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Reinaldo Del Dotore

Graduado em Odontologia e Direito. Servidor público na área da saúde

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Manifestações, vontade popular e democracia

Há semanas que muitas pessoas vêm argumentando, com base em pesquisas de opinião, que "93% dos brasileiros exigem a saída da presidente". Não é o que as duas manifestações demonstraram, porém

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Na foto, duas imagens distintas. A da esquerda foi registrada dia 16/12 na Avenida Paulista, em São Paulo, durante manifestação nacional de apoio ao governo federal e contrária ao processo de impeachment. A imagem da direita foi feita três dias antes (13/12), e apresenta, no mesmo trecho da mesma avenida, outra manifestação, diametralmente oposta: a favor do impedimento da presidente. É óbvia a discrepância no público presente a uma e outra. A manifestação de ontem, como é fácil observar, teve "quorum" dúzias de vezes maior do que a do dia 13, e isso se repetiu em quase todas as grandes capitais e cidades do Brasil. Cabe ressaltar que a manifestação de ontem foi realizada em dia útil e a anterior num domingo (o que favoreceria o comparecimento a esta e dificultaria àquela).

Isso não significa, absolutamente, que seja ilegítima a exteriorização do desejo daqueles que compareceram às manifestações pelo impeachment. Embora não haja (segundo a grande maioria dos juristas mais respeitados do país) qualquer base jurídica para o impedimento da presidente, e ainda que, salvo exceções, o desejo pela mudança precoce no comando do país não passe de inconformismo antidemocrático de amplos setores sociais que não aprenderam a tolerar a derrota eleitoral, todos têm o direito à livre manifestação.

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Algo, porém, fica evidente ao simplesmente se olhar para a foto.

Há semanas que muitas pessoas vêm argumentando, com base em pesquisas de opinião, que "93% dos brasileiros exigem a saída da presidente", pois seria aproximadamente este o percentual de entrevistados que, nas pesquisas, considerariam o governo "regular", "ruim" ou "péssimo". Na matemática tortuosa dessas pessoas, haveria uma relação direta e necessária: todos os que não consideram o governo "bom" ou "ótimo" desejariam o impeachment. (E é uma autêntica ginástica retórica anaeróbica incluir, na suposta demanda por impeachment, os que optam por "regular".)

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Não é o que as duas manifestações demonstraram, porém. O que se viu é que, por um lado, parece estar crescendo o apoio popular à presidente e minguando o ânimo dos democratas seletivos. Por outro lado, parece emergir algo que deveria ser óbvio: não necessariamente alguém que considere o governo "regular", "ruim" ou "péssimo" deseja o impeachment.

Tomo como exemplo o meu próprio caso. Por razões cuja discussão não é escopo desta publicação, eu rotulo o segundo governo Dilma como "ruim", e é exatamente isto que eu responderia caso fosse entrevistado por um pesquisador. Não obstante, julgo que a demanda pelo impeachment é, repito, desejo antirrepublicano de cidadãos que não aprenderam a viver na democracia, e eu mesmo, ainda que considere ruim o atual governo, rechaço veementemente a ideia do impedimento.

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Portanto, o que eu recomendo àqueles simpáticos à ideia do impeachment é: cuidado ao estabelecer falsas correlações (ou deglutir acriticamente falsas correlações que são quase impostas). Em suma, "o buraco é mais embaixo".

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