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Ivan Rios

Sindicalista, historiador, crítico de cinema, escritor, membro do Comitê Baiano de Solidariedade ao Povo da Palestina, graduando em Direito, militante dos Movimentos de Promoção, Inclusão e Difusão Cultural no Estado da Bahia

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Marcha do Silêncio em Salvador: memória, justiça e a luta contínua contra as sombras da Ditadura Militar no Brasil

"Durante o ato, várias intervenções destacaram que a Ditadura Militar no Brasil ainda está viva"

(Foto: Fred Vaccarezza)
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Para recordar os 60 anos do golpe militar de 1964, que instaurou no Brasil uma era sombria de 21 anos, diversas atividades foram realizadas na Bahia. Na segunda-feira (1º de abril), contamos com a presença de várias autoridades políticas, representantes e militantes de partidos de esquerda, movimentos sociais, pensadores independentes, artistas e estudantes. O destaque foi a Marcha do Silêncio em Salvador, que partiu às 17h da Praça da Piedade e chegou ao monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos da Ditadura Militar, localizado no Campo da Pólvora, em frente ao Fórum Rui Barbosa, um símbolo de nossa justiça institucional, ainda frágil, reacionária e elitista.

Durante o ato, várias intervenções destacaram que a Ditadura Militar no Brasil ainda está viva através (dentre outros aspectos) da brutalidade da polícia militar, que atua como "capitães-do-mato" na perseguição das populações menos favorecidas, especialmente os negros, pobres, suburbanos, que são marginalizados em nossa sociedade. Essas falas ressaltaram a necessidade de continuarmos lutando por justiça e igualdade para todos.

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Sirlene Assis, presidenta da Grupo Tortura Nunca Mais afirmou que: "É uma homenagem às pessoas que lutaram contra a ditadura militar e defenderam a democracia no Brasil. A luta é, também, contra o esquecimento dos crimes cometidos e por respostas sobre as pessoas desaparecidas. Vamos fazer sempre esse ato, e com o apoio de várias entidades. Golpe e tortura nunca mais. Essa luta é de toda a sociedade e não de um grupo, um segmento apenas".

Diva Santana, uma das principais organizadoras da Marcha do Silêncio e presente desde as primeiras caravanas de familiares à região do Araguaia, é uma defensora incansável da preservação da memória e justiça pelos presos, torturados, mortos e desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar. Ela luta contra a tentativa institucional de apagar os horrores do período ditatorial da memória do povo brasileiro.

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Como ex-conselheira da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Lei 9.140/95 e ex-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais da Bahia, Diva Santana leu a mensagem de Olindina Souza, irmã do advogado Rosalindo Souza, desaparecido na guerrilha do Araguaia:

“Como esquecer: Pai preso arbitrariamente, ficou 50 dias no 19BC em Salvador. Rosalindo, morto na Guerrilha do Araguaia, é impossível esquecer a luta de um pai para encontrar seu filho. Luta incansável. No leito de morte, pai e mãe, em seu último suspiro, chamavam por seu filho. Dores profundas para nós e todos os familiares que perderam seus entes queridos. Queremos saber onde estão nossos familiares! A luta continua! Jamais esqueceremos! As lembranças permanecem vivas em nossa memória.”

Assim a Marcha do Silêncio prosseguiu pelas ruas de Salvador, com cartazes com fotos de mortos e desaparecidos, flores, tochas e cruzes, os manifestantes caminharam em silêncio ao som de um surdo. Amigos, parentes e companheiros dos 32 desaparecidos baianos durante o regime autoritário (1964 a 1985) foram acompanhados por militantes de movimentos sociais, partidos políticos de esquerda, artistas, jornalistas, livres pensadores e demais entidades da sociedade organizada.

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Ainda durante o evento, a figura do ex-deputado e membro do Partido Comunista do Brasil - PCdoB, Haroldo Lima, foi lembrada em diversas falas e discursos emocionados. Haroldo Lima (1939-2021) foi um político brasileiro e ativista anti-ditadura.

Durante a ditadura militar, Haroldo Lima foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), uma organização revolucionária armada que fez oposição ao regime militar. Ele foi preso em 1976, no episódio conhecido como "Chacina da Lapa", onde foram mortos ngelo Arroyo, Pedro Pomar e João Batista Drumond. Após sofrer torturas brutais, ele foi anistiado em 1979, com base na Lei da Anistia aprovada no Congresso Nacional.

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Com o início do processo de abertura política, Haroldo Lima foi solto e lançou-se à luta pelo fim da Ditadura Militar. Ele foi eleito Deputado Federal pela Bahia em 1982. Posteriormente, com a legalização dos partidos de esquerda em 1985, Haroldo Lima pôde se filiar oficialmente ao PCdoB.

A vida de Haroldo Lima, marcada por resistência e superação, é um exemplo vivo nas lutas pela democracia no Brasil. Sua história, juntamente com a das demais vítimas dessa triste página da nossa história política e social, foi lembrada com respeito e admiração durante as atividades que marcaram os 60 anos do golpe militar de 1964 na Bahia.

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O Brasil 247 marcou presença no evento, reafirmando seu compromisso com a memória, justiça e verdade, evidenciando sua relevância como veículo de comunicação na luta pela democracia.

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