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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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Martelando

Acredito em ficar martelando, no campo das ideias, o governo Bolsonaro, para que uma hora ele desmorone ladeira abaixo, por todo o mal que vem fazendo para a nossa sociedade

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Na época de escola, no curso de geologia, em meados dos anos 70 do século passado, achava uma “taradeza” ficar martelando o afloramento rochoso, quando ia para aquelas excursões geológicas e ver alguns professores, com colegas do curso, arrancarem uns baitas nacos de amostras para serem descritas e também servirem na confecção de lâminas para o microscópio petrográfico.

Tentei, quando pude, pular essa etapa, porque entendia que era uma ação parecida a de derrubar uma árvore, na minha modesta e simplista visão do assunto na época, mas que começava a me chamar a atenção, naquele início do aprendizado geológico. 

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Por isso, para que essa “taradeza” de levar um pedaço do afloramento na volta da excursão não me dominasse, ficava apenas observando quando o ônibus parava na porta da escola no encerramento da aula prática e acompanhava o descarregamento do que foi coletado, na findada viagem de estudos. Não entrava na minha cabeça aquele “esforço” todo. Para que tudo isso?

Confesso que ficava meio atrapalhado e não entendia porque tinha que ser retirado quase um bloco inteiro, de uma beirada de estrada, para entender o que aconteceu no passado geológico do planeta, ainda mais quando era somente um pedaço dele que estava sendo destruído para ser interpretado.

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Assim, se é que isso fosse mesmo possível, ou seja, que um pedaço do barranco pudesse explicar de fato uma parte da história geológica da vida, a coisa embaralhava cada vez na minha mente e vivia me perguntando “o que estou fazendo aqui?”, uma vez que não assimilava direito aquilo que estava sendo ofertado pelo curso de geologia.

Acho que até hoje não resolvi esse problema, porque o que consegui juntar de amostras, nesses quase quarenta e cinco anos de profissão, não passa de uns poucos fragmentos rochosos reunidos, empilhados, embaralhados e sem qualquer critério, num desses vidros de bala. 

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E para que não pairem dúvidas, nesse momento belicoso que vivemos, o vidro é aquele vidro de balas mesmo. Aquele vidro de balas de venda, vidro de balas de mercearia de beira de estrada, muito bom para se juntar um misto de balas do tipo Juquinha, Chita, Toffe e 7 Belo, entre outras, que, cá entre nós, é de melhor serventia do que ficar juntando amostras de rochas. 

E como são boas essas balas variadas, não é mesmo? Mas, cuidado com os dentes (se é que ainda existam alguns inteiros, nessa fase da vida), porque elas são muito amigas dos dentistas e ótimas para arrancarem, como uma alavanca ou um martelo de geólogo, as velhas obturações. 

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Vai ver que é por causa dessas coisas mal resolvidas no passado, isto é, a parte da amostragem de rochas, que ainda continuo não assimilando direito essa “taradeza” de se retirar tudo que é possível das rochas de um barranco. Mas, ao contrário disso, acredito em ficar martelando, no campo das ideias, o governo Bolsonaro, para que uma hora ele desmorone ladeira abaixo, por todo o mal que vem fazendo para a nossa sociedade. 

Desse modo, para terminar, gostaria de lembrar aqui as iluminadas palavras do educador Paulo Freire: “Desrespeitando os fracos, enganando os incautos, ofendendo a vida, explorando os outros, discriminando o índio, o negro, a mulher, não estarei ajudando meus filhos a serem sérios, justos e amorosos da vida e dos outros.” 

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