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Paulo Moreira Leite

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Marielle, sempre Marielle

Depois que a corrupção tornou-se instrumento de assassinatos políticos, apurar o crime que marcou a campanha presidencial de 2018 tornou-se questão essencial na preservação da democracia, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

O ex-deputado estadual e conselheiro afastado do TCE-RJ Domingos Brazão negou que conheça uma testemunha que aponta o miliciano Orlando Curicica e o vereador Marcelo Siciliano como responsáveis pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes (Foto: Midia Ninja)
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Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - Apurar os vínculos entre os operadores do gabinete do então deputado
Flavio Bolsonaro e os mandantes do assassinato de Marielle Franco e
Anderson Gomes devem ocupar a prioridade absoluta nas investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro.

É aqui que se encontra o passo decisivo para vencer uma situação
inaceitável de incerteza  política, que envergonha o país e ameaça o
futuro de 210 milhões de brasileiros e brasileiras.

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Desvios de dinheiro, "rachadinhas", investimentos-fantasma e cobrança
de propina constituem  práticas que acompanham os esquemas de poder de muitas décadas, em toda parte, ou quase.

Devem ser apurados, investigados e punidos porque constituem uma força
corrosiva que sabota a democracia e corrompe os valores da cidadania.

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No entanto, quando a corrupção e o assassinato político caminham de
braços dados, estamos diante de uma situação nova, que assinala um
grau de degeneração poucas vezes visto na história de qualquer país.

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Se a corrupção costuma surgir em  todo tipo de regime, o crime que
tipifica a existência de uma ditadura é o assassinato, a tolerância
diante da eliminação de vidas humanas. Esta é a diferença, a
periculosidade, o horror próprio e  repulsivo.

Marca a ascensão de reflexos animalescos e impulsos imundos em mentes que assaltaram o Estado. Assinala a ruptura de um limite básico,
essencial, civilizatório -- a noção de que todos tem o direito de
usufruir a vida até onde sua natureza permitir. Seu peso -- real e
simbólico -- pode marcar mudanças na história de um país.

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De repente, as ditaduras matam, sob a luz do dia  -- e tudo fica por
isso mesmo.

Numa tarde de 28 de março de 1968, no centro do Rio de Janeiro, o
jornalista Washington Novaes assistiu pela janela da redação da
extinta revista Visão a uma estranha movimentação de soldados da PM
nas vizinhanças do restaurante Calabouço. "Vi o momento em que um
aspirante da PM se ajoelhou, fez pontaria com o fuzil e deu um tiro,"
me contou, 43 anos depois, numa entrevista para meu livro A Mulher que
era o General da Casa.

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"Também vi o menino caindo", prosseguiu, referindo-se a Edson Luiz
Lima Souto, executado  de forma premeditada, desnecessária, numa cena
que deu uma mensagem de violência  e impunidade ao país --
institucionalizada, oito meses depois, com a decretação do AI-5.

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Um cidadão entre milhões, Washington Novaes jamais foi chamado a
contar o que viu. Para ficar quieto, foi perseguido em dois IPMs.
Enquanto isso, a máquina que massacrava cidadãos seguia seus
movimentos de réptil gigantesco, pelo país inteiro.

Passados 51 anos,  a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson
Gomes aguarda os esclarecimentos necessários um país onde a democracia retorna a encruzilhada.

Graças a um cordão sanitário que protege os dois operadores de campo
que consumaram o crime, seu silêncio está garantido sob segurança
máxima. Proteger essa conexão é alimentar a maior ameaça enfrentada
por nossa democracia.

Nós sabemos disso.

Eles também sabem.

Alguma dúvida?

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