CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ediel Ribeiro avatar

Ediel Ribeiro

Jornalista, cartunista e escritor

173 artigos

blog

Mariza... E depois a maluca sou eu!

Era uma mulher de uma vasta cultura

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Rio – A cartunista e ilustradora guatemalteco-brasileira Mariza Dias foi uma artista diferenciada e única.

Quando nos conhecemos, no final dos anos 70, na redação do Pasquim - em uma de suas vindas ao Rio - eu não bebia nada, ela já bebia muito. Magricela, pernas finas, estava sempre com um copo e um cigarro nas mãos. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ria muito. Sempre foi muito louca.

Todo mundo, como você e eu, tem suas listas de melhores em cada arte. Nossos ídolos. Para mim, os maiores ilustradores brasileiros são Marcelo Monteiro, no Rio de Janeiro (O Globo) e Mariza Dias, em São Paulo (Folha de São Paulo).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Mariza Dias Costa, nasceu em 16 de outubro de 1952, na Guatemala. Filha do diplomata Mário Dias Costa (tempo em que para ser diplomata era preciso mais do que fritar hambúrguer), mentor do seminal show da Bossa Nova, no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Autodidata, criou um traço ambíguo, ousado e perturbador, no limite da expressão arte/loucura. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Era uma mulher de uma vasta cultura. Viveu em países como Suíça, Peru, Itália, França, Paraguai e Iraque. Falava português, inglês, francês, italiano, espanhol e se virava bem em árabe e grego. 

No tempo em que havia pranchetas no centro das redações, Mariza, uma apaixonada por gatos, entrava pelo jornal fazendo um barulho, como um miado de gato assustado, bem alto, que arrancava gargalhadas de todos. Era divertida.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Trabalhou nos jornais “Opinião”, “Pasquim”, “Folha de São Paulo” e nas revistas “MAD” e “Circo”. 

Fez frilas em diversos outros.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No Pasquim, no final dos anos 70, conheceu Paulo Francis. A parceria iniciada no semanário carioca, migrou para as páginas da "Ilustrada'', na “Folha de São Paulo”, em 1979, quando Mariza se mudou para São Paulo. 

Toda quarta e sábado, Francis escrevia metade da página e a arte vigorosa e explosiva de Mariza ocupava a outra metade. Figuras de dentes expostos e olhos esbugalhados, saltavam da prancheta da artista para as páginas de "O Diário da Corte”, entre 1978 e 1990. No final dos anos 90, Mariza passou a ilustrar, também, a coluna de Contardo Calligaris.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Teve um único filho, Diogo, que nasceu com problemas incuráveis de malformação cardíaca. Com dois anos e meio, depois de muita luta, Diogo faleceu. Mariza mergulhou em uma depressão sem fim. 

Da mesma época é o convívio mais intenso com as substâncias capazes de provocar alterações de estado de consciência, como maconha, cocaína, LSD, Mandrix e até o crack. Qualquer coisa era consumida avidamente. 

Na fase mais grave do vício, sem dinheiro, Mariza percorria as mesas da redação da Folha oferecendo aos repórteres e editores os originais de suas artes, por 20 reais, ou o que você pudesse oferecer.  

Sempre às voltas com problemas financeiros, ainda assim, Mariza sempre doce, gentil e generosa, oferecia jantares e nunca negava ajuda aos amigos que precisavam. O amigo e editor Toninho Mendes foi hóspede durante um bom tempo em sua casa, na Vila Anglo Brasileira, em São Paulo. 

A pessoa que mais ajudou e batalhou pelo reconhecimento da Mariza, além de cuidar dela como um irmão, amigo e às vezes um pai foi o Orlando Pedroso. “Ela foi um divisor de águas em termos de ilustração nos jornais brasileiros. Para mim, a ilustração brasileira se divide entre A/M e D/M. Antes e depois da Mariza.” - dizia Orlando Pedroso.

Fã e amigo, Orlando Pedroso, editou, junto com Toninho Mendes, antes de sua morte - em São Paulo, no dia 29 de março de 2019 - o livro “E Depois a Maluca Sou Eu”, uma coletânea de trabalhos de Mariza, publicados na imprensa. 

Foi o melhor presente que Mariza ganhou na vida!

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO