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Mariana Motta

YouTuber - Canal Púrpura

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Luzia sobreviveu ao meteoro

A foto da nossa História sendo consumida pelas chamas é absolutamente simbólica dos retrocessos promovidos pela ilegitimidade do atual governo e da morte da democracia no Brasil

Luzia sobreviveu ao meteoro (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
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A noite deste domingo abriu o mês de setembro com uma imagem apocalíptica: o Museu
Nacional do Rio de Janeiro foi tomado pelo fogo e consumou um desfecho trágico que vinha
apresentando sintomas há bastante tempo. Além da falta de adaptação do prédio às
normas de segurança contra incêndios, já que muitos detectores de fumaça e extintores não
funcionavam e os hidrantes estavam sem água, a presença de compostos inflamáveis
dificultou o trabalho dos bombeiros. Uma parte dos animais conservados em vidros com
álcool ou formol ainda não tinha sido removida do prédio por falta de verbas. Após muita
luta dos profissionais para conter as chamas enquanto funcionários e alunos corriam
tentando salvar objetos, estima-se que apenas 10% do acervo se livrou de virar cinzas.

As perdas inestimáveis foram noticiadas no mundo inteiro. O fogo tomou conta de
preciosidades como o maior meteorito já encontrado no Brasil, artefatos do Egito, móveis da
família real portuguesa, que já viveu ali, o acervo de Linguística, com cantos em línguas
sem falantes vivos, o mapa de todas as etnias do Brasil e Luzia, o mais antigo esqueleto
humano encontrado nas Américas, que tinha mais de 11 mil anos. Junto com eles, foi
destruída a carreira de 90 profissionais que dedicavam ao museu a sua vida de pesquisas.

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É verdade que a falta de incentivo à cultura por aqui não é exclusividade da gestão Temer.
O repasse de verbas do governo vinha decrescendo e os pedidos de socorro da
administração eram recorrentes. Isso porque a manutenção do museu custava o
equivalente a 25% do que a federação gasta com um deputado federal. Um único ministro
do STF custa à nação o que faltou para proteger uma parte irrecuperável da documentação
de sua História.

Isso é representativo de como ainda é forte a nossa tradição de considerar secundário o
investimento em cultura para priorizar a formação tecnocrática, haja vista a perda de espaço
de disciplinas como História na grade curricular do ensino público depois que Michel Temer
assumiu. Aliás, é impossível não reparar que, apesar de já decrescente, o investimento caiu
vertiginosamente em 2018, com um valor de 15% em relação ao ano anterior. O que deixa
ainda mais explícito o desmonte das áreas sociais, iniciado antes mesmo da retirada do
cargo da presidenta eleita Dilma Rousseff, que completou dois anos um pouco antes do
incêndio. Após menos de 3 meses do afastamento dela, em 2016, o vídeo "Cronologia do
Golpe", do Canal Púrpura, já denunciava o sucateamento das instituições promovido por
Temer em paralelo ao aumento dos salários no Judiciário, mostrando que seu pacote de
ajustes fiscais só sacrificou o que era do povo.

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Vale ressaltar que a diminuição do repasse de verbas ao Museu Nacional em 2015, quando
Dilma ainda era chefe do Executivo, aconteceu na conjuntura de inconformidade da direita
com o resultado das eleições presidenciais do ano anterior, em que o povo escolheu Dilma.
Aécio Neves, que foi derrotado por ela no pleito, e Eduardo Cunha, hoje preso, trabalharam
assumidamente por um boicote ao governo, que resultou no bloqueio da votação do
orçamento do museu. Tanto que esse evento vai na contramão dos investimentos na área
feito pelos governos do PT e das propostas apresentadas pelo partido na atual campanha

eleitoral. Em meio ao clima de luto, a direita agora adota a estratégia de tentar jogar o
abacaxi no colo dos funcionários que administram a instituição, que são filiados a partidos
posicionados à esquerda.

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A foto da nossa História sendo consumida pelas chamas é absolutamente simbólica dos
retrocessos promovidos pela ilegitimidade do atual governo e da morte da democracia no
Brasil. Como dizia um dos cartazes da manifestação de luto que aconteceu ontem no Rio,
"Luzia sobreviveu ao meteoro, mas não ao neoliberalismo".

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