Massacre como política de Estado
O dia 28 de outubro de 2025 ficará para a história do Brasil, por ter sido o dia do maior massacre da história do país com mais de cem vítimas
A política de massacre é corriqueira na América Latina, isso porque, na história sempre se protagonizou ações com estas características em comunidades carentes da região, assim como ocorreu na Comuna 13 de Medellín na Colômbia e recentemente no bairro da Penha na cidade do Rio de Janeiro.
Durante o governo de Álvaro Uribe (2002-2010), a Comuna 13 era a favela mais violenta do mundo e em seu interior residiam membros de grupos paramilitares e narcotraficantes, por isso, o presidente julgou ser uma boa ideia, coordenar órgãos do exército e da polícia nacional, para protagonizar uma invasão à comunidade para acabar com esta realidade. Mas o resultado foi a cifra de mais de duzentas vítimas, entre civis, policiais e criminosos, além de dar espaço para que outro grupo criminoso pudesse tomar posse do território.
Em sua dissertação de mestrado, Marielle Franco (UPP - Redução da Favela a Três Letras) deixa claro que o que houve na Colômbia pela intitulada, Operación Orión, não foi uma política pública de segurança, mas uma política policial.
O dia 28 de outubro de 2025, assim como foi na Colômbia, ficará para a história do Brasil, por ter sido o dia do maior massacre da história do país com mais de cem vítimas. Que propositalmente foi uma coordenação de policiais do estado do Rio de Janeiro, para a realização da operação; nada diferente do que comentei anteriormente referente a realidade do país vizinho.
Ainda não se pode afirmar o resultado da operação no Rio de Janeiro, além da certeza de familiares da comunidade de que seus entes queridos não retornarão às suas casas. Mas vale perceber o contexto atual da Comuna 13, que surpreendentemente hoje em dia é a favela mais pacífica do mundo, mas não por conta de Uribe e seus comensais da morte.
O que houve na favela da cidade mais tecnológica da Colômbia, foi uma atitude conjunta da comunidade que, ao terem passado por um momento de terror tão marcante, decidiram que não aceitariam mais a existência do narcotráfico como seus vizinhos. Por isso, tendo a ideia de que o jovem sem esperança e sem rumo busca o crime, a comunidade incentiva até os dias atuais, a arte em seus diversos âmbitos, o trabalho de turismo e de vendas locais, mostrando aos moradores da região e aos turistas, que é possível mudar a realidade de um lugar marginalizado, que hoje tem até teleférico e escada rolante.
Mesmo assim, com o exemplo colombiano do início do século XXI, parece que o Brasil não conseguiu seguir o seu exemplo, para que as favelas brasileiras possam passar pelo mesmo resultado pacífico, mas no lugar, ainda para ser uma política nacional a construção de um laboratório que coloca todos com o mesmo rótulo de criminoso “favelado” e que tem o aval legal para terem, mediante aplicadores da lei estatal, suas vidas ceifadas.
Vale deixar a reflexão, se acabou o crime depois de qualquer uma dessas operações citadas e outras que podem ser analisadas ou se elas se configuram como uma “bola de neve” que nada mais fazem do que dar palco para políticos irresponsáveis mostrarem ao país que estão minimamente preocupados com a “segurança pública” de sua população.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

