam populações civis nas ruas e praças das principais capitais do mundo. O poder civil mobilizado pela paz poderá ser o grande vencedor, invertendo a preponderância da lógica da força do direito, removendo o direito da força.

Nesse instante, uma nova correlação de forças entra em cena: na porta da Casa Branca, manchada de sangue, avolumam-se protestos em defesa da suspensão do apoio americano à guerra, mudando-o por esforço pela paz. A razão oculta que move os interesses imperialistas mal consegue se esconder: a indústria armamentista esfrega ansiosamente as mãos em favor de que se adensem motivações irracionais para agir em prol dos valores bestiais. As palavras adequadas, esculpidas pelos diplomatas defensores da suspensão dos ataques de lado a lado, terão a força da consciência a prevalecer sobre a diplomacia das armas? Caso a resolução de Lula ganhe a parada, estarão sendo renovadas as forças da ONU para uma nova diplomacia concernente não mais ao mundo unipolar, mas multipolar, ao qual o Brasil, com o BRICS, se alinha, escanteando o atlanticismo imperialista americano.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.