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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Marcelo Odebrecht não podia negar pedido de Temer

"Michel Temer recebeu, nas dependências de sua residência oficial, o maior empreiteiro do Brasil e seu principal operador. Ele pediu dinheiro a Marcelo Odebrecht para campanhas do PMDB. Segundo Cláudio Melo Filho (diretor da empreiteira), teriam sido acertados 10 milhões no jantar; segundo Odebrecht, houve pedido, mas os valores foram definidos previamente entre Melo Filho e Padilha. Uma questão que não muda em nada a história", escreve Alex Solnik; "Se não tivesse ocorrido nada ilícito naquele jantar, Marcelo Odebrecht não teria incluído o episódio na delação premiada, na expectativa de reduzir a pena na medida em que incriminasse peixes graúdos e nem o STF e o MPF o teriam homologado", diz. "Temer sabia porque estava pedindo e Odebrecht sabia porque tinha que dar"

"Michel Temer recebeu, nas dependências de sua residência oficial, o maior empreiteiro do Brasil e seu principal operador. Ele pediu dinheiro a Marcelo Odebrecht para campanhas do PMDB. Segundo Cláudio Melo Filho (diretor da empreiteira), teriam sido acertados 10 milhões no jantar; segundo Odebrecht, houve pedido, mas os valores foram definidos previamente entre Melo Filho e Padilha. Uma questão que não muda em nada a história", escreve Alex Solnik; "Se não tivesse ocorrido nada ilícito naquele jantar, Marcelo Odebrecht não teria incluído o episódio na delação premiada, na expectativa de reduzir a pena na medida em que incriminasse peixes graúdos e nem o STF e o MPF o teriam homologado", diz. "Temer sabia porque estava pedindo e Odebrecht sabia porque tinha que dar" (Foto: Alex Solnik)
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Dá até dó ver o esforço sincero de Temer que faz de tudo e mais um pouco para agradar a Eduardo Cunha, como se ele fizesse parte do governo ainda, como se fosse uma espécie de "Ministro Extraordinário Atrás das Grades".

Colocou um "irmão" no STF e um fiel e dócil aliado no Ministério da Justiça. Promoveu a líder do governo no Congresso um de seus homens de ouro, o André Moura, sob reprovação de senadores que não admitiam um deputado no posto. E, ainda por cima, deputado do baixo clero.

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E o Cunha, em vez de agradecer aos gestos de boa vontade e tirar o time de campo continua em sua cruzada obsessiva para derrubar Temer.

Janot tem dúvida se Temer pode ser investigado ou não; Cunha não tem nenhuma. Está disposto a tudo – e põe tudo nisso – para bater o recorde mundial e se tornar o primeiro político a derrubar dois presidentes da República, um atrás do outro.

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Ou seja, Cunha conhece muito melhor a vida e a obra de Temer do que Janot.

Janot deveria perguntar a Cunha tudo o que ele sabe acerca de Temer.

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Na verdade, não precisa mais do que aquele jantar de 28 de maio de 2014 no Palácio do Jaburu e seus desdobramentos para colocar Temer em maus lençóis.

Ele estava à cabeceira da mesa compartilhada com o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o diretor da Odebrecht Claudio Melo filho, que todo mundo sabia que só operava por baixo do pano e com seu fiel escudeiro Eliseu Padilha, então deputado federal.

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O primeiro fato grave: o vice-presidente da República recebeu, nas dependências de sua residência oficial o maior empreiteiro do Brasil e seu principal operador.

O segundo: ele pediu dinheiro a Marcelo Odebrecht para campanhas do PMDB. Segundo Melo Filho, teriam sido acertados 10 milhões no jantar; segundo Odebrecht, houve pedido, mas os valores foram definidos previamente entre Melo Filho e Padilha. Uma questão que não muda em nada a história.

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Quando o escândalo estourou nas páginas da "Veja", a 5 de agosto de 2016, Temer confirmou tudo, mas enfatizou ter pedido contribuição oficial de campanha, por dentro.

Só que...

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...se não tivesse ocorrido nada ilícito naquele jantar, Marcelo Odebrecht não teria incluído o episódio na delação premiada, na expectativa de reduzir a pena na medida em que incriminasse peixes graúdos e nem o STF e o MPF o teriam homologado;

...se a matéria da "Veja" fosse barriga, o assessor especial José Yunes não teria, logo na sequência, pedido o chapéu e, há uma semana, jogado Eliseu Padilha aos leões ao declarar ter sido "mula" dele, uma expressão que fala por si.

Desde então Padilha desfalca a equipe do governo.

Comunicadores de Temer tentaram difundir a tese de que a manobra de Yunes salvou Temer. Isso me lembra uma entrevista que fiz com o cirurgião de Tancredo, dr. Walter Pinnotti, depois da décima-primeira operação: "Salvei Tancredo" ele disse. Uma semana depois Tancredo morreu.

Temer não tem salvação. Ele se defende dizendo que pediu dinheiro, sim, mas dentro dos trâmites legais. Pode até ter solicitado, Odebrecht pode ter até concordado, mas na hora do "vamover" alguém perguntou de onde veio o dinheiro? Como já existia um propinoduto para o PMDB dentro da Petrobrás, como delataram os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, e o ministro das Minas e Energia era Edison Lobão, tudo indica que vinham daí as verbas da Odebrecht para o partido.

Ou seja, Temer sabia porque estava pedindo e Odebrecht sabia porque tinha que dar.

O outro motivo pelo qual Temer tem que ser investigado – apesar de a constituição explicitar que o presidente da República só pode ser investigado por atos da gestão em curso - é que, nesse caso, a investigação pode até mesmo concluir que seu mandato é ilegítimo, pois foi fruto de um impeachment fraudulento, hipótese levantada a partir da delação do seu amigo Yunes, que revelou a compra de 140 votos ainda na eleição de Cunha na presidência da Câmara dos Deputados, na conversa com o operador de Cunha, Lúcio Bolonha Funaro ao lhe deixar o pacote com "documentos", a pedido de Padilha.

Se ainda precisa de mais algum motivo para Janot pedir a investigação de Temer, lá vai: nenhum cristão (ou judeu ou muçulmano) entende como é possível investigar toda a cúpula do PMDB e deixar de fora o homem que está no alto da pirâmide desde a morte de Orestes Quércia, a 24 de dezembro de 2010.

Sem Temer, a lista de Janot é um engodo.

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