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Manchas de sangue no lençol

Vocês acreditam que o povo de duzentos milhões de habitantes está endossando esse quebra quebra de meia dúzia de revoltados contra a polícia? Até agora não vi povo dar nenhum tiro

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Não está dando pra entender. Qual é a bandeira, companheiros? Quem vocês acham que estão representando? O povo? Vocês estão agindo em nome do povo? Vocês acreditam que o povo de duzentos milhões de habitantes está endossando esse quebra quebra de meia dúzia de revoltados contra a polícia? Até agora não vi povo dar nenhum tiro.

Só porque apareceram na hora do pega pra capar pacífico nascido de anos de tortura, sofrimento escravo e outras agruras, amadurecendo uma saída às ruas com uma finalidade latente de transformação a procura de uma liderança partidária que venha assumir a mudança de forma pacífica, numa exigência do processo histórico?

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Não me consta que possuam a procuração desta intenção ao surgirem assim do nada, quebrando tudo, justificando a reação das oligarquias, fazendo o povo de besta e já criando mortes, conseguindo diluir consideravelmente a intenção latente da massa na transformação de suas vidas sofridas.

Querem que se creia que não haja ninguém ou instituições por trás desta manobra para enfraquecer a verdadeira intenção? Ou ainda não sacaram isso? Vocês não têm nenhum direito que os credenciem a falar ou agir em nome do povo, nem justificar a baderna contraproducente que estão a desempenhar. Vocês não nos representam. Estão agindo solitários, emparelhados ao vandalismo pelo vandalismo.

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As justificativas de conteúdo falham pela resposta da verdadeira representatividade. Não me cabe discutir os méritos de suas intenções, mas permitir-me discordar da representatividade embutida nas manobras que desempenham. O povo está a procura de uma solução pacífica e não beligerante, pelo menos até que se concretize um impasse entre duas forças politicamente preparadas para um conflito nas proporções hora estabelecidas pela ação intempestiva dessas muxingas paralelas. Que não se confunda alhos com bugalhos.

Imaginem que para se dirimirem dúvidas, se tivesse que separar em passeatas distintas, já que são duas coisas diferentes: ao confronto o que é do confronto com sua intempestividade, e ao povo o que é do povo em busca da sua proposta, já que a intromissão dos BB e polícia na passeata do povo rompe a harmonia. Faltaria o povo como escudo. É isto?

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Pois se o propósito básico é a gestação de um gigante adormecido no ventre do povo que ensaia seu nascimento nas saídas pelas avenidas do país, o que os BB estão provocando em confronto com a polícia não passa de um aborto criminoso exercendo um incrível fascínio ao sistema. Mas isto não é um joguinho de videogames.

As consecutivas gotas de sangue estão manchando o lençol. Uma coisa é a revolta espontânea de um favelado vendo seu barraco em chamas e outra a de um mascarado que se escuda na multidão para apedrejar instituições pelas avenidas em nome do povo que não lhe deu esta procuração.

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Tem bateria atravessada neste samba. Com sangue de povo não se brinca nem se brinda.

E aí? Como ficamos?

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