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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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Macho escroto

"Não é necessário aprofundamento psiquiátrico para identificar o machismo de Jair e de seus seguidores", escreve

Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR)

Não é necessário aprofundamento psiquiátrico para identificar o machismo de Jair e de seus seguidores. Uma avaliação profissional desnudaria as razões da doença, que tem origens sociais mas também, talvez principalmente, mentais. Há alguns anos ganhou espaço na língua portuguesa o termo “macho escroto”, via Big Brother, que enfim serviu para alguma coisa. Veste como luvas no dito cujo, que tragicamente ocupa a Presidência do Brasil e envergonha o cargo.

   Jair levou seu machismo escroto para os palanques do 7 de Setembro. A figura de Michele dá pena - submissa, usada como cabo eleitoral, dona de um discurso religioso medieval no conteúdo e infanto-juvenil na forma.

Autoproclamado “imbrochável”, Jair deveria assistir a “Rede de Intrigas”, filmaço de Sidney Lumet. À certa hora, o personagem de William Holden pergunta o que leva tanta gente a considerar a potência sexual como a mais importante das “virtudes” masculinas.

A revista Capricho, superficial e bobinha, mas vez ou outra preocupada em abordar questões atuais inerentes à condição feminina, elencou sumariamente as características do macho escroto. Saudemos Capricho nesta hora e confiramos o que fazem os machos escrotos. Digam, leitor e leitura, se este sujeito asqueroso não é Jair:

 O macho escroto sempre interrompe a interlocutora , para corrigi-la ou insultá-la (tanto mais se for uma jornalista); 

O macho escroto vive a implicar com roupas, modos e comportamentos (com credos e relações afetivas então...);

O macho escroto não se cansa de “diminuir” a mulher (vide Michele, condenada a ser esposa e nada mais);

O macho escroto não conversa, mas grita e humilha, aponta o dedo, ofende;

O macho escroto não conhece limites, por isso desfere tanto cantadas quanto ofensas de cunho moral.

Acrescento à lista de Capricho a característica do morde-e-assopra. O macho escroto pensa que com um buquê de flores todas as suas agressões serão perdoadas. Sabe nada, escroto.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.