Maria Corina: A nova "rainha de bateria" da Acadêmicos do Nobel da Paz
Parafraseando Malcolm X: Se você não se cuidar, o Nobel da Paz fará você odiar os oprimidos e amar os opressores, escreve Ricardo Nêggo Tom
Ao que parece, a escolha do prêmio Nobel da Paz passou a seguir os mesmos critérios da escolha das rainhas de bateria das escolas de samba no Rio de Janeiro. Tanto quem não sabe sambar, como quem não sabe respeitar a democracia - como no caso de Maria Corina Machado, uma golpista que tentou assumir a presidência da Venezuela sob o patrocínio do imperialismo estadunidense - anda sendo merecedor de premiações mundo afora. A nova face da premiação anda tão obscura, que até Donald Trump se auto cogitou para ser homenageado. Quem sabe até Benjamin Netanyahu seja indicado na próxima edição, quando o prêmio passaria a se chamar “Nobélico da Paz”.
Se dizendo em “choque” após receber a notícia de que havia sido laureada, a nova "rainha de bateria" do Comitê Norueguês do Nobel da Paz foi agraciada “por seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, segundo o Comitê organizador. Uma descrição um tanto quanto contraditória, quando estamos falando de uma mulher que sempre se aliou a guerra imposta contra o seu próprio país, defendendo, inclusive, uma intervenção militar dos EUA em solo venezuelano. Se não precisa mais saber sambar para ser rainha de bateria no carnaval brasileiro, também não precisa mais defender a paz para faturar o Nobel.
O texto oficial da premiação ainda diz que “Maria Corina Machado mantém acesa a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, uma ode a distopia quando vemos a premiada dedicar o prêmio a Donald Trump, o rei da escuridão fascista que insiste em manter apagada a chama de qualquer democracia que não se submeta ao seu domínio imperialista. Acrescentemos ainda o fato de Corina ter sido indicada ao prêmio por Marco Rubio, secretário de Governo dos EUA, ainda em 2024, antes de ele ser alçado ao cargo. Chega a ser intelectualmente inaceitável admitirmos que Maria Corina se una a Martin Luther King e Nelson Mandela no hall dos pacifistas da humanidade.
Se bem que nesse hall também estão Barack Obama o homem que autorizou o retorno de tropas militares estadunidenses ao Iraque e bombardeios na Síria – A União Europeia, com seu desequilíbrio econômico entre os países membros, que gera desigualdade, desemprego e pobreza em algumas regiões do continente, e a arcaica ONU, uma instituição que tem como função estabelecer a paz entre os países, mas nunca consegue cumprir sua missão. Como bem escreveu em sua coluna o nosso grande jornalista José Reinaldo Carvalho: “O Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado é um chamado ao golpe e à agressão contra a democracia e à paz na Venezuela”. Eu diria que não apenas a Venezuela teve a sua paz agredida com tal indicação, mas todos os países do mundo que defendem o estado democrático de direito.
Quando os traidores da pátria começam a ser vistos como pacificadores, percebemos que a inversão de valores sempre foi um projeto político e sistêmico. Fiquemos atentos, pois Eduardo Bolsonaro pode faturar o Nobel da Paz em 2026, e virar o Mestre-Sala da GRES Unidos do Golpismo Mundial. É possível até que Marco Rubio, entusiasta e apoiador de sua sanha golpista, e seu moço de recados junto a Donald Trump, já tenha indicado seu nome ao Comitê organizador. Só a nível de curiosidade, vale lembrar que o Estado de Israel acumula 13 prêmios Nobel da Paz, entre eles, o controverso ex-primeiro-ministro Shimon Peres, que também gostava de estabelecer a paz promovendo guerras. O que caracteriza um verdadeiro samba dos genocidas doidos naquela região. Encerro parafraseando o grande Malcolm X: Se você não se cuidar, o Nobel da Paz fará você odiar os oprimidos e amar os opressores.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




